Resenha | A Cidade de Vapor: Contos Reunidos – Carlos Ruiz Zafón
“Ficamos ali de mãos dadas, vendo uma avalanche avassaladora de nuvens carmesins cobrir o céu, e chorei, finalmente me sentindo feliz.”
Um dos desejos mais profundos da humanidade é alcançar a imortalidade. Ainda nos parece impossível levar nosso corpo físico a posteridade, mas através dos nossos feitos deixamos um legado que ficará para sempre.
Em 2021 choramos a morte de um dos maiores escritores de nosso tempo, o Carlos Ruiz Zafón, que nos devolveu o prazer de nos perdermos em uma boa história de mistério e ação. Após livros como a quadrilogia do Cemitério dos livros esquecidos, Marina, Luzes de Setembro, entre outros… Eis que fomos presenteados com A Cidade de Vapor – Contos reunidos, obra que reuni todos seus contos já publicados nos mais variados formatos e momentos, além de alguns inéditos.
Lançado pela Suma, A Cidade de Vapor é como um baú de tesouro, no qual a cada abertura de suas páginas, somos imediatamente transportados para uma áurea de mistério e horror das ruas de Barcelona, por meio de 11 contos.
Ler Zafón é ter calafrios, palpitações e se emocionar muito com personagens memoráveis e tragédias que nos remete ao próprio inferno na Terra. A Cidade de Vapor nos brinda com um passeio por temas, lugares e personagens que aprendemos amar na quadrilogia do O Cemitério dos livros Esquecidos. Em cada um dos contos, vemos como a perda da inocência frente a realidade, por vezes cruel, se torna um dos assuntos centrais de sua escrita. Assim como elementos fantásticos que beira o sobrenatural, servem para trazer à realidade, promessas de uma vida de riquezas e amores proibidos, que diluem as dores da vida.
“… um homem deve caminhar enquanto ainda tem pernas, falar enquanto ainda tem voz e sonhar enquanto ainda conserva a inocência, porque, mais cedo ou mais tarde, não poderá mais ficar em pé, não terá mais fôlego e não perseguirá sonho algum além da noite eterna do esquecimento.”
A Cidade de Vapor é um tributo e um agradecimento a Carlos Ruiz Zafón, que ressignificou o que é ser escritor e deixa órfãos, tão comuns em suas histórias, milhões de leitores que (re)descobriram a paixão pela leitura nas ruas amaldiçoadas de Barcelona.