08 séries que foram canceladas e deixaram o público na mão

Com o recente cancelamento de séries originais Netflix queridinhas do público como The Get Down e Sense8, muito tem se falado sobre o assunto. A própria Netflix, que também era amada pela maioria do público geral, passou a sentir a ira do público.

Embora na maioria das vezes esses cancelamentos aconteçam com aquelas que não estão tendo índices de audiência lá muito bons, todos sabemos que não é a primeira vez que uma série é cancelada mesmo sendo adorada por muitos.

Aqui vai uma breve lista de séries que foram canceladas, goste o público delas ou não, e deixaram seus fãs sem uma conclusão para suas tramas.

01 – Alcatraz

A “Nova Lost”, eles disseram

Quando foi a anunciada, a sinopse era promissora: Alternando entre eras, a série tem seu foco na ilha-prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963, devido ao seu alto custo de manutenção e às suas péssimas condições de segurança aos prisioneiros e guardas. Contudo, ambos prisioneiros e guardas desapareceram em 1963 e estão reaparecendo no tempo moderno atual e estão sendo rastreados por uma agência governamental. Alie-se a isso, o fato dela ser dirigida por J.J. Abrams, o novo “Spielberg” para muitos. Dessa forma, era inevitável o título de “Prison Break encontra Lost“. Havia ainda quem dissesse que ela tinha o “DNA de The 4400 com um fio ou dois separado de FlashForward”.

Mas a expectativa não foi correspondida, e Lost mesmo ficaram os espectadores, que acabaram fugindo da série. Apesar da estreia com cerca de 10 milhões de espectadores nos EUA, nos episódios finais esse número caiu pra menos de 4 milhões.

Isso fez com a que a série fosse cancelada com apenas uma temporada de 13 episódios, deixando alguma pontas como “Por que o diretor do presídio retirava sangue dos prisioneiros? O que era aquela aparelhagem na sala do subsolo? Como tudo aquilo se ligava à um grupo de pessoas viajando no tempo involuntariamente?”

02 – FlashForward

Outra “Nova Lost” de uma só temporada

Um misterioso evento global faz com que todos no planeta desmaiem simultaneamente por 2 minutos e 17 segundos, e faz com que que a consciência de todos sejam lançadas seis meses no futuro, tendo assim visões, os chamados ‘flashforwards’. Quando todos acordam, o caos se instala pois, enquanto o blackout (como é denominado o evento) acontecia, muitos acabaram morrendo em acidentes envolvendo veículos, aviões, incêndios, atropelamentos, entre outros tipos de incidentes“.

A interessante sinopse acima, é da já citada anteriormente, FlashForward. A série foi dirigida pelo conceituado roteirista David S. Goyer, que entre outros, escreveu nada menos que o roteiro da trilogia do Cavaleiro das Trevas. E mais uma vez, a audiência dos EUA foi determinante para o cancelamento da mesma. Os números começaram em torno de 12 milhões e já estava em queda, quando na pausa do episódio 10, despencaram.

No entanto, a série tinha uma boa aceitação geral. Chegou a receber 72% de pontuação no Metacritic e excelentes 89% no Rotten Tomatoes. A série também chegou a ser tida como “a nova Lost”, muito provavelmente por ter dois atores que tiveram papeis importantes primeira, assim como o próprio conceito e palavra que a denominam surgiram na ilha que aprendemos a amar/odiar.

Nada disso foi suficiente para esconder alguns buracos no roteiro e segurar a audiência. A série teve só uma temporada e deixou muitas perguntas, e como não fosse suficiente, no último episódio um novo apagão ocorreu, dessa vez ainda mais impactante que o primeiro, e os seus desdobramentos jamais serão esclarecidos.

03 – Firefly

Firefly ainda tem fãs que aguardam seu retorno, quase como um Messias

Talvez essa não seja uma série que mereça estar nessa lista pois, de certa forma, ela acabou tendo um ‘final’ em formato de filme, em Serenety. Entretanto, esse não era o final que a série merecia e não convenceu os fãs, mesmo que este só tenha acontecido por conta deles.

Explica-se: Firefly foi uma série criada por ninguém menos que Joss Whedon, até então famoso por ter criado a aclamada série Buffy e seu spin-off Angel (ainda viria a ficar ainda mais famoso escrevendo as HQs de Astonishing X-men e escrevendo/dirigindo o filme Os Vingadores).

