Game of Thrones S07e07 | Westerosis, assemble!

Aviso: Contém spoiler dos episódios já exibidos da sétima temporada.

Depois de tanta espera, chega ao fim mais uma temporada de Game of Thrones. Após seis episódios que se esforçaram, em detrimento da coesão, para levar as coisas a um certo ponto, o season finale vem para fechar este arco e deixar o tabuleiro pronto para o conflito final que deve ser o foco principal nos seis episódios da oitava, e última, temporada.

Após a execução do (estúpido) plano de conseguir um exemplar dos mortos para mostrar a Cersei a real ameaça, o que custou a Daenerys um de seus dragões, é realizada a grande “CPI dos mortos” em Westeros. Como não poderia deixar de ser as coisas correm tensas em meio aos encontros de desafetos antigos que há muito não se viam. Obviamente, quase tudo desta temporada tinha de levar a este momento.

Um dos pontos mais interessantes do episódio foi o cuidado e a atenção dada ao Fosso dos Dragões , local que servira de cenário para a grande reunião. O Fosso é de grande importância para a história dos Targaryen, e informações como as inseridas no episódio ajudam a enriquecer a ambientação da série, algo que sempre foi uma das características mais fascinantes do universo de Gelo e Fogo.

Entretanto, o encontro não ocorre como planejado. Ao negar se manter neutro no conflito entre as rainhas, Jon acaba colocando em risco tudo aquilo que foi sacrificado pela trégua. Entretanto, Tyrion consegue reverter a situação entregando, junto com Lena Headey (Cersei), uma das melhores atuações e diálogos do episódio.

Uma vez de volta à Pedra do Dragão, Theon e Jon Snow entregam outro que foi um dos melhores diálogos da temporada. Theon, que fora criado com Jon, traíra os Starks e vivera para pagar por isso, reconhece o amargor que sente por suas atitudes.

Na série não é tão evidente como nos livros, mas a relação entre Jon Snow e Theon Greyjoy nunca fora das mais amistosas. O  Greyjoy que sempre o caçoara por ser um bastardo, ou qualquer outra razão que encontrasse, confessa que de certo morto admirava Jon, o que deixa a entender que uma certa inveja pairava ali. E é interessante como o perdão de Jon e ser reconhecido como um Stark por este deu forçar a Theon para superar os seus traumas e decidir lutar por sua irmã. Alguns dirão que é clichê, mas atuação pontual, especialmente de Alfie Allen (Theon), entregou uma cena extremamente tocante e justificável.

Outro dos pontos alto do episódio foi o rompimento (tardio) entre Cersei e Jaime. Ao descobrir que o armistício era apenas mais uma tramóia, Jaime decidi partir para o norte e lutar a guerra que importa, não sem antes confrontar a sua irmã e amante.

Uma das coisas que mais incomodaram durante esta temporada (e continuam a incomodar), era o modo como as atitudes de Cersei sempre foram relevadas por Jaime, aquele que sacrificara sua honra para salvar a cidade. Obviamente, Jaime também tem uma moral questionável. No entanto, passar toda uma temporada sem sequer uma linha de diálogo sobre a explosão do Septo de Baelor, parece algo surreal.

Outro ponto interessante neste núcleo foi o tempo gasto para falar mais uma vez sobre a Companhia Dourada, que aparentemente será o reforço final dos exércitos de Cersei. A companhia mercenária que fora criada por Aegor Açoamargo, irmão de Daemon Blackfyre, pode acabar sendo uma deixa para justificar um possível spin-off sobre as rebeliões Blackfyre. (Não custa sonhar)

Um dos maiores objetos de reclamação nesta temporada foi a confusa relação entre Arya e Sansa. Enquanto uns criticavam a suposta falta de lealdade Sansa, outros questionavam o excesso de intolerância de Arya. A brigas inconsistentes e, por muitas vezes, desproporcionais acabaram por ser uma grande trama para acabar com Mindinho, o que faz sentido quando analisamos a relação entre os irmãos que se reencontraram com muito custo.

Apesar do desperdício que é um personagem como Mindinho morrer dessa maneira, é compreensível que com o rumo que a série esteja tomando, não haja mais espaço para ele. (Fica para os livros todo o potencial do personagem.

