Crítica | Era Uma Vez Em… Hollywood (Sem Spoilers)

Poucos diretores expõem a sua paixão pelo cinema em suas obras como Quentin Tarantino. Famoso por filmes como Bastardos Inglórios, Django Livre, Pulp Fiction e tantos outros, o diretor nunca escondeu beber das fontes do cinema clássico para compor as suas obras. Alguns o chamam de “copião”, mas vendo o seu portfólio, não dá para negar que o diretor criou uma identidade própria.

Agora, depois de uma sequência de dois Westerns, o diretor chega ao seu décimo filme, Era Uma Vez Em… Hollywood, estrelado por Leonardo DiCaprio, Brad Pitt e Margot Robbie.

Bye Bye Old West

Deixando a sua fase western para trás, Tarantino demonstra o amor que cultiva pelo gênero também em Era uma Vez em Hollywood, referenciando filmes clássicos além de retratar os bastidores dos anos gloriosos do gênero em Hollywood.

Acompanhando o ator Rick Dalton (DiCaprio) e seu dublê Cliff Booth (Pitt), visitamos os sets de filmagens em um dos períodos mais benquistos da história do cinema, o final da década de 60.

Burt Reynolds e Hal Needham

Os personagens possuem uma forte amizade, referência à relação entre o ator Burt Reynolds e seu dublê Hal Needham.

Golden years

A ambientação do longa está impecável. Com diversos detalhes, incluindo transmissões da época que conectam núcleos e personagens. Toda a caracterização dos personagens, combinam muito bem com o estilo de filmagem adotado por Tarantino neste longa, que apesar de trazer menos exageros ainda imprime sua marca.

O longa introduz personagens fictícios bem como personagens que realmente existiram como é o caso da atriz Sharon Tate, interpretada por Margot Robbie. Assim, esse longa se assemelha bastante com Bastardos Inglórios ao misturar elementos históricos com ficção.

Era uma vez no cinema

Toda a narrativa do longa é feita de maneira compassada e tranquila, de modo que alguns mais impacientes podem se perguntar os caminhos que a história pretende seguir. Tomando o seu tempo para tocar diálogos, sempre incríveis diga-se, o filme entrega a sua narrativa de forma ampla, coesa, enigmática e recheada de metalinguagem.

Quem conhece o destino dos personagens reais da história consegue notar o roteiro se desenhando, enquanto que aqueles que desconhecem o contexto podem acabar ficando um tanto perdidos.

City of Stars

Não chega a ser surpresa, haja vista a qualidade do elenco, mas Once Upon a Time in Hollywood conta com atuações brilhantes, especialmente por Leonardo DiCaprio. Em um filme que fala muito sobre atuar, os protagonistas dão exemplo.

Brad Pitt, como Cliff Booth, traz um personagem ao mesmo tempo carismático e ameaçador que ganha o público muito rapidamente, enquanto Margot Robbie homenageia Sharon Tate de forma tocante.

Legado Tarantino

Em seu décimo filme, além de celebrar o cinema, Tarantino não perde a oportunidade de celebrar também a sua obra trazendo elementos que remetem aos seus filmes anteriores. É muito fácil lembrar de Bastardos Inglórios, Kill Bill, Django Livre, Os Oito Odiados e tantos outros enquanto assiste ao longe.

Contudo, nada disso é feito de forma a macular o filme, ele ainda é um produto independente com seu valor próprio que mostra novas facetas do diretor.

Outro ponto famoso do ator, mas que pode não ser dos mais bem vistos, é a sua fissura por pés que mais uma vez se faz presente e sem economias.

Conclusão

Com personagens fascinantes, uma história envolvente e atuações de primeira, Tarantino entrega mais uma obra incrível e com a sua marca, ainda que contida.

Intercalando humor, diálogos muito bem trabalhados e violência, a fórmula Tarantino amadurece e nos leva a novos lugares. Resta agora torcer que o diretor cumpra a sua promessa de retornar para mais dois filmes e que não faça deste o seu último.

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