Crítica| Batman Vs Superman: A Origem da Justiça

Já faz algum tempo que “filme de herói” deixou de ser um subgênero dos filmes de ação e passou a ser um gênero próprio. A Marvel, enquanto aplica a sua fórmula do sucesso, tem buscado diversificar os estilos de seus filmes, trazendo elementos novos em cada um de seus lançamentos. Cada personagem possui um tom diferente em sua história, um universo diferente a ser explorado e isso torna as possibilidades infinitas. Dito isso, esperar que Batman Vs Superman: A Origem da Justiça fosse só mais um filme de heróis é, no mínimo, ingênuo.

Não é segredo a importância que este filme tem para a DC e a Warner, ele não é só um filme, é o ponto de partida para o Universo DC nos cinemas. O longa carrega o peso de todo o universo a ser construído nos próximos anos.  Não é uma tarefa fácil, mas, sem pressão, vá lá e faça seu melhor.

E foi o que o filme tentou fazer.

Com seu tom sombrio e, desta vez, não tão realista, BvS nos apresenta não só  aos heróis que dão título ao filme, mas  às possibilidades que este universo traz. O longa começa ainda durante os eventos de O Homem de Aço, desta vez vistos aos olhos de um Bruce Wayne espantado com o tamanho da destruição causada por um “homem”. Daí em diante, o Cavaleiro das Trevas toma para si o dever de impor limites ao alienígena que, apesar de se dizer o protetor da humanidade, poderia em questão de segundos se tornar o seu destruidor.

E assim somos apresentados à nova versão do Batman, dessa vez vivido por Ben Affleck. E devo dizer, todas as polêmicas quando este foi escolhido para viver o papel foram infundadas. O ator entrega um ótimo Bruce Wayne e um Batman memorável. Uma pena que o filme não dê o merecido espaço para o personagem se desenvolver mais. O herói é apresentado em uma linha narrativa fragmentada com sonhos e flashbacks, o que acaba por limitar o personagem.

Diferente da trilogia do Nolan, temos um Batman que já está em atividade há 20 anos e que já deixa transparecer seus sinais de desgaste. A amargura de um personagem que travou muitas batalhas e sofreu perdas demais é evidente. em suma, temos uma abordagem próxima, porém não igual, ao Bruce Wayne escrito por Frank Miller em “O Cavaleiro das Trevas“. O que já é um atrativo e tanto para qualquer fã de quadrinhos.

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Mas, dentre os personagens apresentados, a novidade que rouba a cena é a Mulher-Maravilha, que é inserida na trama de maneira discreta e sutil, até que esta se revele em sua forma plena,  trazendo um novo vigor ao filme e mostrando que este universo não é só dos homens. A personagem é, sem dúvida, um dos pontos altos do filme.

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O Lex Luthor tem uma abordagem interessante, em vez do empresário megalomaníaco, ele busca as origens clássicas do personagem nos quadrinhos, como um cientista excêntrico. No entanto, há momentos em que o personagem se perde em sua loucura e soa mais como uma versão do Coringa do que o Lex Luthor de fato.

O problema do filme fica com o roteiro, que por diversas vezes sofre de mania de grandeza. Em sua busca por amarrar diversos pontos afim de convergir em um conflito final, o filme cria subtramas que podem confundir diante da quantidade de personagens. Usar de pequenos mistérios para tentar aprofundar a trama nem sempre é tão interessante quando todo mundo já sabe no que vai dar.

A câmera lenta, já característica do diretor, Zack Snyder, dessa vez está presente não a cargo da ação, mas sim do drama, com caminhadas lentas na grama, ou takes contemplativos, como que para deixar claro que ali deveria ser uma cena dramática. No entanto, o artifício nem sempre funciona muito bem, ficando muitas vezes a impressão de que o filme quer parecer mais profundo e sério do que ele realmente é.

Em que pese o título do filme anuncie um confronto de grandes dimensões entre os principais heróis da DC, o conflito de fato não passa de uma luta curta entre os heróis. Não entro em mais detalhes por se tratar de um dos pontos chaves do filme, mas deixo registrado que esperava mais. O mesmo pode ser dito da origem do Apocalipse.

Apesar dos defeitos, Batman Vs Superman é um excelente ponto de partida para o Universo DC que vem se instalando no cinema. As versões do Batman e da Mulher-Maravilha apresentadas funcionam muito bem em conjunto com o Superman. É emocionante ver a Trindade pela primeira vez nas telonas. As aparições dos demais heróis da Liga também são acertadas, sutis e pontuais, elas servem só pra atiçar o público e mostrar que ainda tem mais por vir. O fan service é bem feito, e há referências aos arcos clássicos dos quadrinhos como “O Cavaleiro das Trevas”, “A Morte do Superman” e “Morte em família“, é o universo DC ganhando vida nas telonas.

No que depender de Batman Vs Superman: A Origem da Justiça, o Universo DC terá vida longa nos cinemas. O filme pode não ser o melhor do gênero até aqui, mas, em meio a sua ambição, ele consegue entregar um filme que cumpre o seu objetivo: deixar claro que há muito mais por vir.

4-star-rating

 

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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