Capacitor Entrevista | Matheus José, fundador da Editora Vecchio e escritor do livro Entre Uma Dose e Outra de Amor

Entre os dias 30 de Agosto e 08 de Setembro, acontecerá na cidade do Rio de Janeiro um dos maiores eventos nacionais da literatura, a XIX Bienal Internacional do Livro – evento que acontece a cada dois anos.

Esse grandioso evento reunirá milhares de leitores, escritores e editoras no intuito de promover os livros através de uma série de atividades – como sarais, rodas de conversas, palestras, música e muito mais.

Para celebrar esse grande encontro, entrevistamos o Matheus José – fundador da Editora Vecchio e escritor do livro “Entre Uma Dose e Outra de Amor“.

Matheus José

Confiram essa conversa.

O Capacitor – Bom, para começarmos que tal falar um pouco de você. Quem é Matheus José?

M.J. – Eu sou um rapaz que sempre vivi através dos meus sonhos, mas sem deixar a realidade de lado. Sou de Juazeiro/BA, criado em Petrolina/PE e atualmente resido em Palmas/TO. Graduando em Letras e suas Literaturas pelo Instituto Federal do Tocantins, escritor e empreendedor. Hoje, busco levar o amor por onde passo, principalmente por minha literatura, que é meu oxigênio diário. 

O Capacitor – Acho que a pergunta que todo mundo tem vontade de fazer a um escritor é: como surgiu o hábito da escrita? Teve alguma influência?

M.J. – Fui criado com meu pai compondo seus repentes – típico do Nordeste – em sua rede. Aos nove anos comecei a tecer os meus primeiros versos e nunca mais parei. A literatura, mais tarde, virou o meu meio de expressar meus sentimentos. Aos 14 anos, comecei a me relacionar com vários escritores, principalmente por mediação da rede SESC, e fui motivado a publicar meu primeiro livro – “Pensamentos de um Andarilho”, aos 15. Hoje tenho participação em 04 antologias e cinco títulos publicados, entre eles, o mais novo, “Entre uma dose e outra de amor (2019)”.

O Capacitor – Como é conciliar o processo de escrita à outras áreas de sua vida, como o trabalho, a vida pessoal, o tempo com os amigos?

M.J. – A literatura está em todos os momentos da minha vida, então em qualquer momento possa ser que a inspiração chegue e eu precise anotar no celular ou em um pedaço de papel. Mas também tenho meu momento de privacidade criativa, principalmente acompanhada de um bom vinho ou cerveja.

O Capacitor – Como foi a recepção de sua família quando você revelou que estava escrevendo um livro?

M.J. – Eles sempre apoiaram a minha escrita e recepcionou com alegria a conquista.

O Capacitor – Quais são as principais dificuldades que você encontra enquanto escritor?

M.J. – Hoje eu trabalho no mercado editorial – abri a Editora Vecchio em 2017 – e vi mais ainda que o mercado editorial brasileiro é complicado. Por falta de incentivo e pela deficiência estrutural da leitura, livro é um produto caro e pouco valorizado.

O Capacitor – Infelizmente, no Brasil, ainda existe muita resistência acerca da leitura, em especial, em relação ao acesso aos livros pelos mais jovens. Como você enxerga isso? Tem interferência em seu trabalho?

M.J. – Infelizmente vivemos em uma sociedade que, por consequência da falta de vergonha e compromisso dos nossos representantes, a educação e cultura não são tratadas com a devida importância. Inicialmente, quando eu entrei no universo do mercado livreiro e me deparei com esses obstáculos, eu passei pelo desânimo e até pensei em desistir. Porém, o amor e o desejo de mudar o cenário, pelo menos um pouco, foi maior e continuei na literatura, de forma mais ativa. Comecei no ativismo realizando eventos na região do Vale do São Francisco (Petrolina, Juazeiro) e isso foi se expandido para outras cidades e estados.

Evento promovido pela Editora Vecchio

O Capacitor – Você já tem alguns prêmios no meio literário e quatro livros publicados – Pensamentos de um Andarilho (2015), Dante e Beatriz (2015), Orion (2016) e Uma Janela para o Coração (2018). Você pode falar um pouco sobre cada um deles? Do que se trata? Qual foi sua inspiração para escrevê-los? Onde pode ser encontrado?

M.J. – Na verdade são cinco publicados (risos). Além desses, tem o meu mais novo, “Entre uma dose e outra de amor (2019)”.

