Crítica | Eu Nunca – 1ª Temporada (Netflix)
O desabrochar da personalidade e de novos relacionamentos nunca foi tão divertido. Criada por Mindy Kaling (The Office, Oito Mulheres e Um Segredo), a série Eu Nunca… ingressa o catálogo da Netflix prometendo conquistar jovens e adultos. Em meio ao caos da ansiedade e confusão adolescente, a produção ainda engloba inúmeras questões sociais e o choque entre duas culturas da maneira mais dinâmica possível.
Devi (Maitreye Ramakrishnan) é filha de pais indianos que foram morar nos Estados Unidos no início do novo século. Embora a cultura da família tenha se mantido firme, a criação em outro continente influenciou nos gostos da menina. Anos depois, para superar um trauma recente, Devi se agarra aos desejos de muitos adolescentes: ser conhecida entre os colegas e namorar o garoto mais bonito da escola.
Não apenas se relacionar com o famoso Paxton (Darren Barnet), mas perder sua virgindade com ele. Esse desejo, diferente de outras tramas, não vem de uma comparação com outras garotas de sua idade, mas uma vontade real dentro da personagem; apesar, para o telespectador, seja como se, ao dar um passo tão grande em sua vida, Devi fique cada vez mais longe dos problemas do passado.
Ao falar sobre sexo com naturalidade, a série busca tirar a carga intrínseca do tabu, trazendo relevância e importância para que a própria sociedade se questione. Seguindo o mesmo padrão de ingenuidade, vemos como decisões precipitadas, movidas por ansiedade e dúvida, colocam o jovem diante de situações constrangedoras ao passo que ameaça balançar suas conquistas até então.
A trama tem um foco muito grande na personagem principal, fardo que a atriz carregou satisfatoriamente. Ainda assim, as subtramas ajudam a criar pequenos conflitos para tornar a história cada vez mais real. Fabiola (Lee Rodriguez) é uma garota apaixonada por mecânica, vinda de uma família tradicional e que segue os padrões esperados. A descoberta da sexualidade a deixa silenciosa, temendo como os pais a tratarão, assim como os colegas ao redor.
Já Eleanor (Ramona Young) é a típica amiga que se preocupa muito com os outros, mesmo que isso a faça esconder detalhes da própria vida. Gradativamente, enquanto investe em seu desejo de ser atriz, como a mãe, ela vai se revelando ser uma personagem bastante interessante e sua presença dentro da série influencia no amadurecimento da própria Devi.
Ben (Jaren Lawison) faz parte da história de Devi desde o princípio, quando se tornaram rivais dentro da escola, a típica rixa sobre quem é mais inteligente ou promissor. A competição saudável segue por praticamente todos os episódios, criando dinâmica e diversão incomum; simultaneamente, os dois adolescente acabam enxergando um no outro verdades que poderiam passar despercebidas se os acasos não acontecessem.
Devi sofre altos e baixos, tem problemas familiares como a maioria, e tenta ignorar seus problemas enquanto cria cenas hilárias no escritório de sua psicóloga. Como qualquer jovem em fase de descobrimento, seus pequenos ou grandes problemas parecerão únicos e prioritários até que o amadurecimento a fará tomar decisões mais racionais e responsáveis.
Eu Nunca… conquistou o público por sua leveza e diversidade, com certeza é uma produção atemporal, perfeita para qualquer momento. Devi ainda promete arrancar muitas risadas com suas escolhas ruins e as novidades que o final dessa primeira temporada deixou no ar.