88 Mph | 25 anos do Nintendo 64
No último dia 23 de Junho, o Nintendo 64 completou 25 anos de idade. E sendo um dos consoles que mais joguei na vida, mesmo com alguns dias de atraso não poderia deixar passar essa data em branco.
Para quem é gamer old school, o N64 é um video game icônico. Durante muitos anos, ele foi o último console a utilizar cartuchos (o Switch retomou essa mídia recentemente). E isso acabou fazendo dele o lobo de si mesmo. Apesar de ser lembrado com carinho por quem viveu sua época justamente por ter mantido essa tecnologia, ele acabou sendo engolido pelos consoles que utilizavam mídias como CD e DVD, que eram muito mais baratas e permitiam maior armazenamento por um valor acessível.
A data de 23/06 foi de lançamento apenas no Japão, sendo que nos EUA e Europa o console ainda demorou alguns meses para chegar. Porém, já chegou com um dos seus maiores sucessos: Super Mario 64. Além dele, outros ótimos jogos chegaram às prateleiras no mesmo dia de lançamento do console: Pilotwings, Star Wars: Shadows of the Empire e Turok: The Dinosaur Hunter (estes dois últimos apenas na Europa, a princípio).
Mario 64 deve ser até hoje o jogo onde tenho mais horas jogadas em modo single player. E voltaria a jogar hoje facilmente, passando novas dezenas de horas, mesmo sem DLC ou qualquer tipo de atualização. É claro que há o fator saudosismo, mas todos hão de concordar que a game play envelheceu muito bem e que o jogo continua muito divertido.
Talvez o gamer da Geração Z não consiga compreender o impacto que foi poder explorar um ‘mundo aberto’ com total movimentação em 3D pela primeira vez nos anos 90. Fora a quantidade de movimentos que o Mario passou a ter de uma hora pra outra e que conversavam completamente com o cenário e com os inimigos. E a dificuldade para encontrar todas as 120 estrelas? Confesso que eu e meu grupo de amigos precisamos recorrer às revistas com seus ‘Detonados’ (hoje chamados de walkthrough e facilmente encontrada em segundos no YouTube) para conseguir a última. No nosso caso, foi preciso deslizar em um tobogã secreto (que só de ser terminado já dava uma estrela) em menos de 21 segundos.
É óbvio que ao olharmos para questões técnicas hoje, vemos que muita coisa envelheceu mal. E sendo sincero, mesmo na época o N64 já não era incrível em muitos desses aspectos. E posso até ser atacado por isso aqui, mas é o que penso: gráfico, som e muita coisa que se valoriza e busca hoje nos video games nunca foram os pontos fortes da Nintendo. O que eles fabricam e vendem (muito bem, no geral) é diversão. Especialmente em família.
E o N64 também foi pioneiro e referência nisso. O primeiro console a popularizar quatro jogadores simultâneos localmente (nessa época só existia o ‘localmente’). Isso me leva a lembrar outro jogo no qual tenho algumas centenas de horas felizes jogadas: Mario Kart 64. Que alegria que era (e ainda é hoje) poder juntar com os amigos, ter 4 jogando ao mesmo tempo e revezando em torneios de corrida ou até mesmo no modo Battle (o que vocês, xóvens, conhecem hoje como Battle Roayle). 007 Goldeneye também pode entrar nessa lista de jogos multiplayer com diversão garantida (além de ser um baita jogo no single player também, sendo, inclusive, mais legal que o próprio filme no qual se baseia).
Ainda sobre a inovação, outro ponto do N64 foi seu joystick. Esse é um ponto polêmico: há quem ame e quem odeie. Eu, claro, sou time dos que amam. Pra mim, o design ‘diferentão’ é até hoje o melhor já inventado. Encaixa confortavelmente nas mãos e pode ser usado de dois modos diferentes: um focado no direcional difital e outro no analógico (que, por sinal, também foi inovador na época, sendo ‘copiado/aperfeiçoado’ pela Sony quando lançou o dual shock). O botão Z, que ficava embaixo/atrás do analógico, pode ser comparado ao que o polegar opositor representa para os seres humanos. Uma evolução extremamente importante e útil. Pena que as gerações seguintes não deram o devido valor.
Mesmo tendo sido rapidamente engolido pela concorrência muito em razão do alto valor que seus jogos em cartucho custavam, o N64 teve tempo de lançar alguns games que marcaram geração. O principal deles, sem dúvida, é Zelda: Ocarina of Time. Para os fãs, até a chegada de Breath of the Wild no Switch, era o melhor game da franquia (os mais radicais diriam que era o melhor game de todos os tempos e ponto).
Outros games acabaram não tendo a mesma repercussão depois de tantos anos, mas também foram muito importantes na época e ainda são altamente jogáveis hoje. Entre eles, destaco Doom 64 que era um absurdo de beleza pra época e apresentava uma game play fluida, garantindo muitas horas de medo e diversão. Outro que era muito divertido e causava muito caos quando jogado em 4 players simultâneos era Super Smash Bros, que abriu precedente para uma franquia de sucesso até hoje. Mas quando falamos em diversão em família, poucos superam (até hoje) Mario Party. E por fim, outro grande favorito entre os gamers dos anos 90, Star Fox 64. Um deleite para os fãs do original de SNES, que finalmente tiveram uma continuação e que não deixou nada a desejar. Além das inúmeras referências a outras franquias da cultura pop, em especial, Star Wars.
Confesso que os games de esporte não apenas não envelheceram bem, como não eram exatamente os melhores do gênero na época. Não que eram ruins, mas os concorrentes estavam bem perto quando não eram realmente superiores. Destaco International Superstar Soccer 64, quer era muito divertido mas tinha uma movimentação que deixava a desejar comparada com seus próprios antecessores de SNES. A franquia Fifa já era mais do mesmo na época, mas cumpria bem seu papel, sendo mais legal que ISS por ter clubes e jogadores licenciados (novidade até então). Cruis’n USA era aquele jogo de corrida absurdo e simples que amamos e Wave Race 64 é um game de corrida de jet ski (!?) que teve menos atenção do que mereceu e era bem bonito.
É claro que a nostalgia faz tudo parecer mais bonito. Só que o Nintendo 64 realmente marcou uma geração e trouxe muita coisa boa como inovação e que foi aproveitada, evoluindo e sendo usada até hoje. E mesmo você, da Geração Z ou Alpha, pode se divertir muito com esse console hoje em dia. Digo isso pois minha filha de 9 anos simplesmente ama Mario Party. Mas a emoção de jogar com os amigos, tentar descobrir/entender o que era pra fazer na missão, encontrar aquela passagem secreta, vencer aquele boss dificílimo ou simplesmente abrir o presente de Natal (ou aniversário, dia das crianças, etc) e brilhar os olhos…. Isso dificilmente será superado. E como já dizia o meme, “… só quem viveu sabe!“