O “Pensamento de um Andarilho” foi a obra de estreia, com poesias feitas quando eu tinha 13, 14 anos. O “Dante e Beatriz”, foi o meu primeiro e único romance, uma homenagem aos 750 anos de Dante Alighieri. “Orion” é um conto que tem como o tema central a depressão e suicídio, tendo como cenário a cidade de São Paulo. “Uma janela para o coração” foi um livro feito para amigos e leitores mais próximos, foi o resultado de várias crônicas publicadas em sites. Todos esses não estão sendo comercializados.

O mais novo, publicado em 2019, é o “Entre uma dose e outra de amor”. Com esse livro eu comecei uma nova fase na literatura, com poemas que abordam as relações amorosas atuais. Junto ao livro, também trabalho o projeto “Poesia de Botequim”, um sarau itinerante que já passou por Pernambuco, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e já tem agenda pra Tocantins, Goiânia e Distrito Federal. O livro pode ser adquirido pelas minhas redes sociais (@matheusjose_s), autografado ou pelos sites da Americanas, Magazine Luiza, Submarino ou Livraria Bok2.

O Capacitor – Você tem novos projetos em vista? Pode antecipar alguma coisa para a gente?

M.J. – Hoje não tenho mais nenhum livro em vista pros próximos anos. Decidi dar uma pausa na publicação e focar na graduação, que já está em reta final. Mas continuo nos projetos literários pelo Brasil.

O Capacitor – Sabemos que para além da escrita de um livro, ele passa por editoração, diagramação, publicação, distribuição.. Você pode nos contar um pouco sobre todos esses processos?

M.J. – Particularmente, eu acho uma fase muito gostosa e cheia de ansiedade. A editoração se baseia na criação de capa, diagramação (sempre a partir da identidade visual do autor), registro ISBN e Ficha Catalográfica. Após isso, o livro segue para a gráfica, onde é impresso. Os exemplares são vendidos por mim ou em lojas virtuais, como Americanas, Submarino, Magazine Luiza, etc.

O Capacitor – Além de escritor, você é fundador de uma editora – a Vecchio. Qual é a ideia por trás da criação dela? Nos fale um pouco sobre isso (Conta como é o processo de negociação com o escritor até que o livro seja publicado – as etapas do processo).

M.J. – Eu tive problemas com o mercado editorial com a publicação dos meus livros, principalmente no apoio para Marketing e eventos. Notando que era um problema comum, abri em 2017 a Editora Vecchio, com o foco em Petrolina/PE e Juazeiro/BA. O trabalho se expandiu e hoje estamos em nove estados. A nossa meta é valorizar a literatura nacional jovem. O autor submete seu original para análise e, se aprovado, iniciamos o processo de publicação com a edição, sempre respeitando a identidade visual do autor. Após isso, o livro é impresso, enviado para o autor e publicado. Nosso trabalho continua com eventos, marketing e assessoria, além da venda em grandes lojas virtuais brasileiras.

O Capacitor – A editora Vecchio tem apostado em muitos escritores iniciantes. Esse é o público alvo da editora ou é mais por conta das oportunidades de negócio?

M.J. – Sim, nossa paixão é a literatura jovem. Acreditamos que o jovem é o futuro do Brasil, mas isso só será realmente fundamentado, se houver abertura para projetos, ideologias e trabalhos.

O Capacitor – Ainda sobre o campo da publicação, um dos principais debates da atualidade é acerca da expansão dos ebooks. Como você vê, enquanto fundador de uma editora, essa nova tendência da atualidade? As tecnologias têm sido facilitadoras no processo de criação e divulgação da escrita?

M.J. – Acredito que a tecnologia possui, em sua essência, uma dualidade: o lado bom e o lado ruim. Nesse lado bom, podemos citar o e-book, o audiobook. Em um mundo e, principalmente um país, onde a jornada de estudo, trabalho e trânsito é enorme, o e-book é uma ótima saída para incentivar a leitura diária. Pra mim, o importante é formação de leitores, e essas tecnologias pode sim auxiliar nessa meta.

O Capacitor – Por fim, gostaríamos de saber o que você poderia dizer para a galera que está começando agora e tem o sonho de publicar seu próprio livro. 

M.J. – Bom, é importante saber que é um caminho árduo e cheio de obstáculos, mas o sonho não pode ser deixado de lado. É importante ter foco, persistir e buscar um caminho (editora) em que a valorização seja palavra de ordem. Com certeza, toda a luta será recompensada em cada leitura, citação, relato e abraço.

O Capacitor – Agradecemos pela atenção e pela disponibilidade. Deixamos aqui esse espaço em aberto caso você queira acrescentar algo mais.

M.J. – Eu só tenho a agradecer aos meus leitores, clientes e, neste momento, em especial, ao ‘O Capacitor’, pelo convite, espaço e carinho. Juntos, podemos formar um Brasil mais leitor, mais cultural.

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