Mesmo tendo apenas uma temporada de 14 episódios, a série é considerada uma das melhores do gênero sci-fi (e olha que temos Star Trek aí nesse grupo, hein?), ela angariou uma legião de fãs (no sentido de fanáticos mesmo, nesse caso) que ficaram enlouquecidos com o seu cancelamento, tanto que conseguiram que a Universal reunisse toda equipe para a produção de Serenity.

Para a Fox, que produziu a série, ela não teve a audiência esperada. No entanto, Whedon alega que foi a emissora que não a tratou como esta merecia. A emissora colocou no ar apenas 11 dos 14 episódios e fora da ordem cronológica (!) tornando sua compreensão ainda mais difícil. Chega a dar margem pra que se considere a ideia de boicote.

Mesmo depois do filme que concluiu a série, ainda houve o lançamento de HQs sobre ela, curtas e até um RPG. Há ainda rumores de que haja um remake, ou retorno para a série, alimentados até pelos atores.

04 – Fastlane

Fastlane era puro hormônio nas nossas manhãs de Domingo

Diálogos simplistas (alguns diriam pobres), muita ação, sex appeal e um orçamento absurdo de mais de 2.5 milhões de dólares por episódio. A receita certa para o sucesso que o produtor McG já havia experimentado em As Panteras e que o público odiava amar. É era basicamente isso mesmo: um monte de clichês que fariam os fãs da (infinita) franquia Velozes & Furiosos atingirem o nirvana a cada episódio.

Mas veja bem: as vezes tudo que se quer é uma boa dose de hormônios em ação e pouco compromisso com a seriedade, e nem sempre procuram algo digno de Emmys. E não há problema nenhum nisso. Era puro entretenimento descompromissado.

Fastlane agradou muito ao público de 2002, e fez a alegria de adolescentes brasileiros em plenas manhãs de Domingo no SBT. Porém, não foi assim lá fora, e a audiência não tão satisfatória aliados ao altíssimo custo da produção acabaram levando a série a um racha entre seus produtores e acabou por ser cancelada com apenas uma temporada de 23 episódios.

05 – Freaks and geeks

Freaks and geeks tinha potencial mas acabou virando apenas uma obra cult cancelada

Se você fosse perguntado ‘o que Segurando as pontas, Ligeiramente grávidos, O virgem de 40 anos e Superbad tem em comum?’, pensaria em algumas respostas óbvias: são comédias escrachadas e politicamente incorretas, piadas ácidas e talvez até de mal gosto, drogas são recorrentes assim como alguns dos atores no elenco. O que você talvez não saiba, é que o produtor executivo por trás de todos esses (goste ou não) sucessos, é Judd Apatow. O mesmo também produziu o hoje cult Freaks and geeks.

Apesar de ter atingido muito sucesso posteriormente nas telonas, o produtor mesmo não o atingiu com a série de 1999 que tinha muito potencial. O próprio elenco ainda era desconhecido à época, mas grande parte também viria a alcançar a glória anos depois, pelas mãos do próprio Apatow, como James Franco, Seth Rogen, Jason Segel e Linda Cardellini.

A série, como o nome sugere, trás dois irmãos adolescentes, ela matematleta que acaba ficando amiga de uma turma, digamos, intelectualmente desfavorecida e bem rude, os freaks; e ele um pré-adolescente sensível que andava com uma galera geek e, obviamente sofria bullying. Tudo isso em uma cidade fictícia próxima a Detroit nos anos 80.

As atuações eram irrepreensíveis e o roteiro também muito promissor. Tanto que o primeiro ganhou um Emmy (melhor roteiro) e o segundo teve duas indicações. Mesmo assim, a série teve apenas 18 episódios e foi cancelada antes mesmo do fim da primeira temporada. Toda equipe e elenco demonstram muito carinho por ela, mesmo 15 anos depois. Seth Rogen, um dos freaks, disse há algum tempo que quando teve a oportunidade de confrontar um dos responsáveis pelo fim da série o mesmo disse que Apatow não ouvia seus comentários, e a NBC não via com bons olhos os fatos dos desajustados sociais sempre se darem mal nas mãos da galera cool.

