Capacitor Entrevista | Edirles Mattje Backes, escritora do livro Calcinhas Folgadas e Outras Liberdades Secretas

Numa sociedade onde tem se discutido, cada vez mais, sobre os direitos femininos; algumas obras passam a se destacar pela proposta de romper com os padrões sociais impostos. Uma dessas obras chama Calcinhas Folgadas e Outras Liberdades Secretas, da autora Edirles Mattje Backes e lançada pela editora Umanos.

Edirles Mattje Backes

Ontem, tivemos a oportunidade de conversa um pouco com a autora, confiram abaixo:

O Capacitor – Para começarmos que tal você se apresentar para os nossos leitores. Quem é Edirles Mattje Backes?

EMB – Edirles é uma mulher bem normal, com sonhos, medos, desafios diários, e com uma grande paixão pela literatura. Tenho fases, como a lua, mas a literatura está em todas elas. Não me vejo sem, é como o ar, preciso da literatura para viver plenamente.

O Capacitor – No meio literário muito se fala no hábito da leitura, antes mesmo de se criar o hábito da escrita. Baseando-se nisso como foi que começou sua relação com os livros? Quais autores você leu? Quais te fascinaram? Você lembra quais livros te levaram a se apaixonar pela leitura?

EMB – Então, desde muito pequena me lembro de um livro que eu carregava para lá e para cá, ainda não sabia ler, lembro das imagens: era A bela adormecida. Eu cheirava este livro, era meu companheiro. Muitas leituras de muitos autores, vou citar alguns que mais me fascinam: Erico Verissimo, Clarice Lispector, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Isabel Allende, Gabriel Garcia Marques, Pablo Neruda são maravilhosos. Os livros que me levaram a me apaixonar pela leitura são as lendas indígenas que eu lia na biblioteca da escola onde estudava. Eu ficava horas naquela biblioteca!

O Capacitor – Já se adentrando na questão da escrita, conta um pouco para a gente como surgiu esse hábito em sua vida? Você teve alguma influência?

EMB – Sou apaixonada pelas palavras. Eu nem notei que escrevia. Mas escrevia em guardanapos, folhas, cadernos, a inspiração vem, coloco no papel, amo a relação da mão, caneta, papel… As influências são a leituras que fiz e faço todos os dias, me alimento de palavras …amo as palavras.

O Capacitor – Além de escritora, você é professora, poetisa, mãe… Como é conciliar o processo de escritora a outras áreas de sua vida, como o trabalho, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

EMB – Meu mundo é bem simples, sou caseira, curto família, gosto muito do meu trabalho, de ser mãe dos meus filhotes, que já estão bem crescidos. A escrita me completa, me dá energia para as outras áreas da vida. As palavras me dão muitas alegras!

O Capacitor – Como foi a recepção de seus familiares e amigos quando você revelou que estava escrevendo um livro?

EMB – Recebi muito apoio, assustaram um pouco com o título, mas já se acostumaram…

O Capacitor – Escrever um livro já não é uma tarefa fácil, além disso ainda há um longo caminho até que ele chegue nas prateleiras. Conta um pouco para gente, quais são as principais dificuldades que você encontra enquanto escritora?

EMB – O grande desafio é a divulgação da obra, com a Editora Umanos é super tranquilo, povo querido que cuida de tudo. Mas tornar a obra conhecida nos grandes centros é o desafio de hoje. Pois sonhamos em ter nossa obra conhecida por todos. Este é o desafio hoje: tornar Calcinhas Folgadas conhecido pelo grande público.

O Capacitor – Infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, e com os valores dos livros, o acesso a eles pelos mais jovens tem se tornado mais difícil. Como você enxerga isso? Tem sugestões para que a gente possa começar a mudar esse quadro?

EMB – Quanto mais tornarmos os livros interessantes, atuais, próximos do leitor, mais chances teremos de mudar este quadro. E temos nas escolas um belo espaço para aproximar leitores dos seus livros.

