Crítica | Punho de Ferro

Em nossas Primeiras Impressões falamos que apesar do começo lento, a série do Punho de Ferro tinha potencial e poderia se redimir em seus episódios derradeiros. Mas será que isso realmente aconteceu?

Depois de alguns episódios em que tudo demora muito para a acontecer e algumas que acontecem são bem forçadas, a série coloca as cartas na mesa e começa a jogar de verdade. No entanto, é como se o jogo sequer fosse interessante e você não se preocupasse com o fim deste. Tudo cresce de forma lenta e desinteressante.

As lutas, que de início se mostraram mais “cruas” e menos viscerais que as apresentadas em Demolidor, pareciam ser uma escolha artística remetendo aos filmes de artes marciais antigos. no entanto, se a escolha foi esta, o resultado foram combates pouco empolgantes.

Um dos maiores pecados da série, e talvez o ponto mais decepcionante, foi a falta de aprofundamento no próprio herói que dá título à série. De todos os heróis dos Defensores, o Punho de Ferro talvez seja o herói com o universo mais rico. K’un Lun, Shou Lao, o rito de escolha do Punho de Ferro… São tantos elementos que poderiam ter tornado a série muito mais interessante.

No entanto, a escolha de ignorar totalmente a origem dos poderes de Danny Rand fez com que a série perdesse a chance de usar elementos que a tornariam única. isso sem falar no uso do Punho de Ferro pelo protagonista. A série economiza o Punho de Ferro ao longo de toda a série para causar impacto em uma cena final específica, que no fim das contas não traz o impacto desejado.

O uniforme original foi algo que realmente fez falta. Como o Punho de Ferro é um filho de outro mundo, não afetaria a visão atual e realista da série trazer a vestimenta em algum momento. O máximo que temos é um breve fan service que apenas nos faz pensar como seria legal ter o herói plenamente uniformizado. Isso, no entanto, ficou para a série dos Defensores.

Mas nem tudo em Punho de Ferro é ruim. Depois de três séries urbanas onde tudo é visto “de baixo”, é interessante ver um pouco mais do lado corporativo deste universo, e enxergar as coisas pela visão de quem toma decisões e não só de quem é afetado por elas. Apesar de seguir aos trancos e barrancos, a relação entre Danny e os irmãos Meachum é interessante de se assistir. Tudo que é dito e o pouco que é mostrado de K’un Lun também desperta muito interesse. Teria sido interessante se a série inserisse alguns flashbacks para apresentar mais da origem do herói. Contudo, parece que foi uma escolha consciente deixar para uma possível segunda temporada e temos de dar um voto de crédito à Marvel e à Netflix.

Punho de Ferro não é a melhor série da Marvel/Netflix. Como diria Lulu Santos “Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim”. Apresentando conceitos, personagens e universos novos a série ajuda a incrementar o universo das séries da Marvel, o que é excelente para o panorama geral, porém não é a série que mais vai prender o telespectador enquanto assiste. Com combates e uma trama desinteressante, Punho de Ferro deve ser a calmaria antes da tempestade que deve ser a série dos Defensores.

Punho de Ferro tem sua primeira temporada completa disponível na Netflix.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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