Jogador Nº 1 | Livro x Filme

Alertamos que a partir daqui existem alguns pequenos spoilers, tanto do livro quanto do filme.

Jogador Nº 1, livro escrito por Ernest Cline, acaba de ganhar a sua adaptação cinematográfica. E, como já é de se esperar, o filme toma algumas liberdades e altera bastante coisa na história do livro. A história ainda segue fiel, no entanto diversos desafios, passagens e referências foram alteradas na versão cinematográfica.

Com tantas diferenças entre as duas obras, decidimos falar um pouco sobre as diferenças presentes nas duas obras.

Desafios diferentes

Para aqueles que leram o livro, a busca pelo tesouro pode parecer um pouco resumida demais. Quem leu o livro sabe que além das 3 chaves na “Caçada de Halliday”, existem 3 portões correspondentes que contam com desafios próprios. No filme, os portões foram cortados, resumindo-se apenas a três chaves. Apesar de compreensível, já que a trama precisa caber dentro de um filme de 2 horas, alguns leitores podem se ver frustrados.

Nos livros os desafios contemplam diferentes áreas da cultura pop. Há um momento para os filmes, outro para os jogos, música e RPG. No filme, sentimos que alguns destes foram deixados de lado, especialmente o RPG e a música. A Tumba dos Horrores, que era um momento bem interessante e que homenageia os RPGs e Dungeon Crawlers, além de ser o primeiro encontro entre Art3mis e Parzival fez bastante falta.

Direitos autorais eram um verdadeiro obstáculo para o projeto. Deste modo, muitos desafios apresentados nos livros foram alterados. Contudo, alguns destes mudaram para melhor e renderam momentos absolutamente maravilhosos para o filme. O desafio que aborda o filme O Iluminado traz um dos melhores momentos do filme e poderia muito bem ter sido parte do livro.

Romance apressado

A relação entre Art3mis e Parzival é outro ponto que sofre algumas alterações bruscas no filme. Enquanto o livro cria um suspense durante todo seu enredo acerca da real personalidade de Art3mis e constrói um romance de maneira orgânica, o filme apressa um pouco as coisas, incluíndo o o encontro dos dois no mundo real. Tudo é muito rápido e por conta disso nem sempre parece natural.

Espaço temporal e planos mirabolantes

Ao longo da trama apresentada no livro, muito tempo se passa entre os desafios. Com desafios mais intrincados, os caça-ovos (gunthers) levam mais tempo para resolvê-los. Neste meio tempo Wade consegue um apartamento novo e extremamente seguro, engorda e emagrece e consegue uma grande fortuna com patrocínios.

Já na parte onde Art3mis acaba como prisioneira por dívidas da IOI no livro é um pouco diferente. Em um plano mirabolante, Wade cria um débito em sua conta para se infiltrar na empresa e poder roubar as informações para sabotar o bloqueio ao castelo de Anorak.

Vilão

Outro ponto onde o filme consegue superar o livro é com o vilão Nolan Sorrento. O personagem interpretado por Ben Mendelsohn consegue trazer muito bem o ar dos vilões oitentistas somado a um senso de sadismo que é mais comumente visto nos vilões atuais. No livro, Sorrento é apenas um vilão genérico que por muitas vezes parece caricato demais.

Robôs Gigantes

Uma passagem bem interessante do livro é que após passarem pela segunda porta, cada jogador ganha um robô gigante. Na foto acima, pode-se ver os robôs escolhidos por cada personagem. Contudo, a presença do Ultraman, sob o nome de parzival indica denota outro momento interessante.

Durante a busca pelo segredo de Halliday, Parzival, Shoto e Daito fazem uma quest cujo prêmio é a capsula Beta, a qual o portador pode se transformar no Ultraman por 3 minutos. Após a quest, Parzival decide que a dupla de japoneses deveriam ficar com a capsula.

Em outro momento que não está presente no filme, Daito é assassinado e deixa em um testamento virtual que a capsula deveria ser entregue para Parzival. Assim, Wade usa a forma de Ultraman para derrotar o Godzilla escolhido por Sorento.

Revelação de Aech

Um dos grandes plot twists do livro é a revelação de Aech no fim do livro. A descoberta faz com que você repense sobre muitas coisas dentro e fora do livro. No filme, a revelação acontece, no entanto em um momento tão conturbado que sequer é dado o tempo de se explorar a virada e incutir a reflexão.

Ambos maravilhosos

No geral, Jogador Nº 1 é um filme bem adaptado. Ainda com todas as concessões e liberdades que o filme toma, o espírito presente nos livros está ali e a aventura é extremamente agradável. Ainda que os fãs mais ardorosos do livro torçam o nariz em alguns momentos, é de se esperar que todos saiam bem satisfeitos.

Dica para os olhos mais atentos: Diversas referências do livro que ficaram de fora do filme estão presentes nos pôsters do quarto de James Halliday. Fique de olho!

Jogador Nº 1 estreia no dia 29 de Março. Confira nossa crítica sem spoilers.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

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