Especial Dia das Crianças | Filmes que marcaram nossa infância
Todos nós que hoje somos adultos e consumidores de Cultura Pop já fomos crianças que foram iniciadas nesse culto. Existem diversas áreas para as quais podemos ter enveredado, ou tivemos maior afinidade: games, quadrinhos, RPG, animes… Mas uma delas, por mais que hoje talvez nem seja sua especialidade, certamente teve grande influência nos seus gostos e possivelmente em sua paixão nerd: os filmes.
Toda criança teve um filme que marcou essa fase da vida e pode ter a influenciado mais do que possamos perceber. Em alguns casos esse filme é um live action, mas na maioria das vezes é uma animação.
Fazendo uma breve pesquisa com nossos redatores e amigos, percebemos que um dos principais fatores para que um filme marque a infância de alguém é o fato de ter sido o primeiro a ser assistido no cinema. E que muitas vezes esses filmes não eram, necessariamente, voltados para esse público. Notamos também, que alguns deles são comuns a muitos e, curiosamente, isso independe da idade da pessoa. Fez parte da infância de pessoas de idades variadas.
Fizemos, então, uma breve lista com os títulos mais citados. Vamos dividi-los em três categorias: animação, live action e nacionais.
Animações
Não há como falar sobre filmes da nossa infância sem citar animações, até porque, durante muito tempo esse segmento foi quase que exclusivamente dedicado aos pequenos. E é curioso como não importa a época, elas sempre estão em alta e são quase sempre bem sucedidas. É claro que as animações da Disney estão no topo dessa lista.
O filme que foi citado por cerca de 9 entre 10 entrevistados foi O Rei Leão. Apesar de ter sido lançado em 1994 e ter atingido em cheio ao público alvo daquela geração do meio para o final dos anos 80 e início dos 90, o filme continuou fazendo um sucesso estrondoso nos anos que se seguiram.
Independente da frequência e até mesmo da razão pela qual assistíamos (muitas vezes os pais colocavam as crianças pra assistir ao filme na esperança de ter um ‘pouco de paz’ por pelo menos uma hora e meia), não há como ter assistido a esse clássico na infância e não ter vivido a experiência que ele proporcionava. Sua história, que foi baseada em algumas outras obras clássicas como Hamlet (de Shakespeare) e Bambi (da própria Disney) e até mesmo em José e Moisés (da Bíblia), continua emocionando incontáveis crianças (e adultos) ao redor do mundo, tanto que é até hoje uma das três maiores bilheterias da Disney, arrecadando 987 milhões de dólares. Apenas para comparação, Pocahontas (que é outro filme que foi citado nessa pesquisa) foi produzido na mesma época e teve orçamento de 60 milhões, e arrecadou ‘apenas’ 346 milhões, enquanto O Rei Leão teve orçamento de 40 milhões e faturou quase o triplo.
Ainda nesse grupo, podemos incluir também Mulan que foi bem citada na pesquisa.
Outra animação muito citada foi Toy Story. Nesse caso, valem os três filmes da franquia lançados até agora, fator que contribui para que diferentes gerações considerem este como um item essencial nas suas memórias de infância. Assim como o citado anteriormente, esse filme é não apenas um marco na vida de milhões de pessoas até hoje, mas também na história dos filmes, já que foi o primeiro totalmente feito por computação gráfica.
O primeiro filme lançado em 1995 atingiu praticamente o mesmo público de O Rei Leão, mas com uma pegada bem diferente, sem as músicas e muito mais alegre. Seus personagens centrais, os brinquedos, acabaram se tornando também objetos de desejo de todas crianças da época.
Sua sequência, Toy Story 2 de 1999, também fez muito sucesso e já atraiu um público diferente, tanto as crianças mais novas quanto aqueles que talvez já nem fossem mais crianças, afinal, cinco anos se passaram entre os dois filmes. Mesmo assim muitos foram ao cinema para assistir sozinhos, sem crianças, o que ainda era um paradigma àquela época.
Quando Toy Story 3 foi lançado em 2010, aquele público do filme original já era adulto e não se
Live Action
Nessa categoria tivemos muitas respostas, muitas delas apontavam para filmes que nem tinham a pretensão de atingir o público infantil, e por vezes já eram antigos quando assistidos por essas crianças. É impressionante observar como algumas obras são realmente atemporais e vão muito além de uma análise mais simplória. Há sim muito da influência dos pais, mas definitivamente, na maior parte das vezes os pequenos gostam destes por filmes porque eles são mesmo muito bons. É um equívoco pensar que crianças não tem opinião própria, seus próprios gostos. Se fosse assim, qualquer filme voltado ao público infantil seria um sucesso e não haveria tantos que caíram no esquecimento.
