Leitura Dinâmica: Monstros
Aviso logo, os pequenos spoilers são inevitáveis, então leia a sua conta e risco, mas discuta a vontade caso já tenha lido. E caso não tenha, vá comprar!
Em primeiro lugar acho que vale a pena ser dito que se você é uma dessas pessoas que precisa de uma história mastigada, cheia de falas que explicam o que está acontecendo porque você não consegue entender (ou criar teorias) sozinho, passe longe de Monstros, você não vai gostar. Por sua vez, se você for um verdadeiro apreciador de quadrinhos, com um pingo de criatividade ou que tenha assistido muitas séries do estilo tokusatsu (como Spectreman, Ultraman e afins), essa publicação é perfeita para você e eu duvido muito que você não se sinta satisfeito ao final da leitura, como eu me senti.
Resumindo de modo simplista: alguns monstros gigantes, no melhor estilo Godzilla, parece que se cansaram de atacar só ao Japão e resolveram se enfiar aqui no Brasil, mais especificamente em Santos. Mas não se engane, apesar do nome e dessa chamada a narrativa não tem como ponto alto os três monstros e sim um personagem que só surge no meio do livro, o Pinô.
Mas voltando ao Pinô, ele é um senhor magro e de barba branca que tem um bar e gosta de pescar. Afora isso, ele é um caçador de monstros e criaturas. E como eu sei disso se não há falas ou explicações? É obvio: ele é o único que sabe o que fazer. Misturando todo seu conhecimento entre magia e ciência (ao menos, assim eu interpretei) e muita disposição e vontade, ele consegue criar uma solução para o problema e salvar a cidade. E por quê? Porque era o que ele precisava fazer, afinal seu bar havia esvaziado por conta dos monstros. Você poderia duvidar dele ou dessa história se você quisesse, como qualquer conto de pescador, mas eu não duvidei nem por um segundo. Ele é o cara e com certeza merece um espaço no próximo filme dos Mercenários.
Além do enredo, que eu achei muito divertido, a HQ está muito boa em relação aos traços também. São simples, finos e cartunescos, como é característica dos trabalhos do Gustavo, e passam tudo que é preciso: emoções, sentimentos, momentos e movimentos. Achei que a paleta de cores poderia ter mais umas duas cores, em alguns momentos, dando um contraste maior, mas tudo bem. Acredito que é “culpa” da capa, que me fez esperar algo em vermelho ou amarelo, eventualmente, mas isso nem de longe estraga a obra como um todo.
Vale ainda citar que existem inúmeras referências e, sem citar a última página (que é um banho delas e a minha preferida da publicação), você vai ver tokusatsu, locais de Santos, Laerte, Aleister Crowley e por ai vai… uma delícia para quem gosta de ficar olhando atentamente quadro a quadro e procurar todos os detalhes e brincadeiras que o Gustavo Duarte colocou. Tenho certeza que eu não encontrei tudo ainda.
Recomendo! E espero ansiosamente que outras histórias do corajoso Pinô sejam contadas, no mesmo estilo.