Crítica | Sombra e Ossos – 1ª Temporada (Netflix)

Chegou a hora de falar do Top 1 da Netflix Brasil (e de vários países do mundo): Sombra e Ossos, a série inspirada no universo literário dos Grisha, da autora Leigh Bardugo.

A trama vai contar a história do reino de Ravka, um país dividido pela Dobra (faixa de terra sombria e habitada por monstros). Nem mesmo os Grishas, pessoas com capacidade de manipular a Pequena Ciência, com seus poderes diversos, podem derrubá-la. Isso porque a única fraqueza da Dobra é a luz. Então, quando Alina Starkov (Jessie Mei Li) salva sua tripulação, a lenda da Conjuradora do Sol passa a se tornar realidade. E apenas ela tem o poder para destruir a escuridão.


A série é uma adaptação da trilogia Grisha, que tem como primeiro livro Sombra e Ossos. Mas também abrange todo esse universo, unindo personagens e tramas da duologia Six of Crows. Nos livros, as séries são separadas por uma linha temporal de anos. Ou seja, para unir as duas histórias, foi preciso algumas mudanças. Para alívio dos fãs, mudanças agradáveis. Para quem apenas assiste, a certeza de que encontrará uma produção convincente, bela e com potencial para prender sua atenção.

Nessa primeira temporada, produzida por nomes como Eric Heisserer (Caixa de Pássaros) e Shawn Levy (Stranger Things), somos apresentados a dois arcos principais, sendo o primeiro os acontecimentos em torno de Alina, sua descoberta como Grisha, e os planos do General Kirigan (Ben Barnes) para salvar seu reino e seu povo; e o segundo protagoniza três membros da gangue dos Corvos, Kaz (Freddy Carter), Inej (Amita Suman) e Jesper (Kit Young) que aceitam um trabalho milionário para sequestrar alguém.

De um lado, temos a presença do universo mágico. Mesmo que a Pequena Ciência não seja vista como magia dentro do contexto histórico, para o consumidor da obra, o ato de manipular elementos da natureza, corpos humanos, objetos inanimados e outros, é uma visão um tanto quanto mágica. O ponto de vista dos Corvos traz o lado mais perto da humanidade, com pessoas sem habilidades extras exceto àquelas adquiridas pelas experiências da vida.

Assim conhecemos personagens principais bem desenvolvidos, e personagens secundários com potencial para serem mais trabalhados futuramente. Um ponto importante a ser enaltecido é a carisma na maioria deles, a combinação de seriedade e humor, tensão e tranquilidade. Querer conhecê-los mais profundamente faz com que não queiramos tirar os olhos da tela – e sugiro que não tirem, há revelações nos pequenos detalhes.

Mas é preciso valorizar também o visual da produção. O investimento da Netflix pode não ter sido tão alto, mas valeu a pena cada centavo. O figurinho impecável dos Grishas, que possuem vestimentas específicas; os cenários diversos, indo de florestas à montanhas congeladas e de volta à uma cidade obscurecida pelos mistérios e crimes que a cercam. Além das cenas de desenvolvimento dos poderes, que exigem criação de luz e sombras, fogo e ar, de pele se refazendo e se moldando.

Os oito episódios, com cerca de 50 minutos cada, tem um ritmo acelerado e dinâmico. A estratégia de dois arcos principais que a todo instante dá sinais de um encontro futuro mantém a curiosidade alimentada. A jornada do herói da Alina ganha um quê a mais quando associada a um universo cheio de cultura, crenças e intrigas políticas. Enquanto isso, Kaz, Inej e Jesper carregam o teor aventureiro e delinquente, as sacadas engraçadas, as referências ao mundo e ao que podemos esperar numa próxima temporada. Os altos e baixos dessas jornadas equilibram entre a calmaria da introdução e a energia frenética das cenas de ação.

Sem sombra de dúvidas Shadow and Bone veio não só para presentear os fãs com a chance de transformar suas memórias em um contexto visual, mas também para reforçar como sempre tem um espaço livre para mais uma produção de ficção fantástica.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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