Como dito, é inexplicável o sucesso atemporal de algumas obras. Star Wars é, sem dúvida, o maior exemplo disso quando se fala de cinema. O filme de 1977 continua até hoje atingindo a todos, independente da idade, e não demonstra qualquer tipo de desgaste (nem mesmo aponta para um fim).
A franquia foi citada por muitos na pesquisa. Não apenas o primeiro, pois é quase que obrigatório assistir e gostar de todos (ou quase…) da franquia. Claro, sempre há um favorito, ou pele menos aquele que marcou mais.
No meu caso em particular, me marcou pois foi o primeiro filme ‘não-infantil’ que assisti no cinema com meu pai. Foi em 1997, quando o primeiro filme foi relançado nos cinemas com uma versão ‘remasterizada’ com novas adições digitais, em comemoração ao 20 anos de lançamento original. Nunca me esquecerei da sensação. Foi paixão à primeira vista.
E quase vinte anos depois disso, quando O Despertar da Força foi lançado, apresentei os outros filmes à minha filha, então com 4 anos. Não imaginava que ela fosse gostar tanto. Ela hoje é fã da Princesa Leia e, especialmente, do R2-D2 e do Yoda.
Tenho certeza que assim como fez parte da minha ‘pré-adolescência’ e hoje faz parte da infância da minha filha, Star Wars fez e continuará fazendo parte da história de muita gente por muitos anos.
Outra obra cinematográfica que é atemporal é Curtindo a vida adoidado. O clássico da Sessão da Tarde foi lançado em 1986 e fez parte do imaginário de 10 entre 10 crianças e adolescentes dos anos 80 e 90. Todos queriam ter a criatividade e sorte de Ferris Bueller para matar aula.
O filme que tem uma premissa bem simples e teve um orçamento muito baixo, até hoje é um ícone quando se pensa em aproveitar a vida. Chega a ser até filosófico! John Hughes, considerado o mestre dos filmes adolescentes dos anos 80, consegue ir bem no âmago do seu público alvo, e não apenas dos americanos, como pode ser notado em outras obras como Gatinhas e Gatões ou O Clube dos Cinco. As situações e aventuras vividas por Ferris e seus amigos poderiam ter acontecido com qualquer um de nós (exceto a parte de dirigir, claro). E mais do que isso: nós queríamos ser como eles!
Apesar de ter sido feito focando nos adolescentes, as crianças acabaram curtindo muito também, pois queriam que suas vidas pudessem ser daquele jeito nos anos que viriam. É claro que a massificação do filme que nesses 30 anos já foi exibido um sem-número de vezes na TV colaborou para que nós o carreguemos em nossas memórias, especialmente os que cresceram em uma época sem internet e tv a cabo.
Assim com esse, alguns outros filmes ‘Sessão da tarde’ foram citados na pesquisa, como A Lagoa Azul, De volta para o futuro, Jurassic Park, Batman (aquele do Tim Burton) e Jumanji. Nenhum desses foi pensado para ser tão querido por menores de 10 anos (talvez o último, por se tratar de um jogo de tabuleiro, mas mesmo assim…).
Filmes nacionais
Hoje em dia os filmes brasileiros dedicados ao público infantil são poucos e quase sempre não agradam tanto aos pequeninos, ou pelo menos não conseguem competir com os super heróis americanos e animações. Contudo, houve uma época, especialmente no meio dos anos 80 e início dos 90, em que esses filmes estavam em alta. Os preferidos eram Os Trapalhões e eram seguidos de perto pela Xuxa. Talvez vistos hoje, esses filmes possam parecer pobres em diversos aspectos, mas quem não viveu essa época jamais saberá o quão divertido era ir com os amigos e familiares ao cinema assisti-los. Não havia uma criança dessa geração que nunca tivesse visto a um desses filmes, mesmo que tivesse sido apenas em casa.
Como dito, vários filmes da Rainha dos baixinhos poderiam ser citados por aqui, mas sem dúvida o maior clássico dessa geração foi Lua de Cristal. O filme que tem um ‘quê’ de Cinderela, com direito a Sérgio Mallandro como príncipe encantado (?!), foi simplesmente a maior bilheteria da década de 90 (!!) no cinema nacional, tendo sido assistido por mais de 5 milhões de pessoas.
A história certamente agradava mais às meninas, mas os meninos também curtiam (por mais que não admitissem), especialmente porque era divertido, engraçado. Além disso, a família toda ia ao cinema junta nessa época, e levava juntos os amigos cujos pais trabalhavam e não tinham tempo de ir junto.
