Review | Tom Clancy’s Ghost Recon: Wildlands
Tom Clancy’s Ghost Recon é uma série de jogos, lançada em 2001, de tiro em terceira pessoa focado no esquema tático e estratégico, mais até mesmo do que na própria ação, não que esta última não esteja presente.
A diferença de Ghost Recon para outros shooters, é que diferente da ação frenética, o game te permite planejar e comandar sua própria equipe para realizar a missão da maneira que julgar melhor.
E agora, a Ubisoft nos traz Ghost Recon: Wildlands com uma abordagem atual, contextualizada e, de certa maneira, realista do shooter tático.
Um dos maiores marcos de Wildlands, é que este é o primeiro shooter tático a se passar em um mundo aberto. Localizado na Bolívia, você é parte de um pequeno grupo tático que chega ao país para derrubar um enorme cartel do tráfico de drogas, liderado por El Sueño. E, como qualquer líder de cartel, não é fácil chegar à cabeça de uma organização diretamente. Então, a mecânica do jogo consiste em ir derrubando os líderes dos territórios até que se consiga informação suficiente para chegar ao grande chefe.
Formado por pelas paisagens e estradas sinuosas, o mundo aberto do game transborda a competência com que foi feito. Como boa parte do cenário são paisagens mais remotas, com bases de traficantes em meio à natureza local, o cenário não possui tanta “vida” com NPCs em seus afazeres. No entanto, isso não tira o realismo do cenário que em diversos momentos dá vontade de parar de admirar.
Como todo jogo em mundo aberto, a liberdade de escolha é fundamental, e aqui não foi diferente. Com uma grande variedade de veículos, armas e customização de personagem, é possível se deslocar pelo cenário, se vestir e atacar da maneira que o jogador preferir. Uma das melhores coisas em Ghost Recon: Wildlands é o seu modelo de jogabilidade. Por se tratar de um grupo tático e de operações “low profiles”, é extremamente divertido usar dos meios que o jogo oferece para analisar os cenários e traçar o seu plano de invasão de acordo com a localização do objetivo. O jogo te dá total liberdade para decidir como executar as suas missões. É possível concluí-la sem alertar um guarda sequer, ou eliminando toda a base de operações.
Outro ponto interessante é a liberdade no momento da escolha das missões. Não há uma ordem cronológica exata, o que permite que o jogador escolha suas missões na ordem que preferir, trazendo um dinamismo ainda maior à experiência
O cenário do game é extremamente amplo, assim como o cartel que precisamos derrubar. Ao verificar o mapa, é possível ver a “teia” que liga os membros do grupo e a quantidade chega a ser intimidadora. Derrubar El Sueño não é uma tarefa fácil.
Um dos problemas de Wildlands é a sua narrativa. Apesar da jogabilidade bem afiada, a forma como vamos acompanhando a história não é das mais envolventes. Com algumas poucas cenas e diálogos espalhados pelo jogo, a história vai sendo contada em doses homeopáticas, o que faz com que ela seja esquecido ao longo do jogo, e, não fosse pela diversão de executar as missões, às vezes é possível se esquecer o motivo de todas as invasões e execuções.
O modo multiplayer do game traz uma proposta extremamente interessante. Como o game é focado em uma equipe tática, nada faria mais sentido do que poder formar essa equipe com os seus amigos. E ,apesar de algumas poucas falhas no servidor, o modo online funcionou bem. O ponto negativo no entanto, fica para quando, mesmo contra a nossa vontade, o jogo começa a tentar alocar-nos, de maneira insistente, em uma partida pública. Mas, nada que chegue a atrapalhar a experiência.
Por se tratar de um shooter tático, é de se entender que o combate corpo-a-corpo não seja contemplado no game. Contudo, às vezes, nos momentos de urgência, faz falta poder dar uns socos em seus inimigos.
Ghost Recon ainda traz coisas boas de outros jogos que a Ubisoft lançou recentemente. Assim como Watch Dogs 2, um dos melhores jogos de 2016, é possível usar um Drone, que é da máxima utilidade no momento do seu planejamento. Com o aparelho é possível marcar os inimigos, preparar sua rota de entrada e saída, bem como marcar inimigos para que seus soldados possa abatê-los antes mesmo de iniciar a sua invasão.
Em uma era onde os shooters que realmente recebem atenção são os de tiro em primeira pessoa, Ghost Recon é a prova de que os shooters em terceira pessoa merecem muito mais atenção do que recebem atualmente na indústria. Com lindos cenários, sistema tático bem trabalhado e um mundo aberto bem trabalhado, Ghost Recon: Wildlands é um grande acerto da Ubisoft, com uma experiência envolvente, divertida e muito bem trabalhada.