Crítica | A Maldição da Casa Winchester

O que você busca em um filme de terror? Sustos, demônios, espíritos, efeitos sonoros e músicas que provocam inquietação e angústia? Se sim, este não é um filme que vá lhe agradar. Possivelmente ,sua reação seria algo como ‘ok, não foi totalmente ruim, mas também não foi grande coisa’.

Além do mais, por definição, o gênero Terror implica, em muitos casos, que os fatores acima descritos devem estar combinados com o nojo ou repulsa ao sangue e violência explícita. A Maldição da casa Winchester, por sua vez, se encaixa no subgênero “Terror Psicológico”, no qual o temor é gerado a partir da vulnerabilidade da nossa mente ante a situações ou sensações desconfortáveis psicologicamente, em geral devidas a uma situação implícita.

A história, que se baseia e fatos, conta a respeito de Sarah Winchester (Helen Mirren), herdeira de uma fortuna gerada pela fábrica de armas de sua família. Sarah acredita que sua família foi amaldiçoada pelas almas daqueles que foram mortos pelas armas fabricadas por sua família, por isso, mudou-se para uma região mais isolada e lá construiu uma mansão que nunca tem suas obras concluídas, visto que ela constrói quartos para cada espírito que foi levado por uma arma da família, seja ele inocente ou culpado.

Quando a empresa decide contratar o psiquiatra Eric Price (Jason Clarke) para avaliá-la, acreditando que esteja louca, ele começa a entender melhor o que se passa na mansão e com a família Winchester.

A relação que se estabelece entre o Dr. Price e a família Winchester como um todo, começa com dificuldade e relutância de ambas as partes. Mas ao longo do filme, não só se desenrola bem, como até se explica. Bem como toda a questão da maldição também se explica. Tudo isso entre um susto clichê e uma ou outra cena um pouco mais tensa.

Nos dois primeiros terços do filme, essa coisa de ‘terror’, é bem fraca. Mas conforme os mistérios vão se destrinchando, a ação vai acontecendo à mesma proporção. Até que no último terço o filme fica bem empolgante. Os pequenos sustos passam a ser menos gratuitos. E até a questão sobrenatural fica um tanto plausível.

Todos os personagens principais são bem desenvolvidos e tem profundidade. Helen Mirren mostra a competência de quem já venceu um Oscar em uma atuação convincente, mesmo sem ser excepcional. A direção de arte também está ótima, com uma excelente ambientação, tornando o clima bem tenso e carregado. Os diálogos são muito bons e levantam várias discussões interessantes, como o legado que armas podem trazer, já que foram feitas única e simplesmente para matar. Além disso há contextos históricos envolvidos que tornam a história ainda mais interessante, sabendo-se que se trata de uma história com muitos elementos reais.

Por essas razões, que deveriam ser positivas, podem curiosamente afastar os fãs de filmes de terror, que muitas vezes buscam nada mais do que as tais tripas voando e demônios vomitando. Mas se você procura um filme realmente interessante, com bons elementos técnicos, roteiro não tão previsível e, ao mesmo tempo, entretenimento, A Maldição da casa Winchester é uma boa pedida e merece sua atenção.

Thiago Amaral

Geek inveterado e consumidor assíduo e voraz de cultura pop. Enquanto não está lutando com a Aliança Rebelde, dá aulas de Inglês. Curte Marvel & DC. Retro Gamer. Conhecido no underground como Pai da Alice.

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