Crítica | Doutor Estranho (sem spoilers)

“A colher não existe.”

Doutor Estranho, assim como Guardiões da Galáxia, não é dos personagens mais populares da Marvel e assim como a equipe de anti-heróis traz um universo novo consigo e a missão de apresentar ao público uma nova faceta do Universo Marvel que já é muito bem quisto pelo público. Com isso em mente, e somado ao grande panorama que a Marvel planeja, dá pra perceber que a missão de Doutor Estranho, novo filme da Marvel, não é ser somente um bom filme, mas apresentar um novo mundo ao público.

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Criado por Stan Lee e Steve Ditko na década de sessenta, Stephen Strange tem alguns paralelos com Tony Stark. Um personagem que precisa lidar com o próprio ego e arrogância para que possa alcançar o seu potencial e perceber que o verdadeiro propósito de sua existência está no altruísmo.

Um dos maiores chamariz do filme, é que este seria o filme mais “fora da caixa” apresentado pela Marvel até aqui, com conceitos inteiramente novos e possibilidades infinitas. E o que a Marvel acredita ser o seu maior desafio é fazer com que o público aceite de bom grado o universo místico da Marvel assim como o fez com o universo cósmico.

Apesar de todo o clima de novidade, Doutor Estranho ainda é um filme da Marvel e tudo que se espera de um filme Marvel está lá. O que não é ruim, afinal de contas a Marvel também já se tornou um sinônimo de qualidade. Enquanto alguns podem criticar a fórmula Marvel de maneira pejorativa, fazer filmes bons é uma baita de uma fórmula.

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O maior destaque do filme fica na parte visual, que traz efeitos de cair o queixo. O passeio pelas dimensões é simplesmente hipnotizante. Mas, o elenco também é extremamente competente. No início é um pouco difícil de distanciar Benedict Cumberbatch do seu papel em Sherlock, mas com o tempo passamos a reconhecê-lo como o Doutor Stephen Strange.

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A personagem da Anciã, que foi alvo de tantas polêmicas, também é extremamente satisfatório. E traz um frescor ao personagem que poderia ter sido algo muito caricato em sua forma “pai mei”.

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O ponto fraco do filme, no entanto, fica para o vilão. Kaecilius não é explorado de maneira satisfatória, sendo simplesmente um “aluno revoltado” que resolveu quebrar as regras. Nenhuma de suas explicações convencem tanto a ponto de comprar o vilão e deixá-lo no panteão dos grandes vilões da Marvel. Mas, tudo isso é compreensível, já que é claro e evidente que a existência do vilão no filme é simplesmente para justificar um filme que visa apresentar um vasto universo, novos conceitos, criaturas, objetos e habilidades. Visto dessa maneira, é compreensível que o vilão não seja complexo como se espera.

Doutor Estranho é mais um acerto da Marvel, que apesar de não trazer o filme do ano, traz um filme com ar de novidade sem perder aquilo que a fez ser o que é. Algumas decisões corajosas no roteiro podem até gerar um pouco de insatisfação, mas se pensadas da maneira correta podem ser interpretada como decisões corajosas que só reforçam a construção do caráter do Doutor Estranho da maneira que é aos quadrinhos. Afinal de contas, o Mago Supremo é aquele preocupado com questões muito mais complexas para os olhos terrestres.

A trilha sonora, composta por Michael Giacchino (Star Trek, Lost, Up!), também é um dos pontos positivos. Trazendo influências do rock progressivo e da música oriental, a trilha se destaca dos outros filmes da Marvel que costumam carecer de personalidade. No entanto, não foram poucos os momentos em que a música do filme lembrou a trilha de Star Trek, também composta por Giacchino.

Com efeitos visuais estonteantes (que finalmente justificam o 3D), um humor bem construído (às vezes até excessivo), a Marvel apresentou o Mago Supremo, o Universo Místico, as Artes Místicas e mostra que este é só o começo de uma nova era em seu universo e que muito disso ainda será visto em Vingadores: Guerra Infinita.

4-star-rating

Ps. O filme possui duas cenas pós-créditos! Portanto não saiam antes!

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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