Como se não fossem suficientes roteiro, elenco e produção executiva, a trilha sonora também era muito boa. Confira, por exemplo, a abertura da série:

06 – Brimstone

Brimstone, uma série sobrenatural, com comentários ácidos sobre religião

Em 1983, um policial de Nova York chamado Ezekiel Stone (Peter Horton) teve a esposa estuprada. Ele perseguiu e prendeu o agressor, no entanto, este acabou inocentado. Indignado, Stone acabou matando Jax, o criminoso. Meses depois, Stone foi morto e foi para o inferno. Não por ser um mal policial, afinal, Stone era um dos policiais mais condecorados da cidade, mas sim, porque teve prazer ao matar Jax.Acontece que 15 depois, em 1998, 113 almas fugiram do inferno e o Diabo (John Glover) escolhe Stone para voltar à Terra e capturar os fugitivos.

Essa era a sinopse de Brimstone, mas uma das séries não tão adequadas ao horário que o SBT não se importava de exibir nos Domingos de manhã, para nossa alegria. No entanto, quando ela estreou por aqui, já havia até sido cancelada pelos EUA. Além do SBT, Warner Channel, Fox e AXN também transmitiram a série em uma época em que TV por assinatura era muito menos acessível e em que suas emissoras não se preocupavam muito em respeitar o espectador, afinal os horários eram totalmente irregulares. Pior ainda foi o SyFy, que de quase ninguém sequer lembra que existe e passou apenas em maratonas esporádicas, tipo época de halloween, por exemplo.

A série foi mais um dos casos que tinha uma história promissora, mas que acabou cancelada pela falta de audiência esperada. Durante os 13 episódios que teve, a série mostrou que tinha muito potencial e tinha como forte o grande carisma e química entre os protagonistas e seus personagens. Horton, que fazia o Diabo, estava no auge de sua fama por aqui por interpretar Lionel Luthor (pai de Lex) em Smallville, embora tivesse feito Brimstone anos antes.

O Diabo era tipo um Mestre dos Magos, aparecia do nada para aparentemente dar pistas, que nem sempre ajudavam, e por muitas vezes mais atrapalhavam. Carregando sempre um sorrisinho, Glover roubava a cena quando aparecia.

Além das atuações, o roteiro foi se elaborando bem ao longo de seus poucos episódios, com uma dinâmica atraente e prendia bem o espectador, que queria saber o que aconteceria com Stone, que toda vez que conseguia mandar uma alma de volta para o inferno atirando nas janelas da alma (olhos), tinha uma de suas tatuagens desaparecida. Misturando elementos de ocultismo e religiosidade em geral, que fazia muito sucesso no fim dos anos 90 por conta do fim do mundo iminente e tal, esse acabou sendo também um dos principais motivos de sua derrocada. O tema estava batido. Uma pena. Nunca saberemos se Stone havia realmente sido escolhido pelo Diabo ou pelos céus, por ter sido um policial exemplar quase toda sua vida e, assim, merecia uma segunda chance.

08 – Um anjo muito doido

Um anjo muito doido fez a alegria da molecada nas tardes do SBT

Pra encerrar, mais um seriado apresentado ao jovens brasileiros em meados dos anos 90, mas dessa vez, nas tardes de dia de semana, no horário do almoço (conhecido como horário nobre para o comédia no SBT).

Aqui, tínhamos Marty DePolo, um jovem de escola secundária que um dia encontra um hamburger embaixo da cama de seu melhor amigo, Steve, e resolve, obviamente, comê-lo. Acontece que o hamburger estava ali a seis meses (?!) e Marty acaba por morrer (?!?!). Ao morrer, Marty conhece o primo de Deus, Rod (Ron Glass, único ator mais renomado da série) e volta à Terra como anjo da guarda de Steve, em uma vibe meio Padrinhos Mágicos.

Esse era o “muito doido” plot da série Um Anjo muito doido (Teen Angel, originalmente) que teve apenas 17 episódios, apesar de parecer muito mais pra quem acompanhou suas quase eternas reprises no SBT. Apesar disso, ou por conta disso, a série acabou fazendo muito sucesso com o público infanto-juvenil em sua época e até hoje é lembrada com carinho por quem a acompanhava, bem como lamentada por não ter tido uma conclusão. Quase uma Caverna do Dragão em versão sitcom americana.

Os principais elementos que levaram a série ao sucesso por aqui, era seu humor simples, muito claro nas broncas de Rod que vinham através de um humor irônico e também por elementos não muito convencionais (talvez visionários) para sua época, especialmente a quebra da quarta parede por Marty. Infelizmente, teve sua simplicidade e tentativas um tanto ousadas confundidas com repetição e loucura, respectivamente. Especialmente pelo formato batido à época, e já dominado por séries como Fresh Prince of Bel-air, conhecida por aqui como Um Maluco no Pedaço.

 

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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