Crítica | Verónica
Sinopse:
Madrid, década de 1990. Verónica (Sandra Escacena), uma jovem bonita e alegre de 15 anos, passa seus dias se revezando entre os cuidados de três irmãos mais novos e as brincadeiras com seus amigos adolescentes, já que sua mãe viúva trabalha por longas horas diariamente. O que ela não imagina é que, após participar de um jogo de Ouija, encontrado em sua escola, sua vida passará a ser terrivelmente atormentada. Novo filme do conceituado Paco Plaza, criador da série “[REC]“. Indicado a 7 Goyas – o Oscar espanhol -, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor. Seleção Oficial dos festivais de Toronto e Londres, em 2017. Sucesso de público e crítica na Espanha.
Crítica:
O cinema sempre mexeu de muitas maneiras com a emoção do público, sendo que no passar dos anos os gêneros foram se alternando na preferência dos telespectadores. Contudo, é inegável que o terror sempre exerceu um fascínio, seja pelas histórias sanguinárias – as quais quase sempre envolvem psicopatas, que matam de forma brutal; ou então pelos seres horripilantes que nos foi apresentado (zumbi, vampiros, fantasmas, demônios) que sempre fizeram parte do imaginário popular.
Na atual década, temos acompanhado a reinvenção do terror, graças a filmes como Corra! e a franquia Sobrenatural, com produções melhor construídas e o abalo psicológico tomando o lugar dos sustos fáceis, o que tem contribuído para bilheterias que são verdadeiros sucessos de vendas.
Se aproveitando dessa retomada do gênero, os filmes baseados em lendas urbanas e “brincadeiras” muito usadas na infância – como a tábua de Ouija – se multiplicaram, o que rendeu duas produções americanas Ouija – O Jogo dos Espíritos (2014) e Ouija – Origem do Mal (2016), que desapontou o público ao apostar no terror fácil e na fórmula pronta.
Entretanto, ao sairmos do eixo americano, nos deparamos com Verónica, uma produção espanhola que se utiliza da tábua Ouija, para abordar elementos do oculto e trazer o horror a película. Aqui vale dois destaques. O primeiro foi a escolha do diretor em criar a tensão de forma gradativa e inteligente, deixando o público imerso numa angustia palpável e um temor pelo futuro dos personagens. Já o segundo, fica por conta do filme ser baseado em fatos reais, esse foi o primeiro caso na história da Espanha em que a polícia utilizou em seus registros termos como fatos inexplicáveis.
Plaza nos entrega uma de suas melhores produções, ao construir uma narrativa que nos faz questionar a veracidade da história, uma vez que lança dúvidas em relação ao estado psicológico de sua personagem principal – cansada fisicamente e mentalmente, por criar os 3 irmãos sozinha e ter que lidar com a saudade do pai e o distanciamento da melhor amiga.
Verónica é uma excelente escolha para todos aqueles que gostam de ficar com o coração palpitando, sustos inesperados e quer um bom motivo para ter uma insônia.