Resenha | O Doador de Memórias – Lois Lowry

E se você descobrisse que a sociedade em que vive não é tão perfeita quanto pensava e tivesse diante de si a possibilidade de mudar isso, mesmo que levasse dor as pessoas que ama? Essa é a principal questão do livro O Doador de Memórias, da autora Lois Lowry.

Lois Lowry

Lançado no Brasil pela editora Arqueiro, em 2014, O Doador de Memórias é o primeiro livro de uma quadrilogia – os outros livros são: A Escolhida, O Mensageiro e Filho. Na trama conhecemos Jonas, um garoto de 12 anos que cumpre as regras de sua sociedade e é feliz no seu núcleo familiar e tem bons amigos, em especial Asher e Fiona. Tudo ia bem até a Cerimônia dos 12, evento que escolhe a atribuição das pessoas na sociedade, é quando Jonas se torna o Recebedor – uma posição única e que exige um grande sacrifício do escolhido, já que envolve muita dor e é solitário – e começa a questionar a perfeição de sua vida e a querer poder fazer suas próprias escolhas.

Os 3 primeiros volumes da quadrilogia

Apesar de ter sido uma leitura muito rápida é interessante acompanhar o amadurecimento de Jonas, na medida em que ele vai recebendo as memórias. As escolhas que ele precisa fazer, bem como a ingenuidade em descobrir um mundo “apagado” nos remete as descobertas que fazemos ao longo da vida.

Uma situação do livro em que provavelmente fará os leitores pensar bastante e fazer associações com os dias atuais, foram as pílulas inibidoras – que faz os personagens não ter sentimentos. Com o aumento alarmante dos problemas psicológicos e uso frequente de psicofármacos e outras drogas, muitas pessoas vivem em estado permanente de letargia perdendo totalmente o prazer da vida, o que torna a sociedade do livro muito próxima a que vivenciamos hoje, onde muitas pessoas vivem em permanente estado de “dormência”.

Apesar de Lowry fazer algumas escolhas para sua obra que pode não agradar a todos os leitores – como não se aprofundar muito nos personagens e nem explicar o que houve com o mundo e o que levou aos Anciões optar por construir uma sociedade “mecanizada”, a Mesmice – a obra surpreende pelos questionamentos que levanta e nos fazer refletir sobre a sociedade que estamos construindo.


Curiosidades:

O Doador de Memórias foi adaptado para os cinemas em 2014, tendo a direção de Phillip Noyce e no elenco Jeff Brigdes e Meryl Streep.


Sinopse

Em O doador de memórias, a premiada autora Lois Lowry constrói um mundo aparentemente ideal onde não existem dor, desigualdade, guerra nem qualquer tipo de conflito. Por outro lado, também não há amor, desejo ou alegria genuína.
Os habitantes de uma pequena comunidade, satisfeitos com a vida ordenada, pacata e estável que levam, conhecem apenas o presente o passado e todas as lembranças do antigo mundo lhes foram apagados da mente. 
Um único indivíduo é encarregado de ser o guardião dessas memórias, com o objetivo de proteger o povo do sofrimento e, ao mesmo tempo, ter a sabedoria necessária para orientar os dirigentes da sociedade em momentos difíceis. 
Aos 12 anos, idade em que toda criança é designada à profissão que irá seguir, Jonas recebe a honra de se tornar o próximo guardião. Ele é avisado de que precisará passar por um treinamento difícil, que exigirá coragem, disciplina e muita força, mas não faz ideia de que seu mundo nunca mais será o mesmo.
Orientado pelo velho Doador, Jonas descobre pouco a pouco o universo extraordinário que lhe fora roubado. Como uma névoa que vai se dissipando, a terrível realidade por trás daquela utopia começa a se revelar.

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