Crítica | Ghost in the Shell: A Vigilante do Amanhã

A adaptação de Ghost in the Shell desde seus primeiro anúncios foi recebida pelo público com desconfiança. Primeiramente pela má fama que as adaptações ocidentais de produtos orientais possuem, segundo pelas acusações de “ocidentalização” do material, principalmente pela escalação de Scarlett Johansson no papel de Major.

Ghost in the Shell não é apenas um simples anime/mangá. A obra, escrita por Masamune Shirow, serviu de inspiração para diversas produções que fizeram história, incluindo Matrix, um dos maiores marcos do cinema.

Mas, será que mesmo com as ditas mudanças, Ghost in the Shell consegue entregar uma boa adaptação cinematográfica e honrar o seu material de origem?

A resposta é: Sim!

Começamos tirando o elefante da sala, a escalação de Scalett Johansson, apesar de todas as polêmicas, foi extremamente acertada. A atriz casou muito bem com o papel e com a caracterização da Major. Sabendo equilibrar sua atuação entre os momentos de ação e reflexão, a Major do filme é uma excelente tradução do que é a Major do anime.

Outros atores, como Pilou Asbæk, que interpreta o Batou, também estão muito bem caracterizados e honram os personagens do material original. E, apesar do que muitos teriam imaginado, a “ocidentalização” no filme não vai muito além da escalação. A aura japonesa continua tão presente no filme quanto no anime/mangá.

A maior mudança de Ghost in the Shell em relação ao material original está na trama. Aqui temos uma trama nova, com uma Major que constantemente questiona a realidade do seu passado e com uma ameaça diferente do Puppet Master que é o “vilão” que move a trama no anime.

Em um primeiro momento as mudanças na trama podem levantar questionamentos, mas após o término é possível entender o seu motivo. Ghost in the Shell possui um material origem extremamente denso e filosófico em um nível extremo, o que poderia não ser aceito pelo grande público. O que ocorre no filme, é que algumas coisas foram simplificadas para que a maioria das pessoas possam entender de maneira mais clara os conflitos vividos pela Major.

O filme continua sendo sobre a razão de existir, o nosso propósito, o que nos torna humanos e que somos afinal. As questões simplesmente foram apresentadas de maneira diferente. E isso é algo interessante do filme. Apesar dos diversos pontos diferentes entre a trama do anime e do filme, o roteiro consegue costurar tudo para que os momentos icônicos e os fã services se façam presentes de maneira natural e orgânica.

Com uma estética extremamente fiel – há momentos em que parece que estamos vendo quadros do anime, ação estilizada e empolgante e um discurso filosófico simplificado porém satisfatório, A Vigilante do Amanhã é uma adaptação extremamente competente. A trama nova é uma maneira de reapresentar conceitos introduzidos na obra original de maneira mais palatável ao grande público. Os fãs do anime encontrarão algo novo recheado de fã services, e quem nunca viu nada da obra verá uma ficção científica inventiva que também serve de convite para se aprofundar ainda mais neste universo.

Ghost in the Shell chega aos cinemas no dia 30 de Março.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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