Crítica | Pé Pequeno

O Pé Grande não é um personagem folclórico tão popular no Brasil. Menos famoso ainda por aqui é seu primo oriental, o Yeti. Ambos seres têm características em comum: vivem em regiões frias e montanhosas, possuem mais de 2 metros de altura, corpo coberto de pelos, odor fétido e, é claro, pés enormes. Mas o mais importante é: são criaturas monstruosas, não gostam de seres humanos e ninguém consegue provar sua existência, mesmo as lendas sendo fortes e que muitos afirmam com veemência já terem os avistado.

A premissa de Pé Pequeno, nova animação dos estúdios Warner Bros., é basicamente essa. Exceto pelo fato de que, aqui, como o ponto de vista é dos Yetis, o homem que é tido como monstruoso e mitológico. E este é conhecido como, veja só, Pé Pequeno.

A história fala de Migo, um simpático yeti que vive no alto de uma montanha no Himalaia em um vilarejo onde todos seguem rígidas regras. Essas regras são um tanto fantásticas e quase inacreditáveis e estão talhadas em pedras que ficam presas em um manto que veste o líder do vilarejo. Tais regras, além de manter a ordem daquela sociedade, impedem que os mesmos questionem diversas concepções, inclusive (e principalmente) a existência do Pé Pequeno, alcunha dada por eles ao Homem.

Um dia, Migo acaba por acidente encontrando um ‘pé pequeno’. Porém, quando chega em seu vilarejo e conta a todos sobre o incidente, causa pânico e acaba sendo desmentido pelo Guardião das Pedras, afinal, um dos principais ensinamentos destas é que o Pé Pequeno não existe e dizer que ele existe, por sua vez, contradiz a principal pedra: as pedras não mentem.

Aí começa a aventura. Migo é banido do vilarejo por questionar as pedras e é acolhido por um grupo rebelde de yetis que não apenas acredita, como tem provas de que o Pé Pequeno existe. Grupo este, que é liderado por ninguém menos que Meechee, a filha do Guardião das Pedras. Eles decidem enviar Migo para abaixo das nuvens, onde, segundo as pedras, existe o grande nada, mas que segundo os rebeldes, vivem os Pé Pequenos.

O elenco de dubladores original da animação conta até com o astro do basquete LeBron James

Lá, Migo encontra Percy, um ecologista que tem um canal que perdeu sua audiência e, por isso, está desesperado por algo que possa trazer seus seguidores de volta. Quando Percy cogita fingir que encontrou um yeti seu caminho cruza com Migo. Daí para frente, a maior parte da história é previsível.

Previsível, no entanto, para nós, adultos e cascudos nesse ramo. Para crianças, nunca é demais e pode até ser a primeira vez a se depararem com tais contos. Por essa razão, Pé Pequeno pode ser uma boa pedida para a criançada aprender lições de convivência em sociedade, respeito, e até filosofia. E o melhor de tudo: com alguns números musicais e piadas.

O filme não chega a ser inovador, mas ao inverter pontos de vista aqui, acaba sendo pelo menos incomum. É uma espécie de Monstros S.A. mais específico. Contudo vale ressaltar que nunca é demais contar essas histórias para crianças. E elas podem se divertir bastante. E um pequeno aviso: não pense que você já viu tudo, pois o final pode não ser o que você esperava. Portanto, leve seus pequenos para assistir Pé Pequeno e permita-se ver o mundo, a sociedade e suas próprias crenças por outro ponto de vista enquanto elas (e, por que não, você) se divertem.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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