Contos | Embriões – Gabriel Vaz

A luz fraca brilhava sob a pele dos homens, mas nenhum deles julgava ser necessário outra forma de iluminação, embora todos estivessem envoltos numa densa névoa cinza. A luz sob a pele fora o primeiro presente dado a humanidade, rumo ao recomeço , desde o Grande Erro . – Cada ser humano foi posto em uma caixa escura com um mecanismo luminoso sob a pele para amenizar a névoa do novo lar- Embora possa parecer desconfortável a idéia de estar sentenciado a viver nas trevas e preso a uma estrutura rudimentar, não partilham do mesmo pensamento os Novos Homens, pois vivem assim desde o nascimento.
A humanidade, como um dia foi conhecida não é mais; A Terra ,um dia viva, sente o gosto amargo de uma lenta desgraça.
Mas os Regentes Inefáveis tiveram compaixão (ou algo parecido) e selecionaram embriões humanos para testes em caixas, com propósitos desconhecidos.
Durante anos foram estudados e observados pelos R.I e renderam relatórios desanimadores, aqui transcrevo um pequeno fragmento dos inúmeros relatórios da criatura incumbida dessa tarefa:

Embriões – Seleção artificial XY Ano III pós-era Sedna:

Os embriões XY desenvolveram demasiadamente rápido  seus aspectos físicos, embora não tenham desenvolvido a habilidade de uma comunicação complexa, como a fala; Pude perceber também que ainda não tomaram conhecimento da existência dos outros seres semelhantes a eles, apesar de um sistema de sons, as batidas nas caixas são uma forma de se manterem ocupados.
Existe uma estranha fixação com a luz, alguns deles passam horas olhando para o próprio corpo, mas não fazem a menor idéia do que são.
A Experiência |042XY| apresentou sinais de evolução mental ao apagar a própria luz, batendo seu corpo repetidas vezes contra a caixa e pela primeira vez um Embrião percebeu que ao apagar a própria luz e ficar imerso na completa escuridão era um ato benéfico, pois perdendo a fixação pela próprio luz, suas pupilas dilataram, e o mesmo concluiu que se a própria luz pode apagar, então sua moradia poderia deixar de Ser, assim como a luz.
Felizmente |042XY| quebrou a caixa e ganhou um mundo inteiro, percebeu a própria insignificância e o seu lugar no Plano, viu a Luz que era fonte de todas as luzes e de como seus irmãos estavam tão satisfeitos com tão pouco, mas cometeu o erro de tentar libertá-los, ajudando a quebrar as caixas, os outros não suportaram a Luz que alumiava todas as pequenas luzes e morreram nos minutos seguintes.
|042XY| foi julgado pelos R.I como digno de ser habitante da Aldeia Perpétua Dos Iluminados.
É a famosa escola dos Regentes Inefáveis, onde os deuses são criados e quando prontos, podem criar seu próprio universo.
Tudo o que sabemos sobre o universo posteriormente criado por |042XY| são duas palavras: Fiat Lux*”

Conto escrito pelo Gabriel Vaz.

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Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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