Dia da Consciência Negra | Dicas do que assistir na Netflix
O dia 20 de Novembro é, desde 2003, o Dia da Consciência Negra no Brasil. A data passou a ser oficial em todo país apenas em 2011, sendo feriado em 5 estados. A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e foi escolhida por marcar a morte de Zumbi dos Palmares.
Seja a data um feriado na sua cidade ou não, fizemos uma pequena lista com dicas do que assistir na Netflix nesse dia e fazer sua reflexão sobre o tema, ou simplesmente se entreter com uma temática relevante e interessante.
Cara Gente Branca
Começamos com uma série fácil de maratonar. Fizemos uma resenha/crítica da primeira temporada da série à época de seu lançamento em 2017. Em resumo, ela fala sobre como os negros ainda são colocados à margem da sociedade nos EUA, nesse caso, na instituição de ensino superior Winchester, que, apesar de proclamar uma instituição ‘pós-racial’, ainda tem um número predominante de alunos brancos e estes acabam reprimindo a minoria negra.
A série tem um humor irônico e crítico bem forte, tornando o assunto sério muito mais fácil de ser assistido e ao mesmo tempo atingindo bem forte onde precisa.
As duas temporadas tem apenas 10 episódios com cerca de 30 minutos de duração, cada uma. Ou seja, é possível assistir toda a série em um só dia, com direito às pausas para refeições e banho e ainda sobra tempo.
Atlanta
Da mesma forma que a supracitada, Atlanta é uma série fácil de maratonar, pois tem apenas 10 episódios com menos de 30 mintuos de duação. Além disso, também tem uma boa mescla entre drama e comédia.
A série é escrita e estrelada pelo superastro da cultura pop Donald Glover, que teve um boom quando ele lançou a canção This is America com o ‘pseudônimo’ Childish Galbino.
Neste caso, a dica vai além da temática. Glover é um artista completo e pode ser considerado genial em sua geração. Ele escreveu (e protagoniza) uma história comum sobre dois primos que sonham crescer na vida através do rap, mas que vai muito além disso quando se olha com atenção, tendo até flertes com o surrealismo em sua produção (já que Glover é fã declarado de David Lynch, mestre do gênero).
Não a toa a série já ganhou dois Golden Globes, um de Melhor Série Musical ou Comédia e outro de Melhor Ator em Série Musical ou Comédia, para o próprio Donald Glover.
Você deveria assistir a essa série, independente da data. Fica a recomendação.
Felicidade por um fio
Aqui temos o primeiro filme da lista, um original Netflix. A história fala de uma mulher que tem uma vida aparentemente perfeita, até perceber que na verdade ela vive uma idealização de perfeição imposta pela sociedade e que não condiz com sua verdade interior, a qual ela sequer sabe qual é.
Pode se dizer que o fio condutor (com trocadilho) da trama é o cabelo da protagonista. Ela usava um cabelo liso ‘perfeito’ que aumentava sua auto estima mas que dava muito trabalho para ser mantido. Após diversos contratempos ela acaba raspando a cabeça e a partir daí tudo muda em sua vida.
Ela passa a ver a vida com outros olhos e percebe tudo que estava errado consigo mesma. Através da amizade com uma criança super segura e confiante de quem é e como é bonita assim, ela começa a recuperar sua auto estima.
Um filme que fala de amor próprio e de padrões de beleza falsos e impostos.
12 Anos de Escravidão
Qualquer filme que tenha 9 indicações ao Oscar merece sua atenção. Se o filme levou 3 destes prêmios, ele certamente é importante e deveria ser assistido. Quando um destes prêmios é de melhor filme, e o primeiro a levar tal premiação tendo um diretor negro à frente do trabalho, ele passa a ser histórico e ganha status de quase obrigatório.
12 anos de escravidão conta a história real de Solomon Northup, um homem negro que nasceu livre no estado de Nova Iorque mas foi sequestrado em Washington DC e foi vendido como escravo. Ele trabalha como tal em uma lavoura em Louisiana por 12 anos até ser libertado.
A história é muito tocante e passa uma mensagem de perseverança ao mesmo tempo que faz muitas críticas à diversas questões da sociedade daquela época permitindo um paralelo e provocando reflexões sobre o mundo atual.
Assista ao trailer:
Histórias Cruzadas
Mais um filme vencedor de Oscar e que conta com atuações magistrais. Octavia Spencer levou o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante por sua atuação nesta obra.
O filme é um retrato sobre uma mulher caucasiana e o seu relacionamento com duas empregadas negras durante a era americana dos Direitos civis nos Estados Unidos de 1960. Skeeter (Emma Stone) é uma jornalista que decide escrever um livro da perspectiva das empregadas (conhecido como The Help, título original do longa), mostrando como elas estão sofrendo racismo na casa de brancos.
O elenco estelar conta ainda com Viola Davis, Jessica Chastain, Bryce Howard Dallas e Allison Janney entre outros. Você pode conferir o trailer:
Selma
Selma é mais um dos filmes essenciais para entender a luta dos negros pelos direitos civis nos EUA, e de certa forma, no mundo. Afinal, o que Martin Luther King Jr. conseguiu com sua coragem e seu ímpeto servem até hoje como inspiração para ativistas que lutam pelos direitos dos negros.
Em 1964, enquanto Martin Luther King Jr. recebe seu Nobel da Paz, diversos afro-americanos, como Annie Lee Cooper de Selma, ainda não têm acesso a inscrição nos cadernos eleitorais. Para garantir o direito de voto para todos os afro-americanos, King então reúne-se com o Presidente Lyndon B. Johnson, para que ele possa criar uma lei que proteja os negros que querem votar. Martin, em seguida, vai para Selma, no interior do Alabama, com Ralph Abernathy, Andrew Young e Diane Nash. Lá eles encontram vários ativistas da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC).
Como as tensões vão aumentando, King e seus sócios decidem realizar as Marchas de Selma a Montgomery, enfrentando a violência das forças policiais locais, liderados pelo xerife Jim Clark e o Governador George Wallace.
Filme muito importante para entender sobre a luta pelos direitos civis. Confira o trailer:
Bem-vindo a Marly-Gomont
E chegamos ao filme mais alternativo da lista. Bem-vindo a Marly-Gomont é uma comédia (com boa carga dramática) de produção francesa distribuído pela Netflix.
O longa conta a história real de Seyolo Zantoko é um médico que acabou de se formar em Kinshasa, capital do seu país natal, o Congo. De lá, ele decide partir para uma pequena aldeia francesa, um vilarejo que lhe deu uma imperdível oportunidade de trabalho. Mas as coisas não saem bem como o esperado. A vila é bem pequena, e a grande maioria dos moradores é bem preconceituosa. O maior objetivo de Seyolo, junto com sua família, é de vencer o preconceito, antes mesmo de poder exercer seu papel de médico.
Infelizmente, nenhum filme nacional que pudesse ser incluído nessa lista por exaltar, de alguma forma, a cultura e/ou o orgulho negro, foi encontrado no catálogo da Netflix. Não que não existam filmes com essa temática, apenas não foram encontrados dentro desses critérios. Esperamos que, quem sabe já no próximo ano, possamos ter não apenas uma, mas várias indicações com produções nacionais para exaltar ou refletir sobre a Consciência Negra no catálogo do sistema de streaming mais popular do país (e do mundo).