Crítica | The Wilds – 1ª Temporada (Amazon)

Disponível desde o dia 11 de dezembro para os assinantes do Prime Video, a nova aposta cinematográfica da Amazon, The Wilds: Vidas Selvagens, tem uma abordagem densa e misteriosa sobre um grupo de meninas que acaba perdido numa ilha deserta.

Com os nomes de Sarah Streicher e Amy B. Harris na produção e Susanna Fogel na direção, a primeira temporada desse drama jovem adulto é majoritariamente liderada por mulheres, além de tem um elenco também em sua maioria feminino e o arco principal focado nas questões que afetam as garotas em seu processo de formação.

Sob a mentira de estarem viajando para um retiro de meninas, com o intuito de terem paz e momentos de reflexão, Shelby (Mia Healey), Toni (Erana James), Fatin (Sophia Taylor Ali), Nora (Helena Howard), Dot (Shannon Berry), Leah (Sarah Pidgeon), Rachel (Reign Edwards) e Martha (Jenna Clause) acabam sofrendo um acidente de avião e se encontram sozinhas, sem ajuda e com todas as diferenças entre elas para lidar enquanto tentam sobreviver.

Ao passo que o telespectador percebe que o acidente, na verdade, foi uma estratégia proposital, cada uma das oito garotas passa por uma montanha russa de sentimentos e percepções que acabam por facilitar ou dificultar as condições já críticas na qual se encontram. As atuações sinceras tornam as cenas, cuja carga de drama atinge o ápice, muito mais reais.

Os dez episódios são divididos por passagens de tempo: o passado, que nos mostra a razão para terem sido enviadas na viagem; o presente, ilhadas; e o futuro, onde apenas alguns rostos surgem diante de dois investigadores. Cada episódio procura focar na história de vida individual das meninas; sendo um grupo de indivíduos de origens diferentes e bastante diversificado, as diferenças entre elas acabam criando conflitos nas relações. Simultaneamente, é uma forma do público embarcar em suas individualidades, criando um elo com as personagens, de modo a tornar a experiência da série mais divertida.

A construção dramática traz toda uma carga perigosa e cheia de gatilhos. Há, sem dúvida, um cuidado a mais para tratar de assuntos como assédio sexual, pedofilia, suicídio e intolerância religiosa, por exemplo, além de traumas familiares que afetaram o desenvolvimento das garotas. Elas estão lidando com uma alteração em suas vidas, algumas transformaram isso em segredo, outras buscaram refúgio; nenhuma delas, no entanto, enfrentou de fato o problema, e isso acaba por virar questões psicológicas que geram surtos e decisões desesperadas. Mas, quando se está num ambiente hostil, com pessoas desconhecidas, qualquer decisão impensável pode gerar grandes riscos e consequências desastrosas.

The Wilds CR: Matt Klitscher/Amazon Studios

A luta pela sobrevivência diante dos obstáculos, tanto físicos quanto psicológicos, é o que mantém o ritmo acelerado da série. Muito embora algumas soluções tenham soado de fácil acesso, e alguns retalhos da trama tenham sido costurados para fechar a primeira temporada com coerência, The Wilds: Vidas Selvagens foi uma aposta certeira que vem conquistando o público e, se não se perder em clichês cansados, pode se manter numa boa segunda temporada, com o mesmo clima dramático e um novo tipo de ação.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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