Review | Promesa
Muita gente dificilmente consideraria Promesa um jogo. O que faz um jogo… Ser considerado um? A vasta maioria cita a diversão. Um jogo precisa obrigatoriamente gerar satisfação em quem joga. Outros citam os visuais. O game deve ser bonito, com gráficos realistas. Embora não ache os exemplos acima incorretos, acredito que existem diversas denominações para se usar ao se classificar um jogo.
Promesa faz parte de uma minoria. Ele não possui gráficos realistas. Ele não possui uma jogabilidade complexa e muito menos diverte. Então, qual a promessa de Promesa? Sua peculiaridade, charme e poder reside em seu propósito. Promesa faz com que os jogadores abram suas mentes e almas, remexendo emoções poderosas e inseguranças trancafiadas no lugar mais profundo de cada um de nós.
Funcionando como um Walking Simulator, com cerca de 40 minutos de duração, Promesa toca profundamente em um dos maiores medos de todo e qualquer ser humano: o esquecimento. Somos ávidos pela vida. Por planejar, aprender, construir. Mas, e quando perdemos o controle de nossa própria mente? Será que algum dia chegamos a controlar ela? Tantas pessoas ficaram pra trás na história de cada um de nós. Até nossos momentos favoritos, pessoas mais amadas, lugares mais visitados, acabam se tornando um borrão na imensidão da mente humana.
Com simplicidade e ao mesmo tempo complexidade, Promesa toca em todas essas questões que norteiam a nossa vida. O envelhecimento, a depressão, a luta para manter memórias preciosas.. O poder do jogo é amplificado graças a impecável parte sonora, cumprindo com perfeição seu papel de aumentar a imersão de quem joga. Sem saves, o jogo te obriga a ser golpeado totalmente de uma única vez. E, eu garanto, ele bate forte!
Sem divertir, sem gráficos realistas e sem violência, Promesa se enquadra em uma classificação diferente de jogo. Uma que se aproxima da própria arte. O objetivo aqui é fazer refletir e ter propósito. É causar transformação. Em meio a um maremoto de projetos comerciais, Promesa é um tsunami que convida cada jogador a se conectar com as próprias dores.
OBS: Esta análise foi feita graças a um código do jogo para a plataforma PlayStation 4 cedido pelo Fantastico Studio. Nós agradecemos bastante o apoio!
OBS 2: O jogo foi desenvolvido por Julián Palacios. Você pode seguir o desenvolvedor no Twitter através deste link.