Crítica | O Justiceiro – 2ª Temporada (Netflix)

Fazer uma crítica para um personagem que tem tanta profundidade, violência e loucura, mas que foi tão mal explorado é algo deveras entristecedor.

Claro que comparar uma série com apenas duas temporadas com todo o histórico de um personagem nos quadrinhos é algo extremamente complicado. Contudo, é difícil para os fãs negarem o seu desejo de verem um produto que respeite e transmita a essência do que se ama em sua mídia original. E este é o caso de Justiceiro.

O gancho do final da primeira temporada deixou altas expectativas para o retorno deste segundo ano da série, que fracassa ao não entregar personagens e histórias mais sombrias e densas. Ouso dizer que faltou coragem para aprofundar a loucura e o caos que é a mente do Justiceiro.

A naturaza de Frank

Em sua segunda temporada, Frank Castle foge totalmente do seu estilo original, mostrando-se mais racional, sentimental, e apegado tanto às pessoas do seu passado quanto as que ele encontra no seu caminho. Apenas ocasionalmente, em súbitos ataques de raiva, conseguimos um vislumbre do que deveria ter sido esta nova temporada.

Podemos até dizer que ele precisa que as pessoas estejam em perigo, para que ele possa ter um motivo de se aproximar e agir de acordo com a sua loucura. Este talvez, seja o motivo dos “súbitos ataques de raiva”, citados anteriormente. Ele só enlouquece no meio da luta contra alguém ou por alguém. Sabemos que este não é o anti-herói que esperávamos, apesar da excelente atuação do Jon Bernthal.

Retalho

Sobre o Retalho, dá até pena de comenta. Tanto a maquiagem (que deveria ser muito mais assustadora e visceral), quanto a atuação do Ben Barnes (Westworld), deixam o vilão muito superficial, mimado e em muitos momentos ridículo.

Em diversas ocasiões, temos a sensação de que veremos o melhor do personagem, as suas referências e etc, mas só ficamos com a sensação mesmo. Da mesma forma que a Castle, faltou muito mais escuridão para a trama do Retalho se desenvolver e ele impactar a todos nós da maneira correta.

A Temporada

O enredo feito para esta segunda temporada é tão clichê, que parece aqueles filmes de agente secreto fugitivo da sessão da tarde. A menina que foge do bilionário, o amor corriqueiro e solitário de Castle e a incansável luta de Madani para (talvez ouvir um “desculpe”) acabar de uma vez por todas com Billy Russo, parece que esse roteiro ficou simplesmente sobrando na primeira temporada e eles aplicaram pra fechar o arco.

Obviamente não queremos um replay do justiceiro Dolph Lundgren ou até mesmo do de Thomas Jane e suas realidades preto e branco ou caribenhas demais. Mas ao menos um enredo com mais da essência do Justiceiro, deveria ter sido entregue.

Decepcionante, mas serve de passa tempo para quem não se incomoda em adaptações sem coragem.

Uma pena que esta deva ser a última temporada da série antes de seu cancelamento pela Disney.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...