Capacitor Entrevista | Vinicius de Carvalho Araújo, escritor do livro O Meta-Jogo Político

Na última segunda, dia 8, o cenário político brasileiro voltou a entrar em ebulição, graças a recuperação dos direitos políticos do ex-presidente Luís Inácio da Silva – Lula.

Assim, considerando as inúmeras reviravoltas que acompanhamos na política brasileira recentemente; e, aproveitando o novo lançamento da editora Umanos, o livro O Meta-Jogo Político, do escritor Vinicius de Carvalho Araújo, trazemos uma breve entrevista que fizemos com o autor.

Vinicius de Carvalho Araújo

Confiram abaixo:

O Capacitor – Para começarmos, que tal você se apresentar para os nossos leitores. Quem é Vinicius de Carvalho Araújo?

V.C.A.- Graduado em Administração, com especialização em Administração Pública (UFMT). Mestre e doutorando em História (UFMT). Professor universitário de cursos tecnólogos, graduação, pós-graduação e cursinhos preparatórios para concurso. Gestor Governamental do Estado de Mato Grosso. Analista político. Palestrante. Autor de vários livros.

O Capacitor – No meio literário muito se fala no hábito da leitura, antes mesmo de se criar o hábito da escrita. Baseando-se nisso, como foi que começou sua relação com os livros? Quais autores você leu? Quais te fascinaram? Você lembra quais livros te levaram a se apaixonar pela leitura?

V.C.A.- Desde muito pequeno fui apaixonado pela leitura. Sempre gostei de livros de História, Geografia e Ciências de forma geral. Li também um pouco de literatura. A leitura de Monteiro Lobato foi fundamental na minha formação. Aos 12 anos li a coleção quase inteira das suas obras.

O Capacitor – Já se adentrando na questão da escrita, conta um pouco para a gente como surgiu esse hábito em sua vida? Você teve alguma influência?

V.C.A. – Na educação básica eu não escrevia quase nada. Inclusive não gostava das aulas de redação. No ensino superior que eu comecei a me identificar mais com a escrita científica e também jornalística. Pude escrever várias monografias na minha área e também artigos para a imprensa durante a minha formação.

Aí tive influência de diversos autores na minha área. Cito Roberto Campos, cujas colunas eu sempre lia aos domingos na Folha de São Paulo e também numa coletânea de artigos (Lanterna na Popa).  Meu avô era jornalista e sempre foi uma referência para mim na imprensa.

O Capacitor – Como é conciliar o processo de escrita a outras áreas de sua vida, como os estudos, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

É difícil. Tenho pouca atividade social. Me concentro mais no trabalho, nos meus hobbies e nos filhos. Hoje consigo equilibrar melhor.

O Capacitor –  Como foi a recepção do público, em especial de seus familiares e amigos, quando você revelou que estava escrevendo um livro?

V.C.A. – Foi positiva. Fui incentivado por muita gente.

O Capacitor –  Há um dito popular que diz que política não se discute, isso mostra o quanto as pessoas ainda são excluídas e estão distantes de uma área que faz toda diferença em nossas vidas. Esse distanciamento, agravado com todos os percalços que as pessoas encontram para acessar os livros, lhe trás mais dificuldades enquanto escritor, tendo em vista sua área de produção? Conta um pouco para gente, quais são as principais dificuldades que você tem encontrado enquanto escritor?

V.C.A. – É isso mesmo. A maior parte da produção acadêmica de Ciência Política fica limitada ao ambiente científico. Circula pouco fora dos muros da academia. O jornalismo político tem uma amplitude maior.  Então a maioria das pessoas entende que, ao falar de política, é preciso se engajar na disputa partidária. É preciso escolher um dos lados em disputa e fazer uma pregação em favor dele. Há muitos trabalhos neste perfil, que são mais propagandistas do que jornalistas.

Meu perfil é mais de um analista político que olha os fatos de fora e procurar identificar os comportamentos e tendências. É algo novo em Mato Grosso. Tenho sido pioneiro, na verdade. Então as maiores dificuldades são no sentido de se profissionalizar tanto na imprensa quanto para a publicação dos livros.

O custo já foi uma barreira. Mas venho superando.

