Resenha | Trono de Vidro – Sarah J. Maas
Inspirada por contos de fadas e um desejo de encontrar mais mulheres sendo retratadas como protagonistas guerreiras, Sarah J. Maas revelou um baú infinito de criatividade, nos levando para um mundo amplo e complexo de magia com a série Trono de Vidro.
Sou suspeita a falar, é minha série preferida… tentarei ser justa aqui. A premissa atrai, inicialmente, os leitores afincos de fantasia e aventura. Passada em tempos de batalhas com espadas, castelos, mantos e coroas, o primeiro livro conta a vida de Celeana Sardothien, a assassina mais famosa de Adarlan. Traída e levada às Minas de Sal de Endovier, há muito perdeu a esperança. O príncipe Dorian, procurando alguém à altura da competição do rei, oferecerá a garota a chance de liberdade caso vença, se tornando a campeã do rei e sua assassina profissional pelos próximos quatro anos.
Parece um objetivo pequeno para seguir lendo, mas aos poucos J. Maas nos envolve numa escrita enriquecida de detalhes, desde clima e ambiente ao quesito cultural de vários países. Sua personagem vai além de uma assassina, tem gostos pessoais específicos, um passado misterioso e argumentos infalíveis para receber o título imponente. Ao descrevê-la com força e medo, humor e princípios, Maas constrói uma personagem rica em humanidade, impossível de ser ignorada ou amada.
A competição nada mais é do que uma série de provas impostas a pessoas insignificantes à sociedade, onde os perdedores voltarão para o lugar de onde foram tirados. Além de ser a única mulher e ainda jovem, Celeana recebe como ordem do Capitão da Guarda, Chaol Westfall, se manter sob o pseudônimo de uma ladra de jóias comum de nome Lilian. Enquanto engole provocações de assassinos e ladrões, sendo obrigada a esconder as verdadeiras habilidades, Celeana acaba se envolvendo em um triângulo amoroso que de maneira alguma interfere na história. A torna interessante, revelando o lado da amizade muito acima de qualquer sentimento romântico.
A magia é introduzida aos poucos, quase como se temperasse a trama com lendas, religião e línguas perdidas. O Rei de Adarlan, figura temida, ao passo que avança na conquista de territórios, escravizando grupos rebeldes, também assassina praticantes da magia e a proíbe em suas terras. Nesse primeiro livro temos vislumbres de até onde a magia pode chegar, algumas nuances, como as Marcas de Wyrd.
Quando competidores começam a ser brutalmente assassinados nos corredores do castelo, Celeana percebe que o destino da magia está interligado aos crimes, indo em busca de descobrir a verdade para salvar a própria vida e das pessoas ao seu redor.
Contado em terceira pessoa, Trono de Vidro intercala pontos de vista, nos aproximando tanto do príncipe herdeiro (protagoniza um relacionamento conturbado com o pai) quanto do capitão da guarda (homem íntegro e leal à coroa), os transformando mais do que simples personagens secundários. A presença da princesa Nehemia (sua nacionalidade referencia os povos africanos) cria um novo tentáculo dentro da trama, uma cultura para ser comparada, assim como reforça a imagem de força e amizade feminina.
Sabendo como a série de livros continua, só posso garantir que à medida da entrada da magia se torna foco, mais profundo e complexo o mundo criativo de Sarah J. Maas se torna.