Crítica | Castlevania da Netflix (Com Spoilers)

OBS: O texto a seguir contém spoilers!

A Konami lançou a franquia Castlevania em 1986. Os primeiros jogos de plataforma da série eram protagonizados pela família Belmont, um clã que caçava monstros e demônios. A série se tornou extremamente popular graças ao jogo Castlevania III: Dracula’s Curse (Maldição de Dracula) lançado em 1989.

Atualmente, a franquia estava esquecida. A Konami parecia estar focada em PES e em jogos mobile, além disso, os talentos responsáveis pelos jogos recentes já não trabalham mais na Konami. E assim de repente, a Netflix anunciou uma série animada da franquia, surpreendendo os fãs e deixando todos empolgados pelo material. A série é dirigida por Adi Shankar e escrita pelo veterano Warren Ellis (roteirista de Dead Space 1).

A primeira temporada, disponibilizada no dia 07 de Julho na Netflix, é inspirada no jogo Dracula’s Curse. Com 4 episódios de 20 minutos cada, a primeira temporada acaba parecendo mais um filme dividido em 4 atos do que uma série em si.

No primeiro momento da série somos apresentados à motivação de Dracula e a razão do seu ódio pela humanidade. É nesse momento que a série adquire um certo valor histórico, já que apresenta os horrores praticados pela Igreja Católica durante a Idade Média. A série faz uma crítica clara aos métodos brutais da Igreja que acusavam mulheres com conhecimentos medicinais de bruxaria e as queimavam vivas em fogueiras.

Drácula (Vlad Țepeş) está bem fiel aos jogos da série, e sua caracterização deve agradar aos fãs. Como o background da série é religioso, o personagem muitas vezes é retratado como a encarnação de Satã na Terra.

Após a morte de sua amada Lisa, Vlad é consumido pelo ódio e se prepara para a guerra. Como a primeira temporada foi demasiadamente curta, a relação de Vlad com Lisa foi construída de maneira superficial. Não é dado tempo ao telespectador para se importar com a personagem.

Um ano após Vlad avisar aos habitantes de Wallachia sobre a vindoura guerra, seu exército invade o país e a humanidade começa a ser massacrada. As cenas de ação da série ficaram bastante violentas e com uma grande quantidade de gore, o que deve agradar aos fãs da franquia. Apesar de se inspirar bastante nos games da série, a mitologia “oficial” de Dracula também é levada em conta e podemos ver os famosos empalamentos praticados pelo vilão.

Após conhecermos a motivação de Dracula, somos apresentados ao protagonista da série, Trevor Belmont, o último filho da família Belmont. Trevor é introduzido de forma clássica em produções ambientadas na Idade Média – em uma briga de taverna. Nessa cena os fãs conhecem um pouco da história da família Belmont e a opinião da população sobre os lendários caçadores.

Depois de conhecermos Trevor e o background da família Belmont, somos levados a Gresit, a principal ambientação da série. Com os frequentes ataques dos demônios, a cidade está caindo aos pedaços, com milhares de mortos. É nessa contextualização que nos deparamos com outro conflito religioso da série protagonizado pela Igreja e pelos Oradores, uma tribo de nomades com conhecimentos mágicos. A Igreja culpa os Oradores pelos ataques de Dracula, tudo numa tentativa de enganar a população e esconder o verdadeiro culpado: a própria Igreja.

Os Oradores falam sobre a lenda do Soldado Adormecido, um guerreiro lendário que está destinado à deter Drácula. É através dessa lenda que conhecemos outro personagem fundamental para a trama: Sypha Belnades, uma Oradora com grandes poderes mágicos.

A etapa final da primeira temporada funciona como uma conclusão para diversas histórias secundárias da trama. O bispo responsável pela morte de Lisa recebe sua punição, a população conhece os verdadeiros culpados e a temporada se encerra com chave de ouro, a aparição do Soldado Adormecido. O Soldado por fim revela o seu nome: Adrian Țepeş, ou como é popularmente conhecido, Alucard, o filho de Vlad.

A série animada da Netflix deve agradar a todos os fãs da franquia Castlevania, porém, está longe de ser perfeita. Os efeitos visuais poderiam ser melhores, e por ser uma série curta, a trama muitas vezes sofre com sua superficialidade. A série pode até agradar as pessoas que não conhecem os jogos, mas será uma tarefa extremamente difícil.

Como um fã da franquia, fico feliz pelo retorno e pela produção da série, porém, ao mesmo tempo fico decepcionado pela história e a duração da mesma.

Compartilhe isso: