Crítica | Cloverfield Paradox

Há exatamente 10 anos, em 2008, o mundo do cinema era presenteado com Cloverfield, primeiro filme de uma franquia que prometia mistério, drama, diversão e acima de tudo uma qualidade capaz de arrematar fãs em todos os lugares do mundo. Nessa primeira parte, acompanhamos um grupo que na saída de uma festa é surpreendido com uma invasão monstruosa em Nova York.

O grande acerto desse lançamento foi o uso do estilo “found footage”, que simula uma filmagem através do celular. O longa, além de fazer com que o público se sentisse dentro da história, deixou tudo mais crível, ao dar um ar documental.

Alguns anos depois, agora em 2016, fomos surpreendidos completamente – já que tudo foi feito em segredo – com o lançamento de Rua Cloverfield, 10, a continuação da saga. No filme, uma jovem acorda em um porão subterrâneo sem saber o que aconteceu com ela. Mesmo tendo a explicação de seu raptor/salvador ela não acredita e tenta fugir.

Esse segundo volume acerta ao explorar histórias paralelas que surgiram devido ao acontecimento principal, a invasão alienígena, e surpreende ao apostar numa história de suspense, substituindo os monstros do primeiro, pelo homem, que sequestra e aterroriza. O público é agraciado com uma narrativa claustrofóbica e bem construída, o que elevou a franquia a um novo patamar.

E por fim chegamos na madrugada da última segunda-feira (05), quando a rede de streaming Netflix, lançou de surpresa em sua plataforma a terceira parte da franquia Cloverfield, intitulada The Cloverfield Paradox.

Na trama encontramos um planeta Terra em colapso, com a energia chegando ao fim e uma guerra iminente, tendo como a última esperança da humanidade seis astronautas que partem com a missão de testar um acelerador de partículas para que o mesmo se torne uma nova fonte de energia.

Já na estação Cloverfield, onde o teste com o acelerador é realizado, começam a acontecer uma série de bizarrices e o mistério toma conta, mexendo como o emocional dos astronautas e tornando a experiência verdadeiramente mortal…. e é aqui que o filme se perde completamente.

O grande ponto fora da curva do Cloverfield é querer abordar muitas teorias e não se aprofundar em nenhuma, o que compromete toda a credibilidade do filme. A ideia do Paradoxo mal é citada, a realidade alternativa termina sendo encerrada antes do seu clímax e os problemas da Terra são insuficientemente apresentados em cortes rápidos e por vezes desnecessários.

Infelizmente, The Cloverfield Paradox ficou muito aquém da expectativa criada – afinal toda sua produção foi feita em absoluto sigilo. Esse filme não faz jus a qualidade da saga e um dos únicos acertos foi ser lançado direto na Netflix, assim não correu o risco de finalizarem uma franquia que ainda tem muito para entregar, devido ao possível (praticamente certo) fracasso de público que teria no cinema.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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