Resenha | O Teste – Joelle Charbonneau
Como criar adultos cruéis? Submeta suas versões ainda adolescentes a um Teste que definirá seu tempo de vida, onde fazer escolhas sábias levará à linha de chegada. Confiar demais pode leva-lo a morte.
Escrito por Joelle Charbonneau, O Teste, primeiro livro da trilogia, conta a história de Cia Vale, uma garota com sonho de se formar na escola e ter a chance de concorrer a uma vaga na Universidade. Ela só não esperava que o teste oferecido fosse, literalmente, caso de vida ou morte.
Se você já ouviu falar de Jogos Vorazes (Suzanne Collins), conhece o tom pesado da série. Em O Teste, talvez, seja um pouco pior. Temos adolescentes, entre quinze e dezesseis anos, desejando arduamente que suas notas da escola os levem direto à chance de ajudar a Comunidade das Nações Unificadas a reestruturar o que foi devastado pela guerra.
Charbonneau abusou do tom sombrio para driblar o clichê. No auge de Jogos Vorazes e Divergente (Veronica Roth), essa seria apenas mais uma distopia, certo? Errado. O Teste é composto por quatro fases, feito na capital do país, dentro de um prédio onde os escolhidos estão confinados (é, eu também pensei no BBB). A escrita pragmática ajudou na rápida leitura. Escrito em primeira pessoa, não encontramos diálogos desnecessários para preencher página. Apesar de em certos parágrafos as emoções da personagem soarem repetitivas, é preciso entender a turbulência dos acontecimentos.
Aconselhada pelo pai de que o Teste é perigoso, Cia chega às novas hospitalidades cheia de insegurança, o que a faz estar um passo à frente de qualquer outro candidato. Em meio ao perigo e ao suspense, ela consegue se manter inteligente, observadora, altruísta e com nível de emocional e racional bastante equilibrado. Mantém suas crenças e princípios, independentemente da situação; prendendo a atenção do leitor. Os personagens secundários têm profundidade suficiente para torna-los humanos críveis, mas esperava mais de suas histórias, assim entenderíamos melhor como alguns se tornaram assassinos, e outros, vítimas.
Se por um lado a descrição do externo foi bem trabalhada, as fisionomias deixaram a desejar. Em compensação, Joelle não tem pena, usa da ansiedade e impulsividade dos adolescentes para tirar nosso ar a cada final de capítulo.
O maior problema desse livro foi o time da Única Editora. Erros gramaticais risíveis e uma estrutura confusa que dificulta saber quem está falando. Imagino se teria sido uma experiência perfeita se outra editora tivesse trazido para o Brasil. É possível que as novas edições tenham sido corrigidas, mas, caso não, seria um erro deixar de ler por essa única questão.