O Capacitor – Agora, falando um pouco sobre o seu livro, Calcinhas Folgadas e Outras Liberdades Secretas. Você poderia nos falar um pouco dele? Como surgiu a ideia do enredo do livro? Quando será lançado? Qual foi sua inspiração para escrevê-lo? (diz também onde ele pode ser comprado)

EMB – Calcinhas Folgadas e Outras Liberdades Secretas são poemas sobre a vida, sobre não querer mais estar atrelada a padrões, sobre querer ser livre, usando o que quiser, da maneira que quiser usar, livre! Os poemas já estavam vivos, Calcinhas Folgadas é uma coletânea de vários instantes de inspiração. Dia 30/11/2020 Calcinhas completou 1 ano de lançamento. E pode ser encontrado no site da Umanos (Calcinhas Folgadas e outras liberdades secretas – Umanos Editora) e na Amazon (Amazon.com.br eBooksKindle: CALCINHAS FOLGADAS: E OUTRAS LIBERDADES SECRETAS, MATTJE BACKES, EDIRLES).

O Capacitor – Ainda falando sobre sua obra, sabemos que além da escrita, existe todo um processo por trás da produção de um livro. Tem a editoração, diagramação, divulgação. Você poderia contar para gente um pouco sobre isso.

EMB – Estas etapas foram muito bem cuidadas pela equipe da Umanos, eu era consultada em cada etapa, mas foi a equipe da Umanos que cuidou de tudo.

O Capacitor – Como o título do seu livro – Calcinhas Folgadas e Outras Liberdades Secretas- sugere, o principal elemento da obra será a liberdade das mulheres. Em tempos tão sombrios, nos quais a violência de gênero tem aumentado cada vez mais, como você enxerga a importância da sua obra nesse contexto?

EMB – Calcinhas Folgadas neste contexto: sou uma mulher, é isso, como pode alguém julgar que por eu ser mulher, valho menos, ou sou menos, ou existo menos? Todas as minhas mitocôndrias ficam em alerta para dizer: sou mulher, e é só isso, não precisa de mais nada, sou uma mulher. Qual o problema de eu ser uma mulher? Ser mulher é muito bom! Desafiador e maravilhoso!

O Capacitor – Sabemos que vivemos em uma sociedade patriarcal, onde ao longo do tempo as mulheres foram sendo subjugadas de inúmeras formas. Uma prática, que ainda hoje é muito comum, é a questão da hipersexualização da mulher. Sua obra vem com um título provocativo, que vai ao encontro do “senso comum”. Como você enxerga o papel das diversas mídias, na reprodução/construção de comportamentos, principalmente aqueles voltamos ao ser/estar mulher na sociedade?

EMB – É verdade, você tem razão, não estou indo a favor do vento da hipersexualização da mulher. Minha bandeira é a do “seja o que você quiser ser, do jeito que quiser e como você se sentir melhor. O que move este contexto é a necessidade de vender produtos, aplicar produtos, enfim, vender, lucrar. Calcinhas Folgadas é: importe-se mais com o que você é, e não com o que você tem. Seja, simplesmente, seja você mesma, com seu corpo, seu cabelo, suas ruguinhas, suas gordurinhas, sua celulite, somos normais, mas a pressão da mídia pela beleza faz com que nos sintamos “feias”. E somos lindas, cada uma com a sua beleza, com a sua luz, com as suas lutas, com os seus mundos. Precisamos olhar para nós mesmas com alegria, com orgulho da nossa vida. Não estamos num comercial de margarina, estamos na vida real, acordamos descabeladas, mas acordamos. Enfrentamos vários leões por dia e continuamos ali, firmes, fortes e doces.

O Capacitor – O Calcinhas Folgadas é sua primeira obra? Já tem planos para outros projetos? O que pode falar sobre eles?

EMB – Calcinhas Folgadas é minha primeira publicação. Tenho uma segunda obra escrita, mas por enquanto está em gestação, já vive, mas ainda não a pari.

O Capacitor – Por fim, gostaríamos de saber o que você poderia dizer para a galera que está começando agora e tem o sonho de publicar seu próprio livro.

EMB – Vá em frente, publicar é maravilhoso, nos dá muitas alegrias. Ver suas palavras sendo lidas por outras pessoas é um êxtase total! Muito gostoso! Procure uma Editora de confiança, com uma equipe querida e que respeite as suas ideias, e publique! Não espere mais!

O Capacitor – Agradecemos pela atenção e pela disponibilidade. Deixamos aqui esse espaço em aberto caso você queira acrescentar algo mais.

EMB – A vida é linda e curta. Bora viver, bora ler, escrever, e ver o lado bom da Vida! Muito obrigada pela oportunidade! Estou muito feliz por estar aqui, compartilhando, neste espaço tão bonito!