Capacitor Indica | DC Super Hero Girls

Representatividade nos nossos dias é algo que, felizmente, não apenas ganha cada vez mais espaço, como vem se tornando prioridade na cultura pop.

Historicamente, quadrinhos/desenhos/filmes de super heróis sempre foram mais focados em homens/meninos. Para as mulheres e meninas ficava o segundo lugar, ser assistentes. É claro que muitas também curtiam, e acabavam até se identificando com algumas dessas personagens, especialmente com sua principal representante, a Mulher-Maravilha.

Contudo, há alguns poucos anos, esse jogo começou a virar e começamos a ter protagonismo feminino em todas as áreas, inclusive em tudo que envolva super heróis.

Filmes como Mulher-Maravilha e Capitã Marvel, vieram para ratificar isso. Assim como nos quadrinhos, onde há mais tempo ainda já tínhamos essa crescente no protagonismo feminino. E apesar de desenhos como As Meninas Superpoderosas, Três Espiãs Demais, e outros em que houvesse meninas protagonizando, faltava uma super equipe com grandes personagens, as famosas dos quadrinhos Marvel/DC. Não falta mais.

Desde 2015 a DC tem uma série animada de uma equipe apenas de mulheres, a DC Super Hero Girls. A série original, que foi transmitida pelo YouTube e pelo Cartoon Network, teve mais de 80 episódios divididos em 4 temporadas e também 5 longas de animação.

Nessa primeira versão, as meninas estudavam na escola Super Hero High e interagiam com outros personagens DC, enfrentando os desafios comuns dessa fase da vida enquanto usam seus poderes para encarar os vilões. Seria o equivalente de Teen Titans apenas com as personagens femininas da DC, todas adolescentes.

Essa série fez bastante sucesso entre as meninas, que finalmente se viram representadas pelas maiores personagens dos quadrinhos em situações um pouco mais próximas delas. Além de ter sido um grande sucesso comercial, tendo histórias em quadrinhos lançadas com essas versões bem como action figures.

Em 2019 a DC lançou uma nova versão da série. Agora as meninas estão com uma versão ainda mais cartunesca e mais divertida. Apenas para comparar, seria a versão Teen Titans Go! dessa equipe.

Se a ideia da série original era aproximar as heroínas DC das meninas, especialmente as adolescentes, aqui é o objetivo é ganhar as ainda mais novas, desde bem pequenas mas passando por todas as faixas etárias.

Nessa versão, não apenas a formação da equipe foi reformulada, como suas personalidades também. Barbara Gordon/Batgirl está mais divertida e um tanto hiperativa; Kara/Supergirl é uma rockeira rebelde, Zatanna é uma patricinha; Bumblebee é uma nerd introvertida e com baixa auto-estima; Jessica Cruz/Lanterna Verde é vegana e ativista antiviolência e Diana/Mulher-Maravilha é a líder da equipe em termos de experiência, pois é mais velha (em tempo de vida) apesar de ter aparência adolescente. Além disso é deslocada por ser nova no ‘mundo dos homens’.

Em praticamente todos os episódios temos uma lição, algum tipo de aprendizado ou mensagem, especialmente de empoderamento e autoconhecimento ou aceitação para as meninas.

Há um episódio, por exemplo, onde Kara vive às voltas com a idolatria que há com seu primo Superman, que faz o mesmo que ela porém recebe muito mais reconhecimento. Em outro, Bumblebee precisa enfrentar suas inseguranças e falta de confiança em si mesma para encarar uma equipe de super vilãs sozinha.

Mas não se iluda: Super Hero Girls não é um desenho apenas para meninas. É muito divertido e pode ser apreciado por todas as pessoas de qualquer idade. Cada um vai ter seu ponto de vista mas todos vão rir e curtir juntos.

O mais legal é que os episódios são bem curtinhos, sempre em torno de 12 minutos, então não tem ‘barriga’ e tudo é bem objetivo e sem enrolação. Por isso acaba conseguindo manter a atenção das crianças.

As piadas e referências são muito boas, sem duplo sentidos, sempre mais inocentes, mas sem ser bobonas, inteligentes sem complexidade demais. A qualidade da animação também segue o padrão de qualidade, as personagens são muito expressivas e tem personalidade bem definidas. Há participação de outros personagens de forma pontual, como Superman, Flash, o Lanterna Verde mais famoso Hal Jordan, Lois Lane…

A única questão que talvez pudesse ser apontada como uma falha, seria o fato de que na dublagem optaram por manter alguns nomes de personagens em sua forma original, desnecessariamente, como Wonder Woman e Green Lantern. Talvez isso possa ser um pouco confuso para as crianças, principal público alvo. Fora isso, a dublagem está excelente.

Os dez primeiros episódios dessa nova série estão disponíveis na Netflix e merecem muito sua atenção. Assista com a família ou sozinho. Ou promova uma festa do pijama com as crianças. Pelo número reduzido de episódios curtos, dá para maratonar facilmente curtindo algumas guloseimas.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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