Resenha | Coroa da Meia-Noite – Sarah J. Maas
Resolvi que leria novamente minha saga favorita e faria resenha de todos os livros – obviamente, não é castigo nenhum. Comecei por Trono de Vidro e agora sigo para o segundo da série escrita pela americana Sarah J. Mass. Se você é contra spoiler, eu vou sugerir que leia o primeiro livro antes, a resenha dele está aqui (sem spoiler). E caso não se importe, com Coroa da Meia-Noite eu darei mais motivos para investir na leitura.
A Galera Record trouxe ao Brasil os livros em suas capas originais e tradução ao pé da letra, o que é um benefício para o leitor, visando o sentido que dão na história. Na sequência de Trono de Vidro, Celeana Sardothien sobreviveu a escravidão de Endovier e ao duelo final da competição para se tornar a campeã do rei, pessoa responsável pelo trabalho sujo do tirano. O custo dessa vitória, no entanto, vai além do que a maioria dos olhos pode ver, incrustrado na magia que deveria estar extinta.
Atormentada pelas novas descobertas, Celeana está destinada a reafirmar sua posição como Assassina de Adarlan sob o novo título de Campeã do Rei. Simultaneamente, optar por viver longe da magia parece uma possibilidade distante. O esforço para fugir do próprio destino se torna mais cansativo do que aceitá-lo, e à medida que defende aqueles que ama, os dilemas morais se tornam uma cadeia.
Nesse livro as aventuras se intensificam e os conflitos se tornam mais violentos; justiça é alcançada sem misericórdia e a base de muito sangue, cumprindo a promessa sombria. A parte boa de Celeana se parte ao passo que suas escolhas se extinguem, restando apenas uma opção, sempre entre a vida e a morte, a escravidão ou salvação. Guiada pela razão, que clareia seus princípios, os relacionamentos que lutou para construir ruem junto a esperança de um dia ter uma vida normal, e sua verdadeira identidade começa a ser uma ameaça para si mesmo.
A escrita de Maas, se ouso dizer, consegue se superar; poética, detalhista e humanizada, capaz de diferenciar as vozes de tantos personagens fortes. O príncipe Dorian e o capitão Chaol ganham mais espaço, se tornando além de par romântico ou um rosto bonito, mas peças importantes para o seguimento. Estar sob o olhar de outros personagens, como da princesa Nehemia e do próprio rei, nos dá informações que sequer Celeana conhece.
O universo particular ganha proporções maiores, uma riqueza de civilizações, de histórias que regem o mundo atual, vislumbres de como a magia costumava ser e do que é capaz de fazer agora. Novas criaturas surgem, como as bruxas, mas muitas vezes um simples homem é tão perigoso quanto. Cada detalhe, ambiental ou histórico, costura o livro até torná-lo essa arte.
Um mal muito maior, proferido pelo Rei de Adarlan, promete assolar a vida daqueles cuja consciência está alheia aos mistérios mágicos, e resta Celeana dedicar a própria vida para libertar escravos e barrar os avanços do rei antes que seu mundo se torne apenas mais um túmulo. Coroa da Meia Noite é, indiscutivelmente, um reforço ao que Maas tem a contar e, sem dúvida, faz promessa de abalar a atmosfera futura.