Crítica | Warrior Nun – 1ª Temporada (Netflix)

Warrior Nun, série original Netflix lançada esse mês na plataforma, é um misto de fantasia e ficção sobrenatural, seguindo o familiar planejamento da jornada do herói. São dez episódios com duração média de quarenta e cinco minutos, dirigidos por Simon Barry (Continuum e Bad Blood) e estrelados pela portuguesa Alba Baptista.

Criada por freiras no orfanato durante anos, acordar em um necrotério e descobrir superpoderes é, no mínimo, surpreendente. Ava Silva logo de início conquista o público com sua vontade em descobrir até onde é capaz e a maneira positiva com que enxerga as possibilidades. Baptista incorpora a personagem cheia de sonhos e desejos com realismo plausível.

Diante de um mundo disponível, novos personagens vão aparecendo à medida que a garota avança nas descobertas. Aqui, a série se abre em um leque de diversidade, com personagens de etnias distintas e também da comunidade LGBTQI+.

O “milagre” que a trouxe de volta à vida é, na verdade, um artefato celestial protegido por freiras guerreiras (daí o nome da obra) e usado na batalha contra demônios. Contudo, Ava não deveria recebê-lo, e agora está entre membros da Igreja que a enxergam como “a escolhida” e outros que ameaçam sua vida para recuperar o halo.

Baseada nos quadrinhos homônimos de Ben Dunn, a história tem forte presença feminina e discute religião e ciência como duas esferas independentes e distintas. No entanto, brinca com o fato de dependerem uma da outra de forma simultânea.

Como já dito, a presença das mulheres é ampla, com nomes que se destacam em suas personalidades. As opiniões, por vezes contrárias, geram pequenos conflitos na trama, mas não são colocadas em posição de disputa feminina. Pelo contrário, todas amadurecem de alguma forma, se tornando essencial para as resoluções futuras.

Entre passado e presente, reunindo os indivíduos sob o olhar do catolicismo, as críticas religiosas moldam as escolhas. A fé é colocada à disposição da manipulação e a crença, frequentemente, é discutida com base nos fatos.

Como uma verdadeira jornada para se tornar a heroína, Ava sobrevive aos erros para amadurecer, logo, se construindo em alguém capaz de escolhas que promovam o bem futuro.

A produção deixa a desejar em cenas de ação, justamente por tratar de um grupo de guerreiras batalhando contra criaturas perigosas. Os conflitos, em sua maioria, são mais teóricos, deixando o telespectador ansioso para ver as mulheres na prática. Quando acontece, já no final, somos surpreendidos com o encerramento da temporada.

Apesar do ritmo mais lento, Warrior Nun tem charme. A beleza da fotografia espanhola se completa com os figurinos obscuros. Luz e escuridão se enfrentam em cenários majestosos, banhados com uma trilha sonora agradável e coerente. A construção da trama gera perguntas durante os oito primeiros episódios, e se permite responder metade delas apenas nos últimos.

Pelas pontas soltas deixadas, com o final tão em aberto, talvez uma segunda temporada seja confirmada em breve, nem que seja para satisfazer a mente curiosa do público. Em um saldo definitivo, Warrior Nun vale o tempo dedicado, mas poderia ter sido muito melhor.

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