Crítica | Tomb Raider (Sem Spoilers)

Durante a geração Playstation 1, diversas franquias cravaram seus nomes na história da indústria. Com a significante evolução gráfica e as novas possibilidades, diversos jogos tornaram-se clássicos instantâneos. Dentre estes, estava a franquia Tomb Raider.

Criado em 1996 pela Core Design e Eidos Interactive, Tomb Raider trazia uma experiência totalmente inovadora com elementos de Pitfall e shooters. Além da jogabilidade, os games eram agraciados com a protagonista Lara Croft, que rapidamente tornou-se um ícone para a indústria.

Não demorou até que estas franquias consagradas ganhassem as telas de cinema. Assim como aconteceu com Resident Evil, Silent Hill e outros. Tomb Raider Não foi diferente. Estrelado por Angelina Jolie, a heroína foi transportada para os cinemas em dois filmes de qualidade questionável. Assim, sem agradar a crítica ou os fãs, a franquia cinematográfica foi engavetada.

Durante alguns anos, os games tiveram o mesmo destino dos filmes, e o jogo foi perdendo espaço no mercado. Contudo, após o reboot nos games, com uma Lara mais moderna e realista, a franquia ganhou um novo fôlego. Trazendo uma aventura mais intensa e uma protagonista mais humana, os novos jogos, desenvolvidos pela Crystal Dynamics trouxeram Lara Croft de volta ao topo.

Neste contexto é lançado Tomb Raider, adaptação cinematográfica do reboot da franquia nos vídeo-games. Dirigido por Roar Uthag e estrelado por Alicia VIkander, o longa traz o novo estilo da série para às telas.

No filme, anos após o desaparecimento de seu pai, vemos uma Lara que encontra dificuldades em declarar a morte do pai. Por conta disto, a personagem renuncia a sua fortuna e vive de trabalhos mal remunerados e bicos legalmente duvidosos. Contudo, o desenrolar dos eventos a lança em busca de um possível rastro deixado por seu desaparecido pai.

O longa adapta o game homônimo lançado em 2013, que conta a origem da personagem. Retratando o seu aprendizado e a relação com o seu pai, o o filme busca trabalhar a ação em conjunto com um desenvolvimento pessoal. No entanto, apenas um destes obteve êxito.

Assim como o game, o longa é muito competente na ação. Com cenas empolgantes, lutas bem desenvolvidas e momentos de tensão, Tomb Raider consegue ser um filme extremamente divertido.

Por outro lado, apesar do filme trazer uma ação eletrizante e momentos memoráveis, o longa falha em explorar a fundo a personagem. Alguns flashbacks espalhados pelo longa deixam claro a conexão que a personagem tinha com o pai, mas sem nunca fazer o público se importar de verdade. Esta é a sensação que se tem ao longo do filme com as relações, você vê acontecer, mas não consegue se importar. O sofrimento da protagonista ao longo do filme aparenta ser apenas físico, uma vez que o drama carece do peso merecido.

Alicia Vikander (Ex-Machina) como Lara Croft foi um tremendo acerto do filme. A atriz consegue dar à personagem o carisma e o senso de coragem necessários, entregando sempre atuações pontuais. Já Walton Goggins (Sons of Anarchy, Justified) falha em entregar um vilão digno. Sem carisma e pouco ameaçador, o personagem cumpre o seu propósito mas sem deixar sua marca.

Obviamente, o longa tem a pretensão de tornar-se franquia, o que fica claro ao longo do filme. No entanto, o roteiro peca em diversos momentos, especialmente quando tenta embasar um plot twist usando cenas absolutamente gratuitas e jogadas ao longo do filme. O potencial existe, mas poderia ser melhor desenvolvido com um roteiro mais cuidadoso.

Tomb Raider é um filme extremamente divertido. Apesar de não trazer um drama que explore a personagem de maneira digna, o longa entretem e traz momentos bem interessantes. Contudo, o filme está longe de ser algo memorável.

Tomb Raider está em cartaz nos cinemas.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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