De todo modo, foi interessante ver as irmãs agindo em harmonia e consonância. Depois de tudo que as irmãs passaram, seria estranho que toda essa desconfiança e inimizade fosse real.

O que deveria ser o ponto mais marcante do episódio, acabou por ser um dos pontos mais inconsistentes do episódio. Com a chegada de Sam a Winterfell, já era esperado que algumas informações fossem trocadas com Bran. No entanto, a conversa entre os personagens pareceu um tanto desconexa e gratuita, sem falar expositiva.

Ao encontrar com Sam, que questiona se Bran se lembraria dele, o jovem Stark responde que “se lembra de tudo”. Assim, Bran diz que precisa falar com Jon para contar-lhe sobre sua real paternidade e que seu sobrenome de bastardo seria Sand e não Snow.

Sabendo sobre a relação sobre Rhaegar e Lyanna, Sam conta a Bran sobre a anulação do seu casamento com Elia Martel e da celebração de uma nova união, conforme documentado pelo Septão Maynard, o que parece ter sido uma completa surpresa para Bran, o Corvo de Três Olhos que pode enxergar tudo que já aconteceu no presente e no passado.

Não bastasse essa inconsistência, o episódio exibe mais uma vez o flashback do nascimento de Jon, quando Ned Stark fica sabendo que o nome real do seu sobrinho era Aegon Targaryen (Que era o nome do filho primogêntio de Rhaegar. Ao menos nos livros). Da forma que nos fora apresentado anteriormente, Bran já saberia o real nome de Jon, onde ficaria explícita a sua legitimidade. Um diálogo bem confuso e contraditório a serviço de um suspense mal realizado.

Obviamente, o diálogo teria que ocorrer de maneira expositiva (Até certo ponto) para que o público que ainda não conseguiu ligar os pontos o fizesse de uma vez por todas. No entanto, em meio às informações expostas, o diálogo abre mão se sua coesão, entregando um momento revelador para alguns e incômodo para outros.

De todo modo, foi bacana ver o pequeno flashback do casamento entre Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark, enquanto Bran conta que a Rebelião de Robert acontecera baseada em uma mentira. Apesar do Rhaegar apresentado ser a cara do Viserys, o que imediatamente nos afasta de todas as coisas boas que ouvimos sobre o personagem e nos faz lembrar do quão insuportável era o irmão mais novo.

Em meio as revelações de Bran e Sam, é mostrada a culminação do romance entre Jon Snow, agora Aegon Targaryem, e Daenerys que foi construída desde o meio da temporada. Os dois vinham se aproximando de maneira cada vez menos sutil ao longo dos episódios. Contudo, o mais interessante foi o olhar de Tyrion ao perceber a união dos dois. Não fica muito claro se era ciúme, desconfiança ou preocupação, mas sabemos que isso deve ser mais explorado na próxima temporada. (Será Tyrion o terceiro traidor!?)

Assim, somos levados à cena final, onde finalmente temos a chegada dos mortos na Muralha e a primeira investida do exército do Rei da Noite contra a terra dos vivos. Diferente do que muitos diziam, este não era o Dragão de Gelo, uma vez que com seu fogo (raio?) azul foi possível derrubar uma porção da muralha e finalmente abrir o caminho para que o confronto final aconteça na próxima temporada. A queda da Muralha já era algo previsto, contudo muitos deviam esperar que ela caísse como um todo por um motivo um tanto mais impactante que um dragão queimando uma parte.

A sétima temporada se encerra com um episódio de altos e baixos. Com momentos de fan services, incoerências, tensão, humor e emoção, Game of Thrones conseguiu entregar todas as emoções que vem transmitindo ao longo desta temporada em mais um episódio. É notório que a redução dos episódios vem prejudicando os roteiros, que muitas vezes precisam levar de um ponto ao outro abrindo mão da razão. De todo modo, a história segue em frente entregando momentos incríveis e ainda sendo digna do amor de seus fãs.

Com uma temporada que pode chegar só em 2019, fica aberta a temporada de especulações, maratonas, releituras e discussões.

(Ainda faremos mais uma análise da temporada como um todo em breve).

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