Crítica | Stranger Things – 2ª Temporada

Em 2016, Stranger Things chegou como uma das maiores surpresas do ano. Tendo como maior atrativo a nostalgia, a série se tornou um fenômeno absoluto de modo que não demorou para que a Netflix confirmasse uma segunda temporada e divulgasse um plano para cinco temporadas da série.

Não é novidade que a nostalgia, em especial a dos anos 80, se tornou uma forte tendência na cultura pop. Elementos “apelativos” tem sido usados em diversos produtos atuais, chegando ao ponto de alguns acreditarem que o estilo pode estar se desgastando e perdendo o seu apelo com o público.

Assim, a primeira temporada de Stranger Things, que teria chegado no auge da tendência, foi um sucesso absoluto, mas a segunda poderia se sustentar além das referências e do apelo nostálgico?

Felizmente a resposta é sim. A segunda temporada de Stranger Things vem para reafirmar que muito mais do que um produto baseado na nostalgia, é uma série com um universo estabelecido, sólido e com muito conteúdo para mostrar.

Após os eventos da primeira temporada, Will e sua turma tentam retornar à sua vida e deixar as coisas tão normais quanto eram antes de tudo, uma tarefa impossível. Um dos pontos mais interessantes nesta continuação é que os eventos da primeira temporada possuem uma real consequência na série, além de servir para dar seguimento à trama de muitos, dispensando a necessidade de criar novos elementos e conflitos e tornando o roteiro ainda mais orgânico.

Assim, coisas que pareceram pequenas na primeira temporada, como a morte de Barb, são elementos fundamentais para o desenrolar desta nova temporada.

O amadurecimento na narrativa fica ainda mais evidente quando notamos a forma como cada membro do grupo de Mike possui um arco próprio ao longo da temporada. Mike, Dustin, Lucas, Will e Eleven possuem arcos próprios e muito particulares, o que dá espaço para os jovens atores mostrarem o quanto evoluíram. Assim, a série apresenta um roteiro mais abrangente, complexo e intrigante, elevando o nível dos problemas, explorando relacionamentos, mas sem deixar de lado o bom humor e as referências.

Apesar de focar muito mais em tocar a sua narrativa e se estabelecer como um universo maior, a série não esquece de trazer as referências, grande atrativo da série. Um dos easter eggs mais óbvios e marcantes é a presença de Sean Astin como Bob Newby. Astin, além de ser famoso por ter interpretado o Samwise Gamgee na trilogia Senhor dos Anéis, interpretou o Mikey Walsh em Goonies, uma das maiores inspirações para Stranger Things.

Diversas foram as referências às obras da década de 80 como filmes, músicas (Hard Rock marcando presença!) séries e livros, em especial os de Stephen King.

Além da chegada de Astin como Bob, outros personagens também foram introduzidos à série. Os irmãos Max e Billy foram adições interessantes que ajudaram a tirar algumas coisas do lugar comum. Max, a misteriosa garota que desperta o interesse de Lucas e Dustin e Billy como o jovem rebelde, fã de hard rock, que pretende ameaçar o lugar de Steve Harrington como “rei da escola”.

Max é uma adição interessante para o grupo que ainda está descobrindo coisas como paixão, ciúmes e conflitos de relacionamento, enquanto que Billy cumpre exatamente o seu papel de ser irritante, a começar pelo seu visual peculiar.

As atuações na segunda temporada estão ainda melhores. Enquanto o elenco mirim segue evoluindo, atores como Winona Ryder (Joyce Byers) e David Harbour (Jim Hopper) seguem se superando. Hopper e Joyce tiveram arcos ainda mais intensos, explorando novas nuances em seus personagens que não foram exploradas durante a primeira temporada.

Stranger Things 2, forma como a segunda temporada tem sido chamada, consegue ser ainda mais bem sucedida que a sua primeira temporada. A série leva a sua narrativa para um outro nível, estabelecendo um universo, justificando a continuidade da série enquanto diversos elementos da mitologia vão sendo apresentados.

A série explora de maneira muito competente pontas que foram deixadas na primeira temporada e inserem novos elementos de maneira orgânica. Com uma pequena barriga, que não justifica o episódio adicional em relação aos 8 da primeira temporada, a série consegue manter um ótimo ritmo de maneira geral.

Acompanhar Mike, Dustin e companhia continua sendo uma experiência extremamente gratificante que nos faz lembrar de um tempo onde as coisas eram mais simples e felizes.

A segunda temporada de Stranger Things está disponível na Netflix.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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