Capacitor Indica | Leituras de Junho 2019

Fala, galera! Hoje estou aqui para conversar com vocês sobre os livros que li em Junho. Continuando o meu objetivo do ano, de sair da zona de conforto na leitura, intercalei gêneros variados. Iniciei a jornada com uma aventura medieval em busca da mística espada de São Pedro; prossegui nas desventuras angustiantes dos irmãos Baudelaire; me surpreendi demais com a voz autentica de Jason Reynolds, numa viagem inédita no Brasil; e, para terminar as andanças do mês, fui até o Egito para conhecer Firdaus, uma heroína que preferiu a morte, a abrir mão da própria liberdade.

Confiram abaixo mais detalhes sobre os livros:

1356 (Bernard Cornwell, Record)

– SinopseSetembro de 1356. Por toda França, propriedades estão sendo incendiadas e pessoas estão em alerta. O exército inglês — liderado pelo herdeiro do trono, o Príncipe Negro — está pronto para atacar, enquanto franceses e seus aliados escoceses estão prontos para emboscá-los. Mas e se existisse uma arma que pudesse definir o desfecho dessa guerra iminente? Thomas de Hookton, conhecido como o Bastardo, recebe a tarefa de encontrar a desaparecida espada de são Pedro, um artefato que teria poderes místicos para determinar a vitória de quem a possuísse. O problema é que a França também está em busca da arma, e a saga de Thomas será marcada por batalhas e traições, por promessas feitas e juramentos quebrados. Afinal, a caçada pela espada será um redemoinho de violência, disputas e heroísmo.

– Motivos para ler: Escrito por Bernard Cornwell, a obra nos transporta para a era medieval e acompanhamos in loco, acontecimentos da Guerra dos Cem Anos. Para tornar a leitura ainda mais atrativa, o personagem principal é Thomas de Hookton, nosso anti-héroi da trilogia da Busca do Graal.

– Curiosidade: 1356 se passa dez anos após os acontecimentos da trilogia A Busca do Graal, apesar de não ser considerado como o 4º livro da série, pois 1356 pode ser lido de forma independente, é recomendável ler primeiramente a trilogia. Assim evita-se spoilers e o leitor pode acompanhar melhor o desenvolvimento do personagem.

– Se liguem em nossa resenha.

Coleção Desventura em Série (Lemony Snicket, Companhia das Letras)

– Sobre a Obra: A coleção possui 13 volumes, que narram as desventuras que se tornou a vida dos irmãos Baudelaire – Violet, Klaus e Sunny – após a morte dos pais, em um incêndio misterioso. Cada livro apresenta a estada dos órfãos com um tutor e a tentativa de Conde Olaf, um tio bemmmmm distante, de colocar as mãos na herança das crianças. Em Junho, li os volumes O Espetáculo Carnívoro (9) e O Escorregador de Gelo (10).

– Motivos para ler: O autor, Lemony Snicket, usa da ironia para criar as situações mais absurdas possíveis, o que garante muitos risos dentro das tragédias apresentadas. A obra também traz muito mistério e assuntos policiais. Também é interessante acompanhar o amadurecimento das crianças, característica que podemos perceber no avançar dos volumes.

– CuriosidadeDesventuras em Série foi adaptada para as telas em duas oportunidades de destaque. A primeira através de um filme, que teve o ator Jim Carrey, no papel de Conde Olaf. E a segunda, mais recentemente, através de um seriado lançado na plataforma de streaming Netflix.

Daqui Pra Baixo (Jason Reynolds, Intrínseca)

