Crítica | Star Wars: A Ascensão Skywalker

Desde o nascimento da franquia, Star Wars ficou conhecida por inovar. Com sua mentalidade avant-garde, os filmes sempre buscaram surpreender o público com conceitos inovadores, mundos desconhecidos e reviravoltas inesperadas.

Agora, a franquia fecha a sua saga principal com Star Wars: A Ascensão Skywalker deixando um gosto tanto amargo na falta de inovação, mas também na covardia de dar seguimento à ousadia de filmes anteriores.

Segue o baile dos Eewoks

Dando sequência ao Episódio VIII, Os Últimos Jedi, o longa traz uma Resistência precária, lutando para sobreviver à falta de aliado, de recursos e aos diversos conflitos internos entre seus líderes.

Em meio a isso, a Primeira Ordem tenta se fortalecer e eliminar uma ameaça que surgiu de repente.

Os Mortos Falam

Não é novidade que Star Wars: Os Últimos Jedi decepcionou muitas pessoas. Por ser um filme ousado que não teve medo de tocar no que é “sagrado”, muitos sentiram-se desconfortáveis em ver uma desconstrução da franquia e de seus personagens, ainda que feita de maneira extremamente competente, tocante e embasada. O filme teve coragem de fazer o que Star Wars sempre fez em seus filmes originais, inovar.

Em Ascensão Skywalker, J.J. Abrams deixa claro que a intenção do filme é colocar panos quentes e tentar reconquistar a fatia do público que se afastou por conta dos eventos do filme anterior não serem parte de seu imaginário, o que resulta em um filme apelativo, sem carisma e repleto de fan-services que em nada atendem à narrativa.

Voltando atrás

É notório como o filme foi feito com o intuito de atacar os pontos de reclamação de seu antecessor e não de consertar eventuais falhas. Isso fica evidente na praticamente inexistente participação de Rose Tico (Kelly Marie Tran) que pode passar despercebida facilmente no longa.

Outras questões que para alguns fãs foram controversas também tiveram seus panos quentes, o que não só mostra um descarrilhamento na direção da franquia como também aponta a covardia da Disney em reafirmar a ousadia que sempre foi marca da franquia.

Montanha Russa

A ação no filme segue bem representada. Com diversos momentos mais agitados, o filme continua um deleite para os fãs das batalhas espaciais e aventura que Star Wars sempre trouxe. Focando no trio Rey, Finn e Poe, o filme tenta enxugar seus arcos e ser mais direto, o que o torna um filme mais simples.

Mostrando novos mundos, com faunas e floras diferentes, o filme diverte ao mostrar a luta pelo trio em busca de diversos elementos que tocam à franquia, ainda que levem a um desfecho decepcionante.

Nostalgia

Como dito anteriormente, o filme tenta apelar bastante para a nostalgia, o que traz a dúvida se é uma tentativa de reconquistar o público ou algo para despertar o nosso sentimento em meio à despedida da saga Skywalker.

Personagens retornam, alguns espelhamentos são feitos e o fan-service está espalhado por todo filme e nem sempre de uma maneira positiva. O filme tenta lutar contra memes ao mesmo tempo em que tenta despertar no público uma saudade do que já se foi (ou está indo). No entanto, nada disso soa sincero e o filme soa como um apelo plástico a algo que gostamos. Em muitos momentos parecem lembram as lembrancinhas de algumas redes de fast food que se aproveitam das marcas.

O apelo é tão notório que em diversos momentos é possível sentir o conflito de sensações ao discordar de alguns rumos mal direcionados da franquia e no minuto seguinte se ver sorrindo por algum easter-egg ou aparição surpresa.

Repetição

Star Wars: A Ascenção Skywalker é um filme que tem medo de inovar e que usa constantemente subterfúgios conhecidos da franquia para manter-se seguro. Isso resulta em um filme que não traz nada de realmente novo e que soa puramente plástico, sem o tom emocional que os fãs de Star Wars esperam.

Não é mais tão fácil ver filmes como O Império Contra-Ataca como algo inovador e divisor de águas depois de tantas décadas. Mas é exatamente o que ele foi ao ter a coragem de trazer uma reviravolta que ninguém esperava. Star Wars sempre teve sucesso quando inovava. Uma Nova Esperança nos apresentou a um universo novo em um tempo onde filmes sobre o espaço não eram um sucesso certo, Império teve a audácia de revelar que o herói era filho do maior vilão de todos tempos, e por aí vai.

A nova trilogia parecia que seguiria o caminho da clássica, trazendo representatividade, subvertendo elementos clássicos e mostrando que nem tudo precisa estar dentro de moldes.

Star Wars sempre foi sinônimo de coragem. Então é triste ver o desfecho dessa saga vir no formato de um filme que tenta de todas as formas agradar, repetindo o que já foi feito anteriormente sem entregar algo novo, e nunca provocar o seu público com medo de mais uma reação negativa.

Algumas coisas nunca mudam

A computação gráfica, continua algo digno da ILM (Industrial Light & Magic), com excessão de alguns momentos em que tenta trazer de volta algumas feições familiares.

Apesar dos pesares, a produção como um todo continua primorosa e entrega um filme visualmente incrível, algo que Star Wars nunca falhou em trazer.

Conclusão

Tentando voltar atrás do que foi feito anteriormente, Star Wars: A Ascenção Skywalker traz um filme covarde que emociona pouco e tenta encaixar uma franquia que inovou no cinema em um molde padrão para agradar um público que não sabe o que quer.

Ao menos uma coisa de Os Últimos Jedi se manteve verdadeira, quando Luke Skywalker disse que “Isso não vai terminar do jeito que você imagina”, ele estava muito certo e não de forma positiva.

Star Wars: A Ascenção Skywalker está em cartaz nos cinemas.

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