Crítica | Meu Pai (The Father)

Meu Pai (ou no original The Father) é um filme que recebeu 6 indicações ao Oscar desse ano, sendo três delas algumas das mais importantes: Melhor Filme, Melhor Ator (Anthony Hopkins) e Melhor Atriz Coadjuvante (Olivia Colman). E só por isso, já mereceria sua atenção.

Na história, Hopkins dá vida a Anthony (sim, o mesmo nome do ator). Ele é um senhor de idade avançada que desde o primeiro momento em cena já demonstra algumas das características mais comuns a pessoas dessa idade. Sua filha Anne (Colman) chega para conversar com ele depois que sua última cuidadora o deixa por ele ser difícil de lidar. Ele alega que não precisa de ninguém pra tomar conta dele.

Em poucos minutos já dá pra perceber a intensidade da atuação de ambos. Há muita química entre pai e filha e somos totalmente convencidos daquela relação e que os problemas e dores são reais. Também logo entendemos o que acontece: Anthony tem alguma questão que envolve sua memória e sua percepção do mundo. Não fica claro qual é essa questão. Aparentemente não é dito em momento nenhum do filme o que ele tem de fato, mas alguns veículos colocam como ‘demência’.

O grande diferencial do filme, sem ser as atuações impactantes, é a forma como a narrativa se dá. Com algum tempo de filme percebemos que estamos acompanhando a história pelo ponto de vista do personagem principal e, por isso, somos enganados ou ficamos tão confusos quanto ele às vezes já que confiamos no que ele vê e/ou nos conta.

É aí que o filme se torna incrível. A narrativa aliada às atuações nos dão uma noção muito próxima do que deve ser a mente de uma pessoa com a mesma questão de Anthony. É triste, intenso, doloroso e difícil. Não apenas para ele, mas também para a filha e quem mais venha a se relacionar de perto com ele.

Quem presta atenção em detalhes técnicos como fotografia, enquadramento e paleta de cores, o filme também é uma delícia. Não que no geral seja um filme fácil de gostar, só quem curte bastante dramas e curte esses aspectos técnicos. Afinal, é um filme com ares de independente e com uma história bem simples.

De toda forma é fortemente recomendado e como o Oscar desse ano está bem nivelado, sem nenhum filme se destacando muito, tem boas chances de levar algumas estatuetas.

Thiago Amaral

Geek inveterado e consumidor assíduo e voraz de cultura pop. Enquanto não está lutando com a Aliança Rebelde, dá aulas de Inglês. Curte Marvel & DC. Retro Gamer. Conhecido no underground como Pai da Alice.

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