Crítica | Capitã Marvel

O Universo Cinematográfico Marvel, sem dúvidas, é uma das iniciativas mais bem sucedidas do cinema nos últimos anos. Com diversos filmes de sucesso compondo um universo maior, a franquia Marvel tornou-se um dos projetos com maior retorno financeiro na história do cinema.

Contudo, apesar de contar com aproximadamente 20 filmes, a Marvel Studios ainda não havia lançado um longa de super-herói com uma protagonista feminina. Esta estreia ficou por conta da DC (Warner) com o muito bem sucedido Mulher-Maravilha.

Agora, a Marvel Studios segue o fluxo com Capitã Marvel, longa que tem o objetivo de apresentar a personagem que exercerá um papel de destaque em Vingadores: Ultimato, filme que fechará esta primeira era do Universo Cinematográfico Marvel.

Estrada da Memória

Capitã Marvel tenta se diferenciar dos demais filmes de origens do universo cinematográfico marvel contando a história de maneira menos convencional. Usando de artifícios para “flashbacks” vamos conhecendo a personagem que já surge nas telas relativamente estabelecida.

Este formato ajuda na trama ao criar um senso de mistério que vai sendo solucionado à medida que o filme se desenrola. Contudo, as reviravoltas se tornam previsíveis muito antes do que deveriam.

De todo modo, é interessante ver a Fórmula Marvel tentar se diversificar e explorar novas maneiras de se contar uma história.

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Back to the 90’s

Com sua história ambientada nos anos 90, Capitã Marvel tenta se aproveitar da nostalgia e do charme da década, usando de canções icônicas e alguns objetos que marcaram época. Contudo, diferente de Guardiões da Galáxia cujas inserções atendem muito bem ao roteiro, o filme está repleto de referências e canções que em nada ornam ao longa, soando apenas uma tentativa gratuita de gerar conexão com o público.

A tentativa de capitalizar nesta forte onda da nostalgia é clara, no entanto o filme falha em captar a essência desta década tão queria, entregando uma ambientação genérica que serve apenas para lembrar que a personagem já estava presente neste universo antes de muitos outros filmes já lançados.

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A Capitã

A atuação de Brie Larson, premiada atriz, como Capitã Marvel é outro ponto fraco no filme. Com filmes incríveis em seu currículo, como O Quarto de Jack, o potencial da atriz é conhecido e era aguardada uma atuação que no mínimo entregasse emoções de acordo com as cenas. Contudo, temos uma personagem completamente blasé que parece mais estar lendo linhas de diálogos do que alguém realmente vivendo aquela experiência.

Obviamente, a personagem não tem o mesmo carisma de personagens como Tony Stark e isso sequer era esperado da personagem. Capitã Marvel é sim alguém mais sério, com um histórico e personalidade distintos. Dito isso, ressalto que o problema está na atuação e não em como o personagem foi escrito.

Camadas e subtextos

Como não poderia deixar de ser, Capitã Marvel também traz um subtexto com mensagens de empoderamento e este é um dos pontos onde o filme mais acerta. De maneira sensível e impactante, o filme toca em temas sensíveis e passa mensagens de encorajamento sem se desviar da trama e apresentando camadas que fomentem reflexões mesmo após os créditos.

Aparentemente, o filme tenta economizar com momentos como este, talvez na tentativa de que o público reaja negativamente à mensagem. No entanto, a mensagem seria ainda mais forte se alguns pontos tivessem sido melhor explorados.

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Expandindo o Universo

Outro ponto positivo do longa é a forma como ele traz elementos novos e aguardados para este universo, como é o caso dos Skrulls. Apesar de serem parte importante da trama, eles agradam mais pelo que podem representar no futuro do que pelo resultado da participação neste filme, que é meramente satisfatória.

No entanto a introdução da raça pode levar a arcos mais interessantes no futuro da franquia, como uma adaptação do aclamado Invasões Secretas.

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Respondendo perguntas que ninguém fez

Apesar de prometer desempenhar um papel importante em Vingadores: Ultimato, a Capitã Marvel não era inexistente no universo e portanto irrelevante. Por conta disso, o longa tem como objetivo inserir a heroína no contexto e apresentar toda a a sua importância.

Nesta tentativa, o filme busca trazer algumas respostas em relação ao universo como um todo que não só são irrelevantes para o desenrolar da trama, como são absolutamente decepcionantes.

Assim como Han Solo: Uma Aventura Star Wars trouxe diversas respostas ridículas para problemas que ninguém perguntou, Capitã Marvel traz explicações para elementos que ninguém se perguntava a origem.

Elenco

Apesar da atuação de Brie Larson, o elenco traz algumas atuações dignas de nota, como é o caso de Samuel L. Jackson que retorna para o papel de Nick Fury. O ator entrega uma versão mais jovem e mais alegre do personagem, mostrando que ainda há uma longa estrada entre este Nick Fury e o que conhecemos no início da franquia.

Annette Bening também exerce o seu papel de maneira extremamente competente com a sua misteriosa personagem, enquanto Jude Law traz uma atuação sem sal.

Conclusão

Com direção de Anna Boden, Capitã Marvel é um filme que diverte e traz uma mensagem importante. Contudo existem problemas na atuação da protagonista e na tentativa de forçar a sua importância dentro de um universo de mais dez anos em que nunca fora citada.

Como diz o dito popular, Capitã Marvel tenta “pegar o bonde andando e sentar na janela”.

“Não vou dizer que foi ruim, também não foi tão bom assim”

Capitã Marvel está em cartaz nos cinemas.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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