O Capacitor –  Complementando nossa pergunta acima, infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, e com os valores dos livros, o acesso a eles pelos mais jovens tem se tornado cada vez mais difícil. Enquanto escritor, que trabalha com temáticas como a gestão pública, como você enxerga isso? Tem sugestões para que a gente possa começar a mudar esse quadro?

V.C.A. – Enxergo com preocupação. O acesso aos livros hoje está muito mais facilitado por conta daqueles disponíveis na internet e dos e-books. Mas o preço dos livros pode cair muito ainda com políticas públicas mais adequadas de fomento à leitura e na estrutura do mercado na área.

O Capacitor – Agora, falando um pouco sobre o seu livro, O Meta-Jogo Político. Sabemos que ele será a primeira obra lançada pela editora Umanos, que traz uma temática política. Você poderia nos falar um pouco dele? Quando será lançado? Como surgiu a ideia do enredo do livro? Qual foi sua inspiração para escrevê-lo?

V.C.A. – O lançamento aconteceu no dia 20/02/2021. O livro aborda o embate entre os agentes políticos/partidos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) no episódio da discussão em torno da lei 9.096/95. Traz uma apresentação da gênese da lei 9.096/95 no Congresso Nacional e a respectiva revisão judicial, as relações Executivo-Legislativo e os partidos políticos do período. Falo sobre os impactos da lei nesse cenário, e, ao final, discute a resolução TSE 22.610/07.

A ideia surgiu da minha produção científica em Gestão Pública/Ciência Política e também dos artigos na imprensa. Sempre trabalhei com esta temática da governabilidade, statecraft e da qualidade da democracia. Daí veio minha inspiração para trabalhar este tema numa monografia de especialização e buscar a sua publicação. 

O Capacitor –  O cenário político brasileiro, a partir da retomada do pós-ditadura, nunca esteve tão nebuloso. Com a desconfiança da população nas instituições jurídicas e a alta descrença nos partidos políticos, que historicamente se dizia estar ao lado do povo,  como você vê a importância de sua obra dentro desse contexto em que estamos vivenciando?

V.C.A. – É fundamental para compreensão do contexto político e melhor posicionamento como cidadão. Em especial num momento de forte presença do Judiciário na arena política.

O Capacitor –  Ainda sobre o conteúdo de sua obra, nela você aborda o embate entre os agentes políticos/partidos, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Supremo Tribunal Federal (STF) no episódio da discussão em torno da lei 9.096/95 – a Lei que versa sobre os partidos políticos. Você enxerga que esse movimento teve alguma influência no impedimento da presidenta Dilma e na crise política em que nos encontramos hoje?

V.C.A. – Não vejo o impeachment como um resultado direto deste processo. É claro que a Operação Lava Jato teve um peso determinante  naquele contexto, como parte deste contexto de judicialização da política. Ao mesmo tempo que ajuda na resolução dos conflitos a judicialização é expressão de uma crise de representatividade mais profunda e da dificuldade de fazermos mudanças pela via democrática.

O Capacitor – Além do Meta-Jogo Político, sabemos que você tem outros livros lançados. Conta um pouco deles para nossos leitores.

V.C.A. – Já tenho cinco livros publicados e três em fase de editoração.

4 deles pela Umanos Editora – Tenho o Estado da reforma, que trata de administração pública; Paz sob fogo cerrado que aborda a política mato-grossense entre os anos de 1945 a 2002; Administração pública pós-burocrática, que é uma coletânea de artigos científicos nessa área; Política em Gotas Volume 1 que é uma seleção de artigos publicados na imprensa entre 2011 e 2015; e o Meta-Jogo Político.

Em fase de editoração tem o Política em Gotas Volume 1, Governança e Governabilidade na Reforma Bresser e uma coletânea de artigos científicos na área de História.

O Capacitor –  Por fim, gostaríamos de saber o que você poderia dizer para a galera que está começando agora e tem o sonho de publicar seu próprio livro.

V.C.A. – Escreva seu original e busque diálogo com as editoras ou outras formas de publicação. Hoje temos muitas oportunidades nesta área.

O Capacitor – Agradecemos pela atenção e pela disponibilidade. Deixamos aqui esse espaço em aberto caso você queira acrescentar algo mais.

V.C.A. – Agradeço a oportunidade e me coloco ao inteiro dispor de todos. Obrigado pela oportunidade de fico à disposição.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.