Crítica | O Primeiro Homem

Você provavelmente já ouviu falar de Neil Armstrong. O primeiro ser humano a pisar na Lua. Mas dificilmente você sabe tudo o que aconteceu antes (e até mesmo durante) seu caminho até lá.

É sobre isso que O Primeiro Homem trata. A trajetória do homem que fez história ao dizer as palavras ‘Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade‘.

Ryan Gosling interpreta de forma muito competente o astronauta Neil Armostrong que perdeu uma filha ainda criança para o câncer. Esse fato tem total influência em tudo que acontece em sua vida daí por diante.

A história começa em 1961, mostrando como Neil ainda estava fazendo testes e precisava se provar como competente para continuar no quadro da NASA.  A perda da filha ainda criança, transforma Neil que já era um homem fechado e de poucas palavras, em quase uma máquina de trabalho. Se antes ele era pelo menos guiado por sua família, depois disso ele se afasta e faz sacrifícios em nome de uma corrida espacial que ele nem sequer sabe porque está envolvido.

O filme, inclusive, mostra um pouco de como era o mundo nessa época que pode se dizer ter sido o auge da Guerra Fria. A tensão entre EUA e URSS está presente na história, ainda que apenas para contextualizar.

Podemos classificar O Primeiro Homem como um filme essencialmente de Drama, com momentos de ficção científica, ainda que seja uma história real. As cenas que mostram o espaço e os astronautas em órbita, sem gravidade, são muito bonitas e bem executadas. Assim como a edição de som está excelente. Há grandes chances de o filme concorrer a algum prêmio nessas categorias técnicas.

Sobre a atuação, alguns podem dizer que Ryan Gosling não está convincente no papel. Na verdade, pode-se dizer que a escolha foi muito boa. Neil Armstrong é um homem quase inexpressivo, que fala pouco e não sabe como lidar com suas emoções. Quando muitos podem pensar que Gosling não consegue demonstrar tudo que Armstrong sente, na verdade ele o está fazendo muito bem.

Claire Foy, que dá vida à Janet, esposa de Neil, essa sim está claramente muito bem em seu papel. A personagem passa a ser negligenciada pelo astronauta quando esse passa a dedicar a vida à sua profissão (e quase obsessão), bem como os filhos passam a ser quase um fardo. A família quase acaba. E é Janet quem consegue trazer Neil de volta à sua humanidade. Como obra cinematográfica, O Primeiro Homem é um tremendo filme. Carga emocional altíssima, super intenso. Uma história cativante e com todos os critérios técnicos bem avaliados.

Contudo, para um espectador comum, o filme pode ser um tanto lento e talvez mais longo do que deveria. Se você não está habituado a um filme com essas características, você pode acabar tendo uma avaliação errônea deste, e perdendo a chance de apreciar uma grande obra que conta uma bela história, que além do mais, pode trazer muitas reflexões e lições sobre a vida, a morte e tudo que nós faz sermos quem somos e porquê somos.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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