Crítica | Quanto Vale ou é Por Quilo?

A obra, Quanto Vale ou é Por Quilo?, do cineasta Sérgio Bianchi, lançada em 2005, aborda, de maneira consciente e com certa ironia, as questões sociais no Brasil.

Ao traçar um paralelo, comparando a escravidão do período colonial com as práticas, ditas como assistencialistas, das organizações não governamentais, as ONGs, percebe-se como o sistema escravista ganhou uma nova roupagem, em pleno século 21.

O filme inicia mostrando a situação de Joana, uma escrava liberta, que tem um de seus escravos sequestrado, a mando de um senhor branco. Mesmo tendo os documentos que provam que o escravo é sua propriedade, ela termina presa, acusada de ter invadido uma propriedade privada. Por essa cena, notamos a fragilidade da lei em nosso país, que desde séculos passados, são aplicadas de acordo com a conveniência dos poderosos; poderosos esses, que em outros tempos, eram os senhores de engenhos e hoje, chama-se Estado e empresas privadas, que escraviza a população por meio da mídia.

O filme traça um excelente paralelo entre tempos passados e atuais, mostrando que muito do que se execrava antigamente ainda se faz presente sob uma nova roupagem.

No mundo moderno, o meio de comunicação (mídia) é o principal mecanismo de adestrar as pessoas, pois ele impõe e incita nas pessoas comportamentos e tendências que não lhes são naturais, como por exemplo, o consumismo. Essa nova mentalidade da sociedade vai gerar uma exclusão de parte da população que não terá condições de se manter consumindo mercadorias, se concentrando assim nas áreas periféricas, nas ruas (como pessoas abandonadas) ou então, entrarão no crime.

Dessa prática moderna, o capitalismo, notamos como a escravidão vai se configurando sob uma nova roupagem, em uma sociedade que cria elementos que originam seus próprios escravos, e estes geram violência, como forma de resistir a essa desigualdade.

A ideia de escravo moderno surgiu do oportunismo da mídia, que se aproveita da população excluída e as tornam mercadorias, explorando seu sofrimento para conseguir lucros cada vez mais altos.

O retorno que a mídia consegue através da exploração do drama social é reflexo da falência dos valores morais associados com as intenções obscuras de algumas ONGs, organizações não governamentais, que se originam para cobrir a deficiência do Estado, em lidar com a população excluída, mas terminam agindo em favor de próprio interesse, lavando dinheiro, desviando verba pública, etc. (situações mostradas no filme).

 

Sinopse:

“Uma analogia entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração da miséria pelo marketing social, que forma uma solidariedade de fachada. No século XVII um capitão-do-mato captura um escrava fugitiva, que está grávida. Após entregá-la ao seu dono e receber sua recompensa, a escrava aborta o filho que espera. Nos dias atuais uma ONG implanta o projeto Informática na Periferia em uma comunidade carente. Arminda, que trabalha no projeto, descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto, precisa agora ser eliminada. Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está grávida, torna-se matador de aluguel para conseguir dinheiro para sobreviver.”

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