Crítica | Okja

Okja, filme produzido pela Netflix que concorreu à Palma de Ouro no festival de Cannes e obteve 81% de aceitação no Rotten Tomatoes, tem causado um buzz na internet por explicitar um grande problema real, ainda que maneira mais fantaciosa.

Okja escancara algo que afeta todos os países do mundo e que talvez seja irreversível, a grande indústria alimentícia e os maus tratos aos animais. Mas isso é apenas uma faceta do filme, e apesar de seu peso crítico, não é mais importante do que sua outra metade, ambas se equivalendo.

O filme se separa em vários atos, mas em apenas dois tons, outrora mostrando a leve e divertida vida no campo da jovem Mikha com seu super-porco Okja, e também no tenso, tocante e acelerado tom de perseguição atrás de seu animal.

Criados pelas empresas Mirando Corporation, os super-porcos foram dados como uma nova raça descoberta pela empresa, com o objetivo de esconder suas origens criadas em laboratórios, pela recente negativa do público em geral sobre produtos transgênicos e geneticamente manipulados. Em uma estratégia de marketing, as empresas fizeram com que um número reduzido de super-porcos fossem designados para fazendeiros de diferentes países, afim de que fossem educados por culturas e regiões diferentes, para assim o que se destacasse fosse eleito o melhor de todos, sendo celebrado com um festival, transmissão ao vivo e tudo mais. O que certamente não acontece.

Manipulando facilmente a única família que a jovem Mikha tem, seu avô, as empresas retomam posse do animal, o que causa toda a trama do filme, envolvendo perseguições de carros, destruição de super-mercados, lutas físicas, e tudo que um thriller de ação precisa para ser emocionante. Mas não estamos falando aqui de um thriller de ação, e sim de uma emocionante e tocante história sobre uma garota e seu animal, seu melhor amigo animal.

A relação entre Mikha e o animal é o grande trunfo do longa. A dinâmica entre os dois foi conduzida de maneira brilhante e crível. A garota faz coisas impossíveis para retomar Okja, certamente, mas a emoção que as cenas transmitem são reais e tangíveis. Você sente o que Mikha está sentindo, você quer pular dentro do filme e parar todas as atrocidades cometidas pela indústria Mirando, você quer trazer Okja de volta para as montanhas, de volta para aonde cresceu e viveu sua vida. O filme te passa as emoções de maneira excepcional.

Com um elenco recheado de estrelas como Tilda Swinton, como a cara das empresas Mirando, Jake Gyllenhaal como a cara de um reality-show falido sobre um doutor especializado em todas as espécies de animais, Steven Yunn, de The Walking Dead como um dos integrantes da FLA, a organização que protege e resgata os animais dos maus tratos da indústria, trazendo ainda mais brilho para essa história.

A produção da Netflix é impecável, geograficamente maravilhosa, o filme traz umas das mais belas paisagens que você vai ver atualmente. Com fotografia e direção competentes pelas mãos de Bong Joon Ho, o filme certamente se destaca no topo dos já produzidos pelo serviço de streaming Netlfix. Vale também lembrar da grande trilha sonora Jaeil Jung, que conduziu toda a mudança de tom no filme com maestria.

Okja é um filme colorido, emocionante, tocante e crítico, que vai te fazer pensar em seus hábitos e nos males do ser humano, sem ser esquecido dias após ter sido assistido.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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