Crítica | Soul

Os filmes da Pixar dificilmente não são bons. Na maioria das vezes são ótimos, inclusive. E Soul, a primeira animação do estúdio a ser lançada diretamente para o streaming Disney+, não fica pra trás.

Soul segue praticamente uma fórmula, uma cartilha de grandes sucessos tanto da Pixar como da própria Disney. A história se desenvolve em ritmo e organização que é certeza de sucesso.

Contudo, há, obviamente, diferenciais nele que o não o tornam apenas ‘mais um filme Pixar’. Dessa vez a história trata da morte, ou que viria após ela. Algo que pode ser polêmico, pois envolve crenças para as quais muitos poderiam torcer o nariz. Além disso, tem um protagonista negro (algo que, salvo engano, é a primeira vez no estúdio).

Joe é um professor de música um tanto frustrado por não ter conseguido s tornar um músico profissional. Sua mãe o vê como um fracassado e fica feliz quando ele consegue esse emprego como professor por ser algo mais ‘estável e respeitável’.

Porém sente que sua vida pode mudar quando ganha a chance de tocar ao lada de uma de suas maiores lendas vivas do jazz, Dorothea Williams. Ele manda muito bem no teste e garante vaga como pianista substituto e um show. Ele costumava dizer que se conseguisse tocar ao lado de Dorothea, morreria feliz.

E ao sair do teste ele morre mesmo. Ou quase isso. Fica entre a vida e morte. O suficiente para se encontrar em um local onde as almas estão a caminho do pós-vida em definitivo.

Porém ele consegue encontrar um meio de burlar o sistema e vai parar no pré-vida. Lá ele se torna tutor de 22, uma alma que precisa encarnar mas simplesmente se recusa por odiar o mundo dos vivos como ela conhece. 22 já teve centenas de tutores na chamada Escola da Vida, entre os mais proeminentes como Abraham Lincoln e Ghandi, por exemplo. Ningguém conseguiu a preparar para ser um ser vivo.

Joe e 22 então embarcam em uma jornada para que um ensine ao outro o verdadeiro propósito da vida. E é claro que eles acabam aprendendo muito mais do que esperavam.

No início, toda a parte em que Joe chega à Escola da Vida, é tudo um tanto explicado demais. Ficou tão didático que ficou um pouco maçante. Não exatamente ruim para quem se interessa pelo assunto ou simplesmente gosta de aprender coisas novas.

Porém, para quem já teria uma certa má vontade para com o assunto, e especialmente para a maioria das crianças, pode fazer perder a atenção talvez até de forma irreversível.

Além disso, há momentos bem ‘psicodélicos’, estilo Doutor Estranho viajando pelos planos, tudo isso aliado personagens disformes e cenários extravagantes podem causar estranheza demais.

Mas quando toda essa parte passa, o filme acaba entrando em um tanto muito mais engraçado e fica assim na maior parte do tempo. É bem legal passar por toda fase de aprendizagem e readaptação às novas realidades junto com esses personagens.

É claro que nos emocionaremos, é um filme da Pixar afinal de contas. Mas as emoções mais intensas ficam mais para o final. No meio tempo há espaço pra aprendermos muitas lições de vida e passar aquelas boas mensagens para as crianças. Tudo acompanhado de boas risadas e ótima trilha sonora.

Soul certamente não é o filme mais incrível, emocionante ou engraçado da Pixar, mas é certamente um filme com a cara do estúdio. E quis 2020 que ele tivesse lançamento adiado por conta da pandemia e saísse diretamente para o streaming e fosse assistido em casa, sendo lançado no dia de Natal.

Uma ótima pedida para aquele momento com a família, para se emocionar junto com quem amamos, tendo crianças ou não. Fica a recomendação.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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