Crítica | O Resgate

A Netflix tem apostado cada vez mais nas produções originais, uma vez que muitos dos estúdios estão com seus próprios serviços de streaming ou pelo menos fazendo parceria.

Porém, muita gente tem reclamado da qualidade dessas produções, por vezes dizendo que são pouquíssimos os filmes realmente bons da gigante do streaming, diferentemente do que acontece nas suas séries, quase sempre muito boas.

O Resgate é mais um filme lançado recentemente que conta com Chris Hemsworth no papel principal. Pelo trailer, muitos estavam botando fé que finalmente viria uma produção de grande porte que valeria a pena.

E não foi decepcionante. O filme entrega muitos bons momentos de ação e ainda consegue mesclar um bom drama no meio.

A sinopse é praticamente uma releitura das de muitos filmes de ação dos ano 80 e 90. Um adolescente, filho do maior criminoso da Índia (que está preso) é sequestrado pelo maior traficante de drogas de Bangladesh. Precisando de uma equipe especialista para buscar o garoto, já que pagar o resgate está fora de cogitação, eles contratam um time de mercenários, ex-militares.

Como principal arma desse time, temos Tyler Rake (Chris), um homem que aparenta ter algum trauma no passado envolvendo sua família, o que faz dele um suicida em potencial. Um mercenário perfeito, pois morrer pra ele é lucro.

Com essa ideia, o filme apresenta um ótimo ritmo inicial, pouca explicação inicial, cenas de ação muito bem coreografadas, explosões e até um plano sequência eletrizante. Com menos da metade do filme temos a impressão de que a história já se resolveu (a duras penas, não se engane) e agora é só partir pra conclusão.

Aí vem um momento que muitos diriam que é quando o filme cria uma ‘barriga’. Na verdade, é mais ou menos no meio do filme que ele ganha profundidade e deixar de ser apenas ‘tiro, porrada e bomba’.

Entendemos a história do protagonista, sua relação com o garoto que ele foi resgatar se estreita, há uma reviravolta que não permite uma conclusão imediata e simples da história.

Depois, no que dá pra chamar de último terço do filme, ele retoma o ritmo de ação e adiciona o tempero do drama. Chegando a um final até diferente, deixando uma pequena pulga atrás da orelha.

Os irmãos Joe e Anthony Russo, responsáveis por Capitão América: Soldado Invernal e Vingadores: Ultimato, por exemplo, estão envolvidos na produção. O primeiro é roteirista e também produtor junto com seu irmão.

Na direção, temos a ótima estreia de Sam Hargrave, que antes de dirigir esse filme, era dublê. Ele já havia trabalhado com os irmãos Russo em Guerra Civil e Ultimato, sendo coordenador de dublês.

A parceria deu muito certo e a experiência dos envolvidos em cenas de ação pode ter feito toda a diferença na qualidade desse filme. Chris Hemsworth também está ótimo como astro de ação e pode estar começando a traçar uma bela carreira no gênero, conseguindo com competência se desvincular de Thor.

Sem muita firula, mesclando um roteiro simples e cenas de ação competentes e nada muito ‘cheio de mentira’ como os filmes de ação blockbuster têm apostado, O Resgate é um acerto da Netflix e pode trazer novo fôlego e credibilidade para o estúdio continuar apostando nos filmes originais. E merece sua atenção.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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