É difícil encontrar algum brasileiro com aproximadamente 30 anos que não saiba pelo menos cantarolar o refrão da música título do filme. E quase todos os meninos tiveram um crush ou pela própria Xuxa ou por suas Paquitas (ou mesmo pela Duda Little <3).
Vale menção também outros filmes da Xuxa dessa época, como Super Xuxa Contra Baixo Astral (ainda tenho trauma por conta do vilão cortando o próprio dedo ao tentar cortar o rabo do cãozinho Xuxo), os mais recentes Xuxa e os Duendes e todos os outros que ela fez junto com os Trapalhões.
Não há como falar de filmes que marcaram a infância aqui no Brasil sem citar Os Trapalhões. O primeiro filme do grupo foi realizado em 1966 e contava apenas com a dupla Didi e Dedé. Com a formação clássica (que contava ainda com Mussum e Zacarias) foram realizados vinte e três filmes, entre 1978 e 1990. Mais de cento e vinte milhões de pessoas já assistiram a filmes d’Os Trapalhões, sendo que sete filmes estão na lista dos dez mais vistos na história do cinema brasileiro. São eles:
- 4.º lugar – O Trapalhão nas Minas do Rei Salomão de 1977, com 5,8 milhões de espectadores
- 5.º lugar – Os Saltimbancos Trapalhões de 1981, com 5 milhões
- 6.º lugar – Os Trapalhões na Guerra dos Planetas de 1978, com 5 milhões
- 7.º lugar – O Cinderelo Trapalhão de 1979, com 4,7 milhões
- 8.º lugar – Os Trapalhões na Serra Pelada de 1982, com 4,7 milhões
- 9.º lugar – O Casamento dos Trapalhões de 1988, com 4,5 milhões
- 10.º lugar – Os Vagabundos Trapalhões de 1982, com 4,4 milhões
O escolhido para ilustrar esse texto, foi o mais citado na breve pesquisa realizada com nossos redatores e amigos. Talvez por ter sido o mais exibido, talvez por ser o mais divertido, ou até mesmo por envolver circo, um tema que sempre permeia o imaginário infantil e que é a especialidade do trapalhão mor, Didi.
Não por acaso, o filme ganhou uma espécie de remake no início de 2017 com elenco estrelado. É claro que esse remake passou praticamente despercebido, especialmente pelas crianças, por motivos que já foram citados. Mas mais do que isso, a magia dos filmes brasileiros oitentistas e noventistas se perdeu, passou. Provavelmente os filmes originais ainda causem um impacto maior nos pequenos do que os atuais. A magia ainda está lá.
Para encerrar, é importante lembrar aos pais, avós, tios e padrinhos que o cinema é mágico para as crianças. É preciso sempre estar atentos ao que está sendo lançado para esse público e fazer um esforço para levá-los ao cinema. Às vezes os filmes que eles querem assistir podem não ser exatamente o que nós queremos, mas… Não era assim quando éramos criança? Será que eles também não nos levávamos para assistir o que queríamos mesmo não sendo o que eles queriam? E será, também que eles nunca se surpreenderam? E mesmo que não tivessem gostado, se nós, crianças, tivéssemos, isso era o suficiente.
Da mesma forma, sempre que você, adulto, assistir a um filme que em teoria não é voltado para crianças, assista de novo com eles. Apresente conteúdo novo. Será muito importante para eles quando crescerem ter essa referência, aquela pessoa que o levava ao cinema e o apresentava coisas novas. Vivemos uma época incrível para consumir cultura pop. Veja quantos filmes de super heróis são lançados por ano. Não deixe, jamais, suas preferências se sobreporem às deles, pois, repito, elas também tem gosto.
Se ele curte mais o Superman e você o Batman, não tente ‘provar’ que o Morcego é melhor que o Homem de Aço. Se ele curte mais os Guardiões da Galáxia do que a Liga da Justiça, nem pense em dizer que DC é melhor que a Marvel. Ele decidirá quando crescer. Ou não! Ele pode curtir ambos da mesma forma, por igual. E por fim, se ele ainda não curte filme de heróis e prefere animações da Pixar, ou D.P.A., ou My Little Pony, paciência. Cabe a você apresentar possibilidades, mas é a criança que decide. Ela tem o próprio gosto. Não se chateie. Até porque isso pode mudar conforme o tempo. Só nunca deixe de alimentar esses sonhos. Você certamente gostaria de ter alguém que fizesse o mesmo por você.