– SinopseAos quinze anos, Will conhece intimamente a violência. Ela está no dia a dia do bairro, nos avisos para não voltar muito tarde, nos sussurros dos vizinhos sobre mais uma pessoa que foi morta. Sussurros que agora falam da família dele, de seu irmão mais velho, seu herói. “Daqui pra baixo” é a história de uma vingança contada pelo olhar do garoto cujo irmão foi baleado na rua onde ele mora. Um romance escrito em verso, que se passa em pouco mais de um minuto: o tempo que o elevador do prédio leva pra descer até o térreo, onde Will vai encontrar o assassino do irmão, vai apontar pela primeira vez uma arma na cara de alguém e vai atirar. São só 67 segundos, mas nas circunstâncias de Will isso é muito tempo. Ele rememora as regras do bairro, sob as quais foi criado. A número 1 é não chorar. A número 2, nunca dedurar ninguém. A terceira e mais importante, se fazem algo com você, você tem que se vingar. Quem as ensinou a Will foi Shawn, seu irmão, e agora ele foi morto. As regras são o que restou. A cada andar, a cada parada do elevador, a porta que se abre e se fecha rebela um rosto diferente, todos do passado de Will. Nenhum o julga nem evoca moralismos, mas conforme eles surgem e vão ocupando a cabine, ocupam também os pensamentos e sentmentos de Will. Como exatamente elevai manejar aquela arma? Ele sabe com certeza absoluta quem foi o assassino do irmão? Ele não vai errar o tiro? Cada rosto tem uma história de vida e de morte. Will, em questão de segundos, vai definir a dele. Jason Reynolds escreveu “Daqui pra baixo” originalmente em prosa, depois em verso, e a narrativa em staccato que resultou dessa experimentação faz a emoção – a confusão, a revolta, o medo – do garoto armado que sai para vingar o irmão crescer também no peito de quem lê. Um livro impossível de ignorar.

– Motivos para ler: Escrito por Jason Reynolds, a obra é corajosa. Corajosa por se propor a falar de uma realidade que é próxima a grande maioria das periferias das grandes cidades. Corajosa também, por trazer a decisão que milhões de jovens mundo a fora precisam tomar diariamente, através de uma linguagem crua e direta. Mas, principalmente, corajosa e audaciosa por propor o rompimento de um modelo/ciclo que está posto

– Curiosidade: Até o momento Daqui pra Baixo só foi disponibilizado no Brasil para os assinantes do Intrínseco. Contudo a editora Intrínseca planeja o lançamento oficial nas diversas livrarias do país, no segundo semestre de 2019.

– Se liguem em nossa resenha.

A Mulher Com Olhos de Fogo (Nawal El Saadawi, Faro Editorial)

– Sinopse: “Um dos livros mais francos e radicais sobre a vida feminina, de todas as origens, em todas as partes do mundo.” THE GUARDIAN Esta ficção é baseada no relato verdadeiro de uma mulher que espera sua execução em uma prisão no Egito. Sua história chega até a autora, que resolve conhecer Firdaus para entender o que levou aquela prisioneira a um ponto tão crítico de sua existência. “Deixe-me falar. Não me interrompa. Não tenho tempo para ouvir você”, começa Firdaus. E ela prossegue contando sobre como foi crescer na miséria, sua mutilação genital, ser violada por membros da família, casar ainda adolescente com um homem muito mais velho, ser espancada frequentemente, e ter de se prostituir… até que, num ato de rebeldia, reuniu coragem para matar um de seus agressores, levando-a à prisão. Esse relato é um implacável desafio a nossa sociedade. Fala de uma vida desprovida de escolhas, mas que em meio ao desespero encontra caminhos. E, por mais sombrio que isso possa parecer, sua narrativa nos convida a experimentar um pouco dessa liberdade encorajadora através das transformações internas de Firdaus. O que acontece com ela é o despertar feminista de uma mulher. A AUTORA: NAWAL EL SAADAWI, 87, é uma escritora, ativista, médica e psiquiatra feminista egípcia. Saadawi foi presa pelo presidente Anwar al-Sadat em 1981 por supostos “crimes contra o Estado”. Ela escreveu muitos livros sobre as mulheres no Islã, e se dedica, em especial, à luta contra a prática da mutilação genital feminina no Oriente Médio. Nawal é tratada como “a Simone de Beauvoir do mundo árabe”. Seus livros já foram traduzidos para mais de 28 idiomas e são adotados em universidades do mundo inteiro. Seus discursos atualmente se concentram na crítica à tentativa de normalizar o que ela considera a opressão aos costumes das mulheres na África e Oriente Médio. Depois de quatro décadas da revolução islâmica, muitos já consideram normais as restrições aplicadas às mulheres, incluindo as próprias mulheres. “A Simone de Beauvoir do mundo árabe”. REUTERS

– Motivos para ler: Escrito por Nawal El Saadawi, a obra é um retrato da situação de milhões de mulheres mundo afora. Ele traz uma importante mensagem sobre a autovalorização das mulheres e a necessidade de mudanças sociais que oportunize melhores condições.

– Se liguem em nossa resenha.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...