Crítica | Bloodshot

Pense em filmes de ação clichê. Pense também, em filmes clichê de super-heróis. Isso é o que Bloodshot parece nos primeiros 40 minutos talvez. Mas só parece.

Mesmo antes da Marvel consolidar o gênero de filmes de super-heróis, esse formato já era forte e poderia começar a dar sinais de se desgastar. Porém, a Marvel o reinventou, trouxe novos elementos e os sugou até o talo, fazendo até com que a concorrência ficasse sem ter o que fazer e pra onde correr.

Imagine então, que um novo personagem, baseado em quadrinhos de uma editora que poucas pessoas até mesmo dentro do nicho que acompanha quadrinhos conhece, é lançado agora, mais de 10 anos depois da Marvel começar seu Universo Cinematográfico.

E se você olha por alto a história do personagem, suas habilidades e especiais e até mesmo o trailer do filme, você tem certeza que será um mais do mesmo, com altas chances de ser ruim. Ou seja, fadado ao fracasso.

Quando nesses 40 minutos iniciais do filme, a sensação de que ‘já vi esse filme’ bate, parece que você realmente já viu tudo que havia pra ver no gênero.

Quão gratificante foi a surpresa, ao final do filme, em saber que tal pensamento estava equivocado! Bloodshot é um filme muito divertido e bem interessante.

Ao ver as habilidades do personagem, e sua origem, você (que já viu todos os filmes de super-heróis já lançados, mais de uma vez), automaticamente começa a fazer as associações. Wolverine, Deadpool, Capitão América e até o Ciborgue, da Liga da Justiça (ou dos Jovens Titãs). Estão todos lá, é verdade.

Mas essa colcha de retalhos até que cumpre bem seu propósito de aquecer, em uma metáfora para entreter. E se fosse pra equivaler o estilo do filme com algum outro filme de super-heróis mais recente, esse seria Soldado Invernal (e possivelmente com Viúva Negra, como esperamos). Um filme de ação com certas doses de espionagem hight-tech, e até um pouco de influência de Matrix.

Lá por volta desses 40 minutos de filme, um plot twist bem executado muda todo o ritmo e ideia do filme. Torna ele original, como ele precisava ser. E todo o clichê inicial (e que com um pouco mais de exigência permeia todo o filme, o que não é necessariamente ruim) passa a fazer muito sentido e é até um bom recurso narrativo.

Além disso, o filme tem todos outros elementos que consagraram o gênero, como o(s) alívio(s) cômico(s), vilões megalomaníacos, personagens que se redimem, a jornada do herói. Você olha um personagem e sabe que ele vai se mostrar vilão. Você sabe que em algum momento aquilo tudo vai dar ruim.

Todos já clichês, sim, como dito antes. Mas se é clichê, é por que dá certo, vende. O fato de saber que vai dar ruim, não impede que você se surpreenda em como dá ruim ou o porquê. E Bloodshot prova que é possível ser clichê, copiar muita coisa, e ainda contar boas histórias e divertir.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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