Game of Thrones S07e06 | Sete Homens e um Dracarys

Aviso: Contém spoilers dos episódios já exibidos.

Em uma série com tantos núcleos, locações e personagens como Game of Thrones, é sempre fascinante quando alguns personagens distantes se encontram (ou reencontram), uma vez que em determinado momento isso pode parecer improvável. E assim temos o início do sexto, e penúltimo, episódio desta sétima temporada, com um improvável esquadrão vagando pelo norte da Muralha em busca de uma amostra dos Caminhantes Brancos.

A questionabilidade deste plano e seus motivos já foram contestados em nosso último texto, já que antes mesmo que fosse apresentado uma amostra das criaturas Cersei parecia interessada no armistício. De todo modo, ele está em execução e Jon, Thoros, Gendry, o Cão, Tormund, Beric e Jorah foram para o norte da muralha em busca de prova da existência dos Caminhantes Brancos.

Com uma reunião tão improvável, o episódio tenta ao máximo dar atenção às interações entre estes personagens cujas origens são tão diferentes. O diálogo entre Jon e Jorah, que de certo  modo era esperado desde o momento em que o Lorde Comandante Jeor Mormont lhe entrega a Garralonga, é um exemplo de como as coisas estão se fechando em Game of Thrones. Ao recusar a espada de seu pai e afirmar que perdera o direito de tê-la, Jorah pede Jon faça bom uso dela e que passe para os seus filhos. Já o reencontro de Gendry com a irmandade foi a oportunidade perfeita para solucionar o conflito criado entre ambos ao ser vendido para Melisandre.

Outro ponto alto destes diálogos, foi uma conversa entre Jon e Tormund sobre Daenerys. Ao contar que Dany só os ajudaria  caso Jon se ajoelhasse, Tormund menciona Mance Rayder e a relutância dos selvagens em se ajoelhar. Afirmando que Mance era um homem orgulhoso e que muitos morreram por conta de seu orgulho, Tormund mostra os mesmos argumentos usados por Jon quando pedia que o Rei para lá da Muralha se ajoelhasse perante Stannis.

Enquanto o grupo segue sua jornada ao norte da Muralha, a tensão entre as irmãs Stark em Winterfell segue crescendo. Após um dos momentos mais tocantes da temporada, com Arya relembrando o pai e como ele a compreendia, a jovem confronta sua irmã sobre a carta deixada por Mindinho. Arya passa a demonstrar sua repulsa em relação à sua irmã, que de um dia para o outro pareceu ter caído nas conversas de Mindinho e recorrido a ele em busca de conselhos e ajuda.

As motivações de Arya parecem sólidas, já que a garota desconhecia a existência daquela carta e se tornara muito dura para tentar entender as motivações de Sansa naquela época (ainda que questionáveis). Contudo, Sansa, que sempre afirmou que “só um estúpido confiaria em Mindinho”, recorrer a Petyr tão prontamente soa um pouco forçado. Não seria impossível, mas talvez se a situação fosse construída com mais tempo, poderia ter sido mais crível.

Voltando ao norte da Muralha, o “dream team” finalmente consegue encontrar um pequeno grupo que convenientemente se separou da manada, o que serve de estopim para o grande conflito do episódio. Ao capturar o wight, gritos da criatura chamam pelo resto do grupo, o que leva Jon enviar Gendry para pedir a juda a Daenerys.

Todo o conflito com os Walkers é interessante, desde a sua construção ao seu desfecho. A ideia do grupo cercado em uma ilhota no mar congelado cria uma tensão instigante. Depois de tantas temporadas com poucos confrontos contra os Caminhantes,  a construção de um conflito maior é sempre uma grata recompensa para os fãs.

Um dos pontos negativos foi a forma como a morte de Thoros de Myr aconteceu. Apesar de crível, o resgate do personagem não apresenta nenhuma razão para ter existido. Em uma temporada em que a série tem economizado personagens, perde-se uma oportunidade de fazer uma morte marcante.

Apesar da suposta “inconsistência” da velocidade com que as coisas aconteceram (Temos de abrir mão desses preciosismos) entre Gendry voltar para a Muralha, enviar um corvo para Daenerys, a Rainha receber e partir para o norte da Muralha, foi um dos marcos da série ver os dragões salvando o grupo do ataque massivo dos White Walkers. Depois do belo confronto do quarto episódio, fomos agraciados com mais uma batalha incrível onde os dragões foram usados.

(Obs. outra inconsistência é que o castelo de Atalaialeste tenha um Meistre, já que o único meistre da Patrulha da Noite era o falecido Aemon. Com a morte do velho meistre, Sam fora mandado à Cidadela para se tornar seu substituto. Ademais, o castelo agora é ocupado pelos selvagens, que não possuem meistres. Ponto insignificante, contudo não deixa de ser um furo.)

Surgindo com uma “versão inverno” de seu look padrão da temporada, Daenerys segue para o norte da Muralha para ajudar Jon e seus companheiros no conflito em que se meteram.

A ajuda, no entanto, teve um alto custo para Daenerys que perdeu um de seus dragões em um ataque duvidoso do Rei da Noite. Enquanto o maior dragão, montado por Dany, estava parado logo em frente ao líder dos caminhantes, este opta por atirar sua lança no menor e mais distante dos dragões, quase que por ordem do roteiro. De todo modo, a lança acertou Viseryon, o que rendeu uma bela e dolorosa cena.

Interessante notar como a temporada mais corrida está entregando alguns dos momentos mais aguardados da série, e estes acabam por ser prejudicados por todo o senso de urgência. O encontro entre Jon e Benjen, aguardado desde a primeira temporada, acabou por durar apenas alguns segundos. O que , neste caso, não é algo necessariamente ruim, já que resolve uma questão além de funcionar para o seguimento da história.

Após o conflito temos o Cão de Caça rumando para Porto Real com um exemplar dos Wights (Teremos Cleganebowl!?), Jon e Daenerys retornando para Pedra do Dragão e mais uma vez deixando claro o romance que vem sendo construído entre os dois. O episódio ajuda a cravar a atração que Daenerys passa a sentir por Jon. Em um primeiro momento, ao ser questionada por Tyrion, Dany afirma que Jon é pequeno demais para ela, talvez não se referindo à sua altura, mas sim à sua postura ou até mesmo a sua força (basta lembrar da valentia de seus romances passados). Contudo, ao ver o Rei do Norte se abnegando para que os outros fugissem enquanto ele ficaria para morrer, a Rainha passa a notar o verdadeiro tamanho de Jon Snow.

Com um episódio extremamente marcante, recheado de ação, de conclusões e de fanservices, o penúltimo episódio pavimenta o caminho para a conclusão da penúltima temporada da série. Apesar dos pontos negativos, este é sem dúvidas um dos melhores episódios da temporada com alguns dos melhores momentos de toda a série. A ameaça dos Caminhantes Brancos fica ainda maior com um dragão do lado deles (que pode não ser necessariamente de gelo), enquanto a aliança entre Jon e Daenerys – e o romance – ficam cada vez mais estabelecidos e mais fortes.

Game of Thrones está sendo exibida aos domingos no canal pago HBO.

Pedro Cardoso

Editor do Capacitor, apaixonado por games, filmes e literatura sci-fi/fantástica.

You may also like...

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *