Capacitor Entrevista | Margarete Brito, escritora do livro Katarzze – Os Bastidores do Sucesso

Atualmente no Brasil, muitos escritores e escritoras vem despontando no cenário literário com obras de qualidade que prometem arrebatar leitores dos mais diversos gêneros. Recentemente, tivemos a oportunidade de entrevista a queridíssima Margarete Brito, autora do maravilhoso livro Katarzze – Os Bastidores do Sucesso.

Confiram como foi esse bate papo.

O Capacitor – Para começarmos que tal você se apresentar para os nossos leitores. Quem é Margarete Brito?

M. B. – Margarete Brito é paulistana, formada em administração e apaixonada por gatos. Atualmente mora em Mogi das Cruzes, região metropolitana de SP.

O Capacitor – No meio literário muito se fala no hábito da leitura, antes mesmo de se criar o hábito da escrita. Baseando-se nisso como foi que começou sua relação com os livros? Quais autores você leu? Quais te fascinaram? Você lembra quais livros te levaram a se apaixonar pela leitura?

M. B. – Eu acredito que não existe um bom escritor, sem antes ser um bom leitor. É o hábito da leitura que amplia nosso vocabulário, além de nos levar a inúmeras possibilidades de escrita. Tenho uma grande amiga de infância (desde o primário) e sempre estudamos juntas, e a avó dela tinha uma biblioteca enorme, aquilo me fascinava, foi ela que me emprestava livros atrás de livros, que eu devorava. Antes me apaixonei pela biblioteca e depois pelos livros. Rs. Não sei exatamente quais foram os primeiros que li, mas lembro de alguns que me marcaram como A Montanha Encantada de Mª José Dupré, O pequeno príncipe e lógico a famosa Coleção Vagalume.

O Capacitor – Já se adentrando na questão da escrita, conta um pouco para a gente como surgiu esse hábito em sua vida? Você teve alguma influência?

M. B. – Até um tempo atrás eu achava que minha carreira literária havia começado em 2015 quando publiquei meus primeiros contos em formato digital, mas hoje vejo que o amor pela escrita vem de muito antes, na escola eu adorava escrever as redações e sempre tive boas notas. Encontrei na escrita uma forma de expressar meus sentimentos e assim fui cada vez mais dando espaço para versos, textos e cartas (afinal eu fui da geração que escrevia cartas e cartões de Natal e aniversário) no meu dia a dia. Até que após um período difícil da minha vida, em que vivenciei o transtorno de ansiedade e a depressão, a escrita foi uma ferramenta terapêutica nas sessões com a psicóloga, e assim nasceu meu primeiro livro: A Busca de Luna em 2018, ano que comecei a realmente me considerar escritora e trabalhar meus textos e redes sociais com mais profissionalismo.

O Capacitor – Como é conciliar o processo de escrita a outras áreas de sua vida, como os estudos, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

M. B. – A administração do tempo exige foco e disciplina, tenho meu emprego formal na área administrativa, e no momento estou fazendo dois cursos com foco na escrita. Antes ficava dias sem escrever e depois passava um final de semana todo numa história, hoje procuro equilibrar colocando a escrita todos os dias na minha rotina, seja lendo/estudando, planejando, pesquisando ou realmente escrevendo, pois tudo é parte do processo, é como fazer uma pausa para o café da tarde, eu procuro fazer uma pausa para estar em contato com a escrita todos os dias, com o isolamento social por conta da pandemia, tenho estado mais envolvida ainda, e todo tempo livre estou produzindo algo.

O Capacitor – Como foi a recepção de seus familiares e amigos quando você revelou que estava escrevendo um livro?

M. B. – A única pessoa que acompanhou meu processo de escrever um livro desde o começo foi minha terapeuta. Amigos, família e até mesmo meu marido só vieram a saber quando eu já estava caminhando para a publicação independente, embora poucos deles tenham o hábito da leitura, alguns foram bem receptivos (até orgulhosos por conhecer uma escritora. Rs), outros se mantiveram neutros.

O Capacitor – Chamou a nossa atenção que seu último livro, o Katarzze – Os Bastidores do Sucesso, foi lançado de forma independente, através de Financiamento Coletivo. Você poderia contar um pouco para a gente como foi essa experiência e como ela funciona?

M. B. – Sim, primeiro o livro veio da persistência, pois minha primeira tentativa do financiamento coletivo não deu certo, mas eu replanejei e insisti.

O financiamento coletivo é uma forma de arrecadar fundos para todo o processo de publicação do seu livro: capa, diagramação, impressão, com a vantagem que os apoiadores vão receber recompensas em troca do apoio ao projeto, sendo que uma delas é o próprio livro. Como se fosse uma pré-venda.

Dois pontos são cruciais para que o projeto tenha sucesso:

  1. Planejamento: é muito importante ter todos os orçamentos e custos numa planilha: desde o valor da capa, revisões, até o valor estimado de frete e embalagens, sem esquecer da comissão da plataforma, que no caso do Catarse é de 13%. Você precisa ter tudo muito detalhado pois caso atinja sua meta você precisa cumprir os envios, e se calcular errado a diferença pode sair do seu bolso. É possível ver o projeto do meu livro em: https://www.catarse.me/katarzze.
  2. Divulgação: Não conte com a plataforma para te ajudar a vender, você precisa correr atrás desde o começo divulgando, no Katarzze essafoi umas das falhas na primeira tentativa que não deu certo, tentei divulgar já com o projeto no ar. Sugiro fazer um aquecimento, deixar as pessoas interessadas pelo livro antes e quando lançar o financiamento já vai ter pessoas dispostas a apoiar.

O Capacitor – Infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, e com os valores dos livros, o acesso a eles pelos mais jovens tem se tornado mais difícil – o que num futuro próximo pode ficar ainda mais difícil caso os livros sejam taxados.Como você enxerga isso? Tem sugestões para que a gente possa começar a mudar esse quadro?

M. B. – A taxação com certeza vai afetar significantemente o mercado como um todo, mas eu não acho que o problema de acesso a leitura seja os valores dos livros e sim a conscientização da importância do hábito de ler e a grande variedade de entretenimento que cativam, principalmente os jovens: como séries de tv e as redes sociais, e que concorrem pela atenção deles junto com os livros.

Temos ebooks gratuitos diariamente, os clássicos também possuem acesso público grátis, existem as bibliotecas e agora com a pandemia muitas disponibilizaram acervos virtuais.

Acredito que o problema seja despertar o interesse pelos livros e colocá-los de forma que esteja ao alcance de todos, e a tecnologia vem para ajudar com os ebooks, audiolivros e plataformas de leitura.

Eu ainda acredito no futuro do livro, pois vejo que mesmo pais que não tem o costume de ler falam da importância do estudo para os filhos, é essa pequena geração que precisa ser trabalhada para já crescer com esse hábito, não importa se a busca pelo conhecimento será ouvindo um podcast ou audiolivro, caberá a nós autores, encontrar formas de distribuir nossos textos para onde o público está. Falo um pouco mais sobre isso nessa entrevista que saiu o ano passado num jornal da minha cidade: https://odiariodemogi.net.br/cultura/tendência-e-books-tornam-a-leitura-prática-e-acessível-1.2857

O Capacitor – Daqui em diante vamos nos concentrar no seu mais novo livro, o Katarzze – Os Bastidores do Sucesso. Você poderia nos falar um pouco dele? Como surgiu a ideia do enredo do livro? Qual foi sua inspiração para escrevê-lo?

M. B. – Meu contato com o mundo da música é como expectadora, pois meu marido é produtor artístico de um cantor sertanejo da nossa cidade, o que me despertou curiosidade pelos bastidores, afinal a rotina de shows, loucuras de fãs e fama é a camada que todos veem, mas como é por trás disso tudo? O processo de composição de música, a gravação de um disco, a convivência com a família e a rotina da estrada me despertaram para o pano de fundo de uma história que vai além disso.

Com Katarzze eu quis mostrar que antes de ser o artista famoso, aquele vocalista, músico ou equipe técnica é um ser humano, com medos, sonhos e desafios. Que erra e acerta, que ama, odeia e se atrapalha..kkk

O livro está em formato digital na Amazon e o físico pode ser adquirido diretamente comigo através do meu site e redes sociais.

Site: www.margaretebritoautora.com

Instagram: https://www.instagram.com/margaretebritoautora/?hl=pt-br

O Capacitor – Recentemente, tive a oportunidade de fazer a leitura do Katarzze e algumas questões me chamaram a atenção. A primeira delas, foi a riqueza de detalhes trazidas acerca do cenário musical, as relações com os fãs, os empresários, produtores – Os bastidores digamos assim. E ainda sobre a música, no livro você faz uma abordagem dela como algo terapêutico, inclusive a letra das duas composições sugere isso. Você tem experiência nesse meio ou toda essa construção veio através de pesquisas?

M. B. – A maior parte da construção do livro veio através de pesquisa, como disse, meu marido trabalha na área, então eu vi muito desse processo à distância, com essa base busquei mais informações para ambientar a narrativa de uma forma mais verossímil. A única experiência pessoal que trouxe para a história foi num momento que Rômulo decide estudar música e se matricula numa escola, num momento da minha vida eu estudei teclado e coloquei aquela sensação gostosa de uma escola de música na vida do personagem.

Quanto as composições que são de minha autora, na verdade são poesias, pois não tenho nenhum conhecimento de partitura, melodia, essas coisas, eu queria colocar canções que tivessem relação com o momento do personagem e foi esse caminho que encontrei.

Mas eu tive um presente, pelo fato de ter amigos músicos e cantores, um amigo chamado Eddy Luem, fez a melodia da música A resposta é você, que fez parte do booktrailler do livro (https://www.youtube.com/watch?v=b6rnhE3DM88) e pode ser conferida na íntegra no meu canal do youtube em: https://www.youtube.com/watch?v=-n9qgch265s

O Capacitor – Na obra você traz com precisão de detalhes lugares visitados pelos nossos protagonistas, a exemplo de Nova Iorque e do Canadá – inclusive cita muitos pontos turísticos a serem visitados. Assim como o Rômulo e a Roberta, você foi a esses lugares para se reencontrar ou os conheceu através das pesquisas?

M. B. – Infelizmente ainda não tive experiências internacionais na minha vida, então tudo foi muita pesquisa, vários vídeos inclusive de guias turísticos, para me sentir circulando pelas ruas e lugares e colocar isso no livro. Valeu a pena, pois muitas pessoas têm comentado sobre esses detalhes e a impressão de realmente estar conhecendo as cidades. Foi incrível, um dia espero passear por onde Rômulo e Roberta andaram.

O Capacitor – No processo de amadurecimento dos nossos personagens nos aproximamos de elementos como o destino, vocação/dom… elementos de espiritualidade. Diante de um mundo tão difícil que estamos vivendo e considerando que os protagonistas de sua história são, em sua maioria, jovens.. existiu de sua parte alguma intencionalidade para além da obra ao trazer essa mensagem de conforto e esperança?

M. B. – Eu particularmente gosto de livros que deixam algo comigo após terminar a leitura, no Katarzze a todo momento eu quis colocar o ser humano, e não o pop star imune as adversidades da vida, que é uma ilusão.

E sim, eu acho que toda pessoa, conforme vai amadurecendo, percebe o que realmente é importante em sua vida, vai se deparar com alguns vazios e perceber que algumas respostas estão dentro de si mesmo o tempo todo, só que cada um tem o seu momento de despertar para isso e ter uma existência com mais momentos felizes, e esse despertar será uma catarse.

O Capacitor – Ainda sobre o livro, percebemos que a presença da tecnologia é muito forte nele. Tanto ao longo da história, na qual é citado alguns aparelhos de som mais avançado; quanto ao final, ao deixar um QR CODE onde é possível interagir diretamente com você. Como você vê a importância dessas tecnologias para a difusão da leitura no Brasil e as facilidades que elas trazem para seu trabalho?

M. B. – Eu acredito que quem não se adaptar as novas formas de tecnologia perderá espaço no mundo literário, existem os amantes inveterados dos livros físicos, mas as novas gerações estão nos celulares, plataformas de streamings e redes sociais, e se o artista não explorar isso, outro o fará.

Sempre que posso procuro estar dentro das novas necessidades e o QR code foi uma ideia muito legal, que facilita a vida do leitor para se comunicar comigo.

A tecnologia é uma realidade e precisamos usá-la a nosso favor de forma consciente e ética.

O Capacitor – Por fim, gostaríamos de saber um pouco mais sobre seu primeiro livro, A Busca de Luna. Conta um pouco sobre ele.

M. B. – A Busca de Luna, nasceu da necessidade de falar de um tema corriqueiro e ao mesmo tempo que é um tabu: a ansiedade e depressão.

Após passar um período com crises de ansiedade e depressão, eu senti na pele, como muitas pessoas ainda desconhecem realmente esse problema, mas como não sou psicóloga, a forma que encontrei de abordam o assunto foi através de uma personagem romanceada.

Então não é um livro de autoajuda, é a saga de Luna que busca seu sucesso profissional, tem seus amores e se depara com esse problema para lidar e seguir sua vida.

É um livro indicado para maiores, pois contém cenas hot e fala da força do verdadeiro amor: o amor carnal, o amor de amizades verdadeiras e o amor-próprio.

Em 2019 esse livro foi contemplado pelo Profac (programa de fomento a arte e cultura de Mogi das Cruzes) e teve um relançamento muito especial no centro cultural da cidade, onde eu inclusive trouxe uma psicóloga para palestrar sobre a ansiedade.

Veja um pouquinho deste dia: https://www.youtube.com/watch?v=3AjEobxNIYs

Ele também está na Amazon e ainda tenho exemplares físico direto comigo, através das minhas redes sociais.

O Capacitor – Agradecemos pela atenção e pela disponibilidade. Deixamos aqui esse espaço em aberto caso você queira acrescentar algo mais.

M. B. – Eu só tenho a agradecer a você e toda equipe do Capacitor, por todo carinho e atenção comigo e minhas obras.

E me coloco a disposição através das redes sociais para quem quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho.

E tem livro novo querendo nascer!

Até breve!