Crítica | Jurassic World: Reino Ameaçado
Se tem uma coisa no reino da cultura pop que já deveríamos ter aprendido é: Não confie em trailers! Já fomos iludidos diversas vezes com cenas que acabam ficando de fora do corte final; já tivemos trailer que entrega as melhores piadas/cenas e até plot twists; já tivemos cenas que aparecem nos 5 minutos finais do filme e que não condizem com a história como é contada no filme.
Jurassic World: Reino Ameaçado tem quase todos esses itens. Assim sendo, é altamente recomendado que você não assista ao trailer e se já o fez, que não o leve em conta. Isso só atrapalharia a experiência com esse ótimo filme.
Mas esse talvez seja o único grande problema do filme. Além desse, há outros pequenos furos no roteiro que somente os olhos mais atentos e críticos podem notar, mas estes não chegam a atrapalhar em nada relevante. Um espectador comum talvez solte uns daqueles: “Meu Deus do céu, que mentirada braba!!” Mas, hey, não é isso um dos itens que mais se espera de um bom blockbuster?
E é isso que este filme é: um p*ta blockbuster! Essa sequência é absurdamente melhor que o primeiro filme dessa nova fase da franquia. Tem muito mais ação, os efeitos especiais estão melhor, o roteiro é até mais profundo… Mas nada supera a trilha e os efeitos sonoros, que dão o tom exato de tensão e emoção, fazendo toda a diferença. Michael Giacchino, mais uma vez fez um excelente trabalho nesse segmento.
O filme tem sequências de tirar o fôlego, fazendo o espectador segurar forte no braço da cadeira de cinema. Em pelo menos uns 3 momentos sentimos essa agonia, essa tensão. E o tempo em que temos cenas mais calmas, com pura história é pouco, ou no mínimo, justo. Não há aquela clara barriga que por tantas vezes acontece em filmes desse porte.
Há pelo menos uns dois momentos de emoção, daquelas de dar um nó na garganta. E isso não é algo que se espera ver em um filme focado em dinossauros. Por falar nisso, é preciso também frisar uma questão bem interessante que o filme levanta: quando a ilha onde os dinos se encontram está prestes a ser destruída por um vulcão que voltou a ficar ativo, os animais correm um sério risco de voltarem a ser extintos. Os humanos devem gastar milhões para salvá-los, assumindo o risco que estes também representam? Ou devem simplesmente deixá-los lá para morrer e, assim, reparar o erro que eles mesmos, os humanos, cometeram ao ‘desextinguir’ tais criaturas?
Daria boas discussões políticas, éticas e sociais. Ainda há a questão da bioengenharia, que já apareceu no primeiro filme e está presente aqui também. Há um momento em que os personagens Claire (Bryce Dallas Howard) e Owen (Chris Pratt) questionam o fato de Mills (Rafe Spall) tomar atitudes em nome da ganância se utilizando até da guerra e de ideias antiéticas. Mills rebate que ambos foram coniventes com as mesmas atitudes, se não, no mínimo foram ingênuos demais. Dá pra traçar um paralelo com o que Einstein deve ter sentido em relação à bomba atômica, quando ele tinha intenções puramente científicas e acabou contribuindo para uma das maiores brutalidades da humanidade.
Mas não pensem que isso é tratado dessa forma no filme. Inclusive esse é um dos problemas do trailer, como dito no início do texto. Isso é só sugerido. O filme não dá muito tempo para muito questionamento, ele apenas sugere. Ele te ganha pela tensão.
Jurassic World: Reino Ameaçado é um sério candidato a melhor blockbuster do ano (em um ano que já teve Guerra Infinita!) da mesma forma que promete superar a bilheteria de seu antecessor de 2015. Como filme, já o fez com sobra. Se você puder assistir a esse filme no cinema, não perca a oportunidade. Todo fã de filmes de ação e aventura vai curtir, especialmente se for sem nenhuma influência de trailer. Vá de peito aberto e se deixe surpreender.
Jurassic World: Reino Ameaçado chega aos cinemas no dia 21 de Junho.