Eu vi: Uma História de Amor e Fúria
Sabe aquela dúvida que eu já abri aqui ontem, ao falar de “que filme assistir no feriadão?“? Sabe? Pois é, não é agora que eu vou responder… mas acho que já sei o que você pode assistir na Sexta da outra semana (5 de Abril). Porque essa animação brasileira me surpreendeu bastante e acho que ela merece sua atenção.
Assumo que não esperava muita coisa dessa animação, pois havia assistido ao trailer e tinha achado um traço e movimentação “estranhos”, mas isso serve para aquela velha história de “não julgar um livro pela capa“.
Realmente, eles são “estranhos” ao primeiro olhar mesmo, afinal sou acostumado com o estilo Disney (e todos os outros similares que não fogem muito a isso), mas passados 5 minutos o modo utilizado no filme já havia se tornado algo extremamente natural e pude perceber como ficou bem feito, bem trabalhado e envolvente. As cores funcionam bem, os contrastes, as alterações entre digital e desenho… tudo funciona muito bem.
E outro lado técnico que vale ser comentado são os sons: agradáveis e sensíveis. As vezes achei as vozes um pouco mais altas do que o necessário (em relação ao fundo), mas isso acabava dando um destaque maior aos personagens e me envolvendo ainda mais no todo.
“Sim, e a história?” Inegável: ela é o ponto alto aqui. O roteiro ficou excelente! Parabéns a Luiz Bolognesi por isso e espero muito ver outras animações ou filmes escritos por ele, porque alguém que escreve esse filme e Bicho de Sete Cabeças definitivamente merece parabéns.
Na animação [SPOILERS], de modo muito resumido, acompanhamos “as vidas” de um rapaz que nasceu índio (dublado por Selton Melo) e viu 600 anos passarem e sua terra (ou, melhor dizendo, Terra) ser destruída e devorada pelos próprios homens. Ao mesmo tempo em que ele buscava lutar contra isso, vida após vida, século após século, ele tentava também se manter perto da sua amada (Camila Pitanga), nas suas várias reencarnações.
Enfim, é impossível sair desse filme sem repensar nosso papel como cidadão modificador da sociedade que vivemos, afinal todos temos descendentes que lutaram contra alguma opressão, mesmo que não saibamos disso. E ao mesmo tempo fica aquela sensação de destino, de termos uma missão a cumprir, um papel, para que então possamos “voar”, livres finalmente.
Mas, não se preocupe, esse não é um filme “sócio-político” e feito só para você pensar. Caso você não queira ligar seu cérebro, ele também funciona como uma animação divertida e com momentos muito bem construídos e a história consegue ser simples e fácil de entender, mesmo que criada por cima de algo muito maior e mais sensível.
É bom deixar claro que eu não sou historiador, mas do que eu ainda lembro das aulas de história, nada feriu minha memória ou me ofendeu, pelo contrário, foi uma viagem bem interessante pela construção do nosso país.
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[…] não é ele o problema, o problema está do outro lado. Acho que vale a pena reler minha resenha de Uma História de Amor e Fúria e lembrar um